Características clínicas e funcionais dos fenótipos da DPOC e a sua relevância na abordagem ao doente com DPOC

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Catarina Pereira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/11319
Resumo: Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma patologia complexa, com significativa heterogeneidade na apresentação clínica, progressão da doença e resposta à terapêutica entre doentes com o mesmo grau de obstrução ao fluxo de ar. Numa tentativa de abordar esta variabilidade, surgiu o termo “fenótipo”, “atributo ou conjunto de atributos que descrevem diferenças entre os doentes, tendo por base parâmetros clinicamente significativos (sintomas, exacerbações, resposta ao tratamento, taxa de progressão da doença ou mortalidade)”. As Guidelines espanholas para a doença pulmonar obstrutiva crónica surgiram em 2012 e foram as primeiras a introduzir uma abordagem por fenótipos na prática clínica, propondo a seguinte divisão: não-exacerbadores, exacerbadores com enfisema, exacerbadores com bronquite crónica e doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC. O presente estudo tem como objetivo verificar se existem diferenças clínicas e funcionais significativas entre estes 4 fenótipos, por forma a avaliar a pertinência e importância da fenotipagem na abordagem clínica e terapêutica à DPOC. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo retrospetivo de uma amostra de 95 doentes com diagnóstico estabelecido de DPOC, selecionados aleatoriamente a partir do conjunto de doentes seguidos em consulta externa de Pneumologia da Unidade Local de Saúde da Guarda. A definição dos fenótipos teve por base as guidelines espanholas para a doença pulmonar obstrutiva crónica. As diferentes variáveis foram recolhidas através da consulta do processo clínico eletrónico de cada doente. Para a análise estatística dos dados recorreu-se ao software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS), tendo-se realizado uma análise descritiva e inferencial dos resultados, aplicando os testes de Kruskal-Wallis e qui-quadrado. Resultados: Os não exacerbadores foram o fenótipo mais frequente (62.1%), seguindo-se os doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC (15.8%), exacerbadores com enfisema (11.6%) e exacerbadores com bronquite crónica (10.5%). Na comparação entre fenótipos, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no que toca à idade, sexo, carga tabágica, status tabágico e declínio da função pulmonar. Doentes não exacerbadores e com síndrome de sobreposição asmaDPOC demonstraram melhor função pulmonar e melhor capacidade de difusão do monóxido de carbono relativamente aos fenótipos exacerbadores. Exacerbadores com enfisema demonstraram um menor índice de massa corporal, maiores níveis de dispneia e maior necessidade de oxigenoterapia de longa duração. Exacerbadores com bronquite crónica obtiveram um maior índice de massa corporal e piores valores gasimétricos. Doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC revelaram ter mais exacerbações relativamente aos não-exacerbadores, mas menos em relação aos exacerbadores. A terapêutica tripla com broncodilatação dupla e corticoide inalado foi a mais usada em todos os fenótipos, exceto nos não exacerbadores onde a terapia apenas com broncodilatação dupla foi a mais frequente. Todos os indivíduos com síndrome de sobreposição asma-DPOC estavam sob corticoterapia inalada. Conclusões: De forma concordante com outros estudos, os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram diferenças clinicamente relevantes entre os 4 fenótipos analisados, diferenças estas que parecem justificar a fenotipagem para uma abordagem mais personalizada dos doentes com DPOC. Não obstante, é necessária mais investigação para avaliar o curso natural de cada fenótipo e perceber se a abordagem terapêutica baseada nestes está associada a melhores resultados clínicos.
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spelling Características clínicas e funcionais dos fenótipos da DPOC e a sua relevância na abordagem ao doente com DPOCAcosBronquite CrónicaDpocEnfisemaExacerbadorFenótiposDomínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::MedicinaIntrodução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma patologia complexa, com significativa heterogeneidade na apresentação clínica, progressão da doença e resposta à terapêutica entre doentes com o mesmo grau de obstrução ao fluxo de ar. Numa tentativa de abordar esta variabilidade, surgiu o termo “fenótipo”, “atributo ou conjunto de atributos que descrevem diferenças entre os doentes, tendo por base parâmetros clinicamente significativos (sintomas, exacerbações, resposta ao tratamento, taxa de progressão da doença ou mortalidade)”. As Guidelines espanholas para a doença pulmonar obstrutiva crónica surgiram em 2012 e foram as primeiras a introduzir uma abordagem por fenótipos na prática clínica, propondo a seguinte divisão: não-exacerbadores, exacerbadores com enfisema, exacerbadores com bronquite crónica e doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC. O presente estudo tem como objetivo verificar se existem diferenças clínicas e funcionais significativas entre estes 4 fenótipos, por forma a avaliar a pertinência e importância da fenotipagem na abordagem clínica e terapêutica à DPOC. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo retrospetivo de uma amostra de 95 doentes com diagnóstico estabelecido de DPOC, selecionados aleatoriamente a partir do conjunto de doentes seguidos em consulta externa de Pneumologia da Unidade Local de Saúde da Guarda. A definição dos fenótipos teve por base as guidelines espanholas para a doença pulmonar obstrutiva crónica. As diferentes variáveis foram recolhidas através da consulta do processo clínico eletrónico de cada doente. Para a análise estatística dos dados recorreu-se ao software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS), tendo-se realizado uma análise descritiva e inferencial dos resultados, aplicando os testes de Kruskal-Wallis e qui-quadrado. Resultados: Os não exacerbadores foram o fenótipo mais frequente (62.1%), seguindo-se os doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC (15.8%), exacerbadores com enfisema (11.6%) e exacerbadores com bronquite crónica (10.5%). Na comparação entre fenótipos, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no que toca à idade, sexo, carga tabágica, status tabágico e declínio da função pulmonar. Doentes não exacerbadores e com síndrome de sobreposição asmaDPOC demonstraram melhor função pulmonar e melhor capacidade de difusão do monóxido de carbono relativamente aos fenótipos exacerbadores. Exacerbadores com enfisema demonstraram um menor índice de massa corporal, maiores níveis de dispneia e maior necessidade de oxigenoterapia de longa duração. Exacerbadores com bronquite crónica obtiveram um maior índice de massa corporal e piores valores gasimétricos. Doentes com síndrome de sobreposição asma-DPOC revelaram ter mais exacerbações relativamente aos não-exacerbadores, mas menos em relação aos exacerbadores. A terapêutica tripla com broncodilatação dupla e corticoide inalado foi a mais usada em todos os fenótipos, exceto nos não exacerbadores onde a terapia apenas com broncodilatação dupla foi a mais frequente. Todos os indivíduos com síndrome de sobreposição asma-DPOC estavam sob corticoterapia inalada. Conclusões: De forma concordante com outros estudos, os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram diferenças clinicamente relevantes entre os 4 fenótipos analisados, diferenças estas que parecem justificar a fenotipagem para uma abordagem mais personalizada dos doentes com DPOC. Não obstante, é necessária mais investigação para avaliar o curso natural de cada fenótipo e perceber se a abordagem terapêutica baseada nestes está associada a melhores resultados clínicos.Introduction: Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is a complex disorder with significant heterogeneity regarding clinical presentation, disease progression and response to therapy among patients with the same degree of airflow obstruction. To address this variability, the term “phenotype” emerged as “a single or combination of disease attributes that describe differences between individuals with COPD as they relate to clinically meaningful outcomes (symptoms, exacerbations, response to therapy, rate of disease progression, or death)”. In 2012, the Spanish COPD Guidelines first introduced the following clinical phenotypes: non-exacerbator, exacerbator with emphysema, exacerbator with chronic bronchitis, and asthma-COPD overlap syndrome (ACOS). The present study aims to verify the existence of clinical and functional differences between the 4 phenotypes to subsequently assess the relevance of phenotyping in the clinical and therapeutic approach to COPD. Materials and methods: In this retrospective study, 95 patients with an established diagnosis of COPD were randomly selected among those followed in the Pulmonology outpatient clinic/consultation of Unidade Local de Saúde da Guarda. Phenotypes’ definition was based on the Spanish COPD Guidelines. Clinical variables were obtained using electronic health records. Statistical analysis of the data was performed using the Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS) software, with a descriptive and inferential analysis of the results. The latter was performed using the Kruskal-Wallis and chi-square tests. Results: Non-exacerbators were the most frequent phenotype (62.1%), followed by patients with asthma-COPD overlap syndrome (15.8%), exacerbators with emphysema (11.6%), and exacerbators with chronic bronchitis (10.5%). When comparing phenotypes, no statistically significant differences were found in terms of age, sex, smoking load, smoking status, and lung function decline. Non-exacerbators and patients with asthma-COPD overlap syndrome demonstrated better lung function and better carbon monoxide diffusing capacity compared to the exacerbator phenotype. Exacerbators with emphysema demonstrated a lower body mass index, higher levels of dyspnoea and a greater need for long-term oxygen therapy. Exacerbators with chronic bronchitis had a higher body mass index and worse arterial blood gas values. Patients with asthma-COPD overlap syndrome were found to have more exacerbations than non-exacerbators, but less than exacerbators. Triple therapy with dual bronchodilator and inhaled corticosteroid was the most frequently used in all phenotypes, except for the non-exacerbators, where therapy with dual bronchodilator alone was the most frequent. All patients with asthma-COPD overlap syndrome were under inhaled corticosteroid therapy. Conclusions: In agreement with other studies, clinically relevant differences were found between the 4 phenotypes. Hence, phenotyping may allow a more personalised approach to patients with COPD. Nevertheless, further research is required to assess the natural progression of each phenotype, and whether therapeutic regimens based on clinical phenotypes are associated with better outcomes.Gomes, Rita Daniela MatosuBibliorumGomes, Catarina Pereira2021-11-22T17:17:39Z2021-06-222021-05-042021-06-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/11319TID:202788962porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-01-16T11:58:58ZPortal AgregadorONG
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