Os estados de espírito, intenções e estigmas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2001 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10071/6798 |
Resumo: | Este é um exercício teórico desenvolvido no quadro de uma investigação sobre o fenómeno moderno do encarceramento. A intuição de partida é a seguinte: a) a prisão é concebida, por oposição a tortura física, como uma tortura psicológica; b) tal especificidade da tortura é moralmente mais aceitável para o nível de sensibilidade à repugnância próprio das sociedades capitalistas (cf Elias 1990), à semelhança do vulgar contrato de assalariamento: este é ideologicamente percebido pelo senso comum (enquanto ideologia dominante) como um contrato entre cidadãos formalmente iguais e livres, por oposição à escravatura e ao sistema de poder militarista que esta última pressupõe; c) a prisão é tratada pela ciência como um fenómeno psicológico, de contenção de perfis de criminosos, de estudo das formas de adaptação dos condenados ou dos preventivos às vidas de cadeia – ou como um fenómeno administrativo – forma de organização do estado e da justiça, e mais raramente como um fenómeno social; d) a prisão é entendida, mais das vezes, como constituindo uma sociedade à parte, tão exterior à sociedade normal como o estrangeiro, insusceptível de uma análise realista das suas vivências sociais ser articulada ou articulável com a vida em sociedade. |
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