Hear what you feel, feel what you hear : the effect of musical sequences on emotional processing

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Esteves, Ana Marta Tavares
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/56716
Resumo: Dissertação de mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde - Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Integrativa), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2021
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spelling Hear what you feel, feel what you hear : the effect of musical sequences on emotional processingMúsicaEmoçõesPsicologia clínicaDissertações de mestrado - 2021Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::PsicologiaDissertação de mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde - Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Integrativa), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2021Music has a unique ability to access affective and motivational systems of the brain (Thaut & Wheeler, 2010). However, there is a large gap in research on the association between musical stimuli and their impact on emotional processing, a crucial component for the success of the therapeutic process (Greenberg & Paivio, 1997). The present study thus sought to explore both the capacity of music to access the affective system, to induce emotions, and to change emotional states, as well as to facilitate emotional processing leading to the resolution of emotional distress. An empirically validated sequential model of emotional processing from Pascual-Leone and Greenberg (2007) was used to test this dual capacity. Three musical sequences with distinct components were developed and presented in an online platform. One musical sequence followed the order of the sequential model (EED>AMM), another musical sequence inverted that same order (AMM>EED Sequence), and the last musical sequence was intended to serve as a baseline (Control Sequence). All musical sequences, not only led to shifts in participant’s emotional states, but also led to an increase of participant’s emotional resolution. Some of the results were surprising, since the Control Sequence also led the increase of emotional resolution and the EED>AMM Sequence didn’t present itself as the winning candidate of leading to a higher emotional resolution. Nevertheless, these surprising results still demonstrated the power of music to impact emotional processing and allow future studies to keep exploring this relationship.A música pode ser descrita como a criação de emoções. Juslin e Västjfäll (2008, p. 572) focam esta ideia ao referirem que “aquilo que torna as emoções musicais únicas, não são os seus mecanismos subjacentes ou as emoções que evocam, mas sim o facto de que a música é, muitas vezes, intencionalmente desenhada para induzir emoções”. Pelo menos, é difícil, se não impossível, imaginar a ausência de uma relação entre música e emoção. Tendo uma forte presença na cultura humana (Blood & Zatorre, 2001; Marin & Bhattacharya, 2011; Sacks, 2007; Zentner et al., 2008), diversas formas de utilização da música no nosso dia-a-dia são apontadas na literatura, estando entre elas a libertação e regulação das emoções (DeNora, 2000; Juslin et al., 2008; Juslin & Västjfäll, 2008; Knobloch & Zillmann, 2002; Marin & Bhattacharya, 2011), conforto e alívio do stress (DeNora, 2000, 2016), revivência de experiências passadas valorizadas (Hays & Minichiello, 2005) ou acompanhamento na realização de tarefas do quotidiano (Sloboda et al. , 2009). Apesar desta forte presença na cultura, o estudo da relação entre a música e emoções vê-se fortemente dividido entre duas posições: uma posição cognitivista e uma posição emotivista. Por um lado, a posição cognitivista defende que o estímulo musical é incapaz de induzir, verdadeiramente, emoções (Kivy, 1990; Meyer, 1956; Scherer, 2004; Zentner et al. 2008), pelo que estas são apenas percecionadas perante o estímulo musical. Por outro lado, na posição emotivista, são propostas diversas teorias explicativas para o como e porquê de o estímulo musical induzir, verdadeiramente, emoções. Blood e Zatorre (2001), Juslin e Västjfäll (2008), Koelsh (2012), Krumhansl (1997) e outros revistos por Juslin e Sloboda (2010) demonstraram como estímulos musicais são capazes de induzir emoções básicas, entre elas, tristeza, medo, nojo, raiva e felicidade. Dentro da posição emotivista, foi, então, formulada a perspetiva de que a música tem uma capacidade única de aceder aos sistemas afetivos e motivacionais do cérebro (Thaut, 2005). Especificamente, Thaut e Wheeler (2010) afirmam que a música foi considerada como um dos maiores mecanismos para a eficácia terapêutica ao: 1) assumir um papel eficaz na influência e modificação em estados afetivos e 2) assumir um papel central através da modificação afetiva ao aceder à totalidade das cognições, perceções, estados e organização comportamental do paciente. No entanto, Thaut e Wheeler (2010) afirmam que ainda não existem teorias unificadoras que expliquem os mecanismos neuropsicológicos e psicológicos subjacentes às respostas afetivas na audição da música, nem modelos científicos sobre o papel de emoções evocadas pela música em contexto terapêutico. Adicionalmente, embora não faltem artigos e estudos que comprovem como estímulos musicais podem, efetivamente, induzir emoções, pelo contrário, há uma grande falta de estudos que analisem a influência dos estímulos musicais no processamento emocional. No campo da terapia musical, o Bonny Method of Guided Imagery and Music (Bonny, 1994) destaca-se como o único método comumente conhecido e utilizado, onde a música interage com o cérebro para evocar imagens que induzem emoções e memórias, permitindo a transformação de emoções dolorosas para emoções positivas (Lee et al., 2016). Este método não é suportado e não tem ligação com nenhum modelo de processamento emocional teórico, sendo largamente baseado na exploração e interpretação livre. Assim, o papel do cliente é partilhar abertamente as suas perceções e experiências dentro da música, e o papel do terapeuta é facilitar uma reflexão e uma integração dos sentimentos compartilhados do cliente. Esta é uma importante lacuna sobre a qual refletir, uma vez que o processamento emocional é considerado como um dos principais elementos do processo terapêutico. Greenberg e Paivio (1997) descrevem-no através de três passos: (1) evocação de estados emocionais, (2) exploração das sequências cognitivo-afetivas associadas e (3) reestruturação dos estados afetivos através da introdução de algo novo. Estes passos estavam subjacentes a tarefas terapêuticas específicas, mas, Pascual-Leone e Greenberg (2007) apresentaram um modelo sequencial de processamento emocional, a um nível de abstração mais elevado, que explica a resolução do distress emocional consoante a evolução terapêutica. Neste modelo sequencial, parte-se de emoções indiferenciadas e não integradas (estados representativos de Early Expressions of Distress, EED), para experiências emocionais de aceitação (estados representativos de Advanced Meaning Making, AMM), independentemente da especificidade das tarefas terapêuticas percorridas. Esta independência permite a exploração de diferentes métodos com potencial terapêutico, mesmo fora do âmbito da psicoterapia. No presente estudo, como principal objetivo pretendeu-se explorar se a experiência de estar exposto a sequências musicais com determinadas características, permite alcançar uma menor ou maior resolução emocional face a alguma angústia emocional. Assim, hipotetiza-se que: • A audição de ambos os tipos de sequências musicais (experimental e de controlo) conduzirá a uma mudança no estado emocional dos participantes, que se refletirá em mudanças nas dimensões de valência, ativação e controlo • Ouvir as sequências musicais experimentais, independentemente da ordem de progressão, e em comparação com a sequência musical de controlo, levará a um aumento da resolução emocional, levando os participantes a relatar uma menor angústia intra- ou interpessoal • Ouvir a sequência musical com a progressão EED-AMM conduzirá a um maior nível de resolução emocional, em comparação com a sequência musical de controlo (sem progressão especificada) e com a progressão AMM-EED De forma a responder às referidas hipóteses, o presente estudo recorreu a métodos quantitativos e a um breve elemento qualitativo, caracterizando-se por um estudo de abordagem de método misto. Quanto aos métodos quantitativos empregues, estes caracterizam-se por métodos experimentais, uma vez que pretende-se analisar e explorar relações causais entre diferentes sequências musicais, o estado emocional e a resolução emocional. São utilizados três grupos distintos, duas condições experimentais e uma condição de controlo. Foi aplicado um desenho pré-pós-teste, uma vez que este se apresenta como um design robusto com várias vantagens associadas que permitem isolar melhor o efeito nas análises (Christense et al., 2015). Os estímulos musicais utilizados resumem-se a três sequências musicais: duas sequências experimentais que pretendiam simular os estados afetivos descritos no modelo sequencial (Sequência EED-AMM que seguia a ordem do referido modelo e Sequência AMM-EED que invertia a ordem do referido modelo), e uma sequência controlo. A seleção dos excertos musicais que integraram as duas sequências musicais experimentais apresentadas aos participantes passaram, assim, por duas fases de seleção: 1) opções com base na revisão de literatura, 2) melhor candidata com base num pré-teste aplicado à população geral. Quanto à sequência controlo, foram selecionados os primeiros 6 minutos e 6 segundos da peça musical Les Sylphides, de Chopin, uma vez que, num estudo de Zimny e Weidenfeller (2015), os dados revelaram uma associação desta peça musical a um estado de neutralidade com base em medidas GSR (resposta galvânica da pele). As medidas e escalas utilizadas foram: • Self-Assessment Manikin (SAM): a utilização desta escala foi pertinente para o presente estudo pois permitiu averiguar se as sequências musicais impactaram o estado emocional dos participantes, nas dimensões valência, ativação e controlo • Resolution of Long-Standing Interpersonal Grievances (UFB-RS): a utilização desta escala foi pertinente para o presente estudo pois permitiu determinar se as sequências musicais tiveram impacto no nível de resolução emocional sentido pelos participantes que selecionaram o marcador emocional de ressentimento e mágoa numa relação importante • Resolution of Long-Standing Emotional Self-Neglect (ESN-RS): a utilização desta escala foi pertinente para o presente estudo pois permitiu determinar se as sequências musicais tiveram impacto no nível de resolução emocional sentido pelos participantes que selecionarem o marcador emocional de autonegligência • Bern Post Session Report (BPSR-P): a utilização desta escala foi pertinente para o presente estudo pois permitiu aprofundar o possível impacto terapêutico que as sequências musicais tiveram nos participantes • Tarefa de Escrita Expressiva: imediatamente após a indução experimental, foi dada a escolha aos participantes de realizarem uma tarefa de escrita expressiva, pelo que a realização desta tarefa por parte dos participantes pretendeu melhor averiguar o nível de processamento emocional induzido O presente estudo foi desenvolvido sob o formato de um questionário online, através da plataforma Qualtrics (www.qualtrics.com). Em primeiro lugar, os participantes tiveram a oportunidade de escolher trabalhar: ou um marcador emocional de Autonegligência ou um marcador emocional de Ressentimento e Mágoa numa Relação Importante. Seguidamente, foi pedido que os participantes preenchessem as medidas SAM, UFB-RS ou ESN-RS. Posteriormente, foi iniciada a indução experimental através da audição de uma das três sequências musicais. Imediatamente após a audição da sequência musical, foi perguntado aos participantes se notaram alguma mudança ou transformação interna relativamente ao tema que escolheram trabalhar, e, caso respondessem sim, era pedido que descrevessem em alguns detalhes a transformação sentida. Por último, foi pedido que preenchessem as medidas SAM, UFB-RS ou ESN-RS e BPSR-P. Os dados quantitativos obtidos no presente estudo foram analisados estatisticamente com recurso ao software IBM SPSS Statistics (versão 26.0) e os dados qualitativos foram analisados com recurso o software Nvivo12. Para todas as análises estatísticas realizadas, os dados das amostras de participantes atribuídos às escalas UFBRS ou ESN-RS foram agregados, uma vez que ambas permitem a medição do nível de resolução emocional. Não era pretendido diferenciar entre o nível de resolução emocional alcançado em cada marcador, mas sim o nível global de resolução emocional alcançado. As variáveis foram analisadas separadamente consoante cada condição (Sequência EEDAMM, n = 30; Sequência AMM-EED, n = 30; Sequência Control, n = 30). Quanto à primeira hipótese, os resultados demonstraram que, dentro de cada condição, ocorreram mudanças nas dimensões valência, ativação e controlo do estado emocional dos participantes entre o pré- e o pós-indução experimental. Adicionalmente, entre condições, foi demonstrado como os participantes estavam igualmente emocionalmente ativos, tanto no pré- como no pós-indução experimental. Quanto à segunda hipótese, inversamente ao esperado, os resultados demonstraram como todas as sequências musicais levaram ao alcance de uma maior resolução emocional. Quanto à terceira e última hipótese, os resultados quantitativos demonstraram como a sequência musical com a progressão EED-AMM não conduziu a um maior nível de resolução emocional, em comparação com as restantes sequências. Os resultados aqui encontrados permitiram explorar uma relação entre a audição de sequências musicais que simulam o modelo sequencial de processamento emocional de Pascual-Leone e Greenberg (2007) e o alcance de uma tentativa de maior resolução emocional. Este estudo permite ponderar sobre o potencial de intervenções mais curtas, simples e económicas, mesmo fora do âmbito de psicoterapia. Igualmente, os dados aqui registados permitem começar a preencher uma lacuna, ao associarem estímulos musicais a um modelo de processamento emocional empírico. Conclusivamente, o presente estudo demonstra como, não só a música pode ser descrita como a criação de emoções, como também pode ser descrita como o a transformação de emoções.Conceição, Nuno Miguel Silva, 1976-Repositório da Universidade de LisboaEsteves, Ana Marta Tavares2023-03-20T16:11:13Z20212021-07-012021-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/56716enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:04:18Zoai:repositorio.ul.pt:10451/56716Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:07:07.350331Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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