Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mesquita, José Carlos Vilhena
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.1/10865
Resumo: Os portos algarvios, que contribuíram para a prosperidade económica da região, implementando a exportação dos produtos naturais e facilitando o crescimento dos sectores pesqueiro e industrial, não deram só entrada às riquezas, como também por eles passaram algumas das desgraças que mais flagelaram este velho reino. Falamos dos surtos epidémicos que, a seu modo, constituíram um dos vectores condicionantes do crescimento populacional. O assunto é recorrente, poiscom Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso pov desde os primórdios da civilização ocidental que as sociedades humanas se debatem com o flagelo do contágio epidémico, que ao atingir proporções devastadoras se denomina vulgarmente por peste. Quando o surto é episódico ou sazonal costuma designar-se como pestilência, febre contagiosa ou sezão maligna. O Algarve, devido ao seu posicionamento geográfico, com portos afáveis e seguros, era uma espécie de “porta aberta” ao tráfego africano e ao afluxo mercantil dessa milenar estrada mediterrânica. Por isso, não nos surpreendem as constantes ofensivas epidémicas que ao longo do século XIX conspurcaram esta região e atemorizaram este povo. Para regulamentar a prestação de serviços médicos e auxiliar as populações, haviam-se instituído organismos públicos como a Real Junta do Proto-Medicato, que, entre outras funções, vigiava e avaliava a competência científica dos profissionais de medicina. Posteriormente substituída pela Junta de Saúde Pública, mais vocacionada para o combate epidemiológico e para a obstrução de contágios exteriores. Em boa verdade, o Algarve, não só pela sua situação geográfica como até pelo clima, então considerado insalubre, foi sempre achacado a febres infecciosas, sazonais, virulentas, contagiosas e epidémicas. A sua proximidade com Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso povo eram também responsáveis pela falta de higiene que grassava por todo o território nacional. Temos vários exemplos e diversas reclamações. Vejamos apenas uma, que nos pareceu verdadeiramente esclarecedora sobre a realidade que então se vivia.
id RCAP_03ca1c4ede6c629dd948dd26b52e37e3
oai_identifier_str oai:sapientia.ualg.pt:10400.1/10865
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str
spelling Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIXEpidemiaLiberalismoCólera-mórbusAlgarveMedicinaséculo XIXPandemiasContágioOs portos algarvios, que contribuíram para a prosperidade económica da região, implementando a exportação dos produtos naturais e facilitando o crescimento dos sectores pesqueiro e industrial, não deram só entrada às riquezas, como também por eles passaram algumas das desgraças que mais flagelaram este velho reino. Falamos dos surtos epidémicos que, a seu modo, constituíram um dos vectores condicionantes do crescimento populacional. O assunto é recorrente, poiscom Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso pov desde os primórdios da civilização ocidental que as sociedades humanas se debatem com o flagelo do contágio epidémico, que ao atingir proporções devastadoras se denomina vulgarmente por peste. Quando o surto é episódico ou sazonal costuma designar-se como pestilência, febre contagiosa ou sezão maligna. O Algarve, devido ao seu posicionamento geográfico, com portos afáveis e seguros, era uma espécie de “porta aberta” ao tráfego africano e ao afluxo mercantil dessa milenar estrada mediterrânica. Por isso, não nos surpreendem as constantes ofensivas epidémicas que ao longo do século XIX conspurcaram esta região e atemorizaram este povo. Para regulamentar a prestação de serviços médicos e auxiliar as populações, haviam-se instituído organismos públicos como a Real Junta do Proto-Medicato, que, entre outras funções, vigiava e avaliava a competência científica dos profissionais de medicina. Posteriormente substituída pela Junta de Saúde Pública, mais vocacionada para o combate epidemiológico e para a obstrução de contágios exteriores. Em boa verdade, o Algarve, não só pela sua situação geográfica como até pelo clima, então considerado insalubre, foi sempre achacado a febres infecciosas, sazonais, virulentas, contagiosas e epidémicas. A sua proximidade com Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso povo eram também responsáveis pela falta de higiene que grassava por todo o território nacional. Temos vários exemplos e diversas reclamações. Vejamos apenas uma, que nos pareceu verdadeiramente esclarecedora sobre a realidade que então se vivia.Câmara Municipal de LouléSapientiaMesquita, José Carlos Vilhena2018-10-08T12:00:47Z2016-102016-10-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.1/10865porAUT: JME00350;info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-24T10:22:30ZPortal AgregadorONG
dc.title.none.fl_str_mv Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
title Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
spellingShingle Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
Mesquita, José Carlos Vilhena
Epidemia
Liberalismo
Cólera-mórbus
Algarve
Medicina
século XIX
Pandemias
Contágio
title_short Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
title_full Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
title_fullStr Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
title_full_unstemmed Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
title_sort Para a história da saúde no Algarve. As epidemias de cólera-mórbus no século XIX
author Mesquita, José Carlos Vilhena
author_facet Mesquita, José Carlos Vilhena
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Sapientia
dc.contributor.author.fl_str_mv Mesquita, José Carlos Vilhena
dc.subject.por.fl_str_mv Epidemia
Liberalismo
Cólera-mórbus
Algarve
Medicina
século XIX
Pandemias
Contágio
topic Epidemia
Liberalismo
Cólera-mórbus
Algarve
Medicina
século XIX
Pandemias
Contágio
description Os portos algarvios, que contribuíram para a prosperidade económica da região, implementando a exportação dos produtos naturais e facilitando o crescimento dos sectores pesqueiro e industrial, não deram só entrada às riquezas, como também por eles passaram algumas das desgraças que mais flagelaram este velho reino. Falamos dos surtos epidémicos que, a seu modo, constituíram um dos vectores condicionantes do crescimento populacional. O assunto é recorrente, poiscom Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso pov desde os primórdios da civilização ocidental que as sociedades humanas se debatem com o flagelo do contágio epidémico, que ao atingir proporções devastadoras se denomina vulgarmente por peste. Quando o surto é episódico ou sazonal costuma designar-se como pestilência, febre contagiosa ou sezão maligna. O Algarve, devido ao seu posicionamento geográfico, com portos afáveis e seguros, era uma espécie de “porta aberta” ao tráfego africano e ao afluxo mercantil dessa milenar estrada mediterrânica. Por isso, não nos surpreendem as constantes ofensivas epidémicas que ao longo do século XIX conspurcaram esta região e atemorizaram este povo. Para regulamentar a prestação de serviços médicos e auxiliar as populações, haviam-se instituído organismos públicos como a Real Junta do Proto-Medicato, que, entre outras funções, vigiava e avaliava a competência científica dos profissionais de medicina. Posteriormente substituída pela Junta de Saúde Pública, mais vocacionada para o combate epidemiológico e para a obstrução de contágios exteriores. Em boa verdade, o Algarve, não só pela sua situação geográfica como até pelo clima, então considerado insalubre, foi sempre achacado a febres infecciosas, sazonais, virulentas, contagiosas e epidémicas. A sua proximidade com Gibraltar, Norte de África e Espanha, conferiam-lhe um grau de risco difícil de comparar a outras regiões do país. Por outro lado, os costumes e mentalidades do nosso povo eram também responsáveis pela falta de higiene que grassava por todo o território nacional. Temos vários exemplos e diversas reclamações. Vejamos apenas uma, que nos pareceu verdadeiramente esclarecedora sobre a realidade que então se vivia.
publishDate 2016
dc.date.none.fl_str_mv 2016-10
2016-10-01T00:00:00Z
2018-10-08T12:00:47Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.1/10865
url http://hdl.handle.net/10400.1/10865
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv AUT: JME00350;
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Câmara Municipal de Loulé
publisher.none.fl_str_mv Câmara Municipal de Loulé
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1777303906530885632