Homossexualidade e exclusões sociais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.6/2835 |
Resumo: | A presente investigação sociológica pretendeu dar relevo à realidade portuguesa da homossexualidade, procurando compreender em que medida a orientação sexual pode ser factor de exclusão social. Mais particularmente, de que forma ter orientação homossexual (no caso de homens e de mulheres) tem implicações no direito igualitário à cidadania sociopolítica, e quais os contornos que expressam relativamente à reprodução medicamente assistida e adopção, como exemplos de acesso à parentalidade. Contextualizado numa dimensão social e política da exclusão, analisam-se, neste estudo, as laws-in-books e a sua “prática”, bem como os discursos dos entrevistados de ambos os grupos amostrais, com o intuito de perceber a sexualidade, cidadania, procriação e parentalidade como fenómenos multidimensionais complexos que transpõem as questões pessoais mais micro, revelando expectativas sociais, históricas e políticas mais amplas. Mediante o delineamento de uma tipologia de análise dos discursos recolhidos, constata-se a existência de diferentes percepções em relação à problemática de análise. A maioria, representa a família como estrutura que deve incorporar a heterossexualidade e o binarismo de género, representados nas subjectividades “pai” e “mãe”, com a finalidade da procriação. Ainda que outros a reconheçam como multidimensional e heterogénea, capaz de assumir diversas configurações e funções, percebe-se, no percurso teórico-analítico, a maternidade e a paternidade como dinâmicas valorizadas quando endereçadas à biparentalidade heterossexual. Em oposição, quando perspectivadas no contexto da família onde o casal é constituído por indivíduos do mesmo sexo, deixam de ser condição, para se tornar privação – os filhos deixam de ser, por estes, considerados desejáveis e a sua aceitação é reprimida. Quanto às técnicas procriativas e à adopção são, pela maioria, endossadas para aquele contexto da família biparental de sexo diferente. Constatou-se que o quadro jurídico-legal da democracia portuguesa reflecte um posicionamento ambíguo. Por um lado, houve progressos legislativos, expressos na legalização da união de facto e do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Por outro lado, quando se trata de colocar o foco nas crianças, denota-se um tratamento diferencial que traduz a iniquidade e a não distinção positiva nos quadros da inclusão e do igual exercício da cidadania, quanto ao acesso aos direitos reprodutivos e parentais, em função da orientação sexual. Baseado numa metodologia qualitativa ou compreensiva, utilizou-se a entrevista semi-estruturada, como técnica de recolha de informação. Esta foi aplicada, online e presencialmente, aos indivíduos dos dois grupos, tendo como contexto a Beira Interior. |
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Homossexualidade e exclusões sociaisNão-direitos à reprodução e à parentalidade biológica e adoptiva em função da orientação sexual - um estudo sociológico na Beira InteriorHomosexualidade - Exclusão socialReprodução - Parentalidade biológicaA presente investigação sociológica pretendeu dar relevo à realidade portuguesa da homossexualidade, procurando compreender em que medida a orientação sexual pode ser factor de exclusão social. Mais particularmente, de que forma ter orientação homossexual (no caso de homens e de mulheres) tem implicações no direito igualitário à cidadania sociopolítica, e quais os contornos que expressam relativamente à reprodução medicamente assistida e adopção, como exemplos de acesso à parentalidade. Contextualizado numa dimensão social e política da exclusão, analisam-se, neste estudo, as laws-in-books e a sua “prática”, bem como os discursos dos entrevistados de ambos os grupos amostrais, com o intuito de perceber a sexualidade, cidadania, procriação e parentalidade como fenómenos multidimensionais complexos que transpõem as questões pessoais mais micro, revelando expectativas sociais, históricas e políticas mais amplas. Mediante o delineamento de uma tipologia de análise dos discursos recolhidos, constata-se a existência de diferentes percepções em relação à problemática de análise. A maioria, representa a família como estrutura que deve incorporar a heterossexualidade e o binarismo de género, representados nas subjectividades “pai” e “mãe”, com a finalidade da procriação. Ainda que outros a reconheçam como multidimensional e heterogénea, capaz de assumir diversas configurações e funções, percebe-se, no percurso teórico-analítico, a maternidade e a paternidade como dinâmicas valorizadas quando endereçadas à biparentalidade heterossexual. Em oposição, quando perspectivadas no contexto da família onde o casal é constituído por indivíduos do mesmo sexo, deixam de ser condição, para se tornar privação – os filhos deixam de ser, por estes, considerados desejáveis e a sua aceitação é reprimida. Quanto às técnicas procriativas e à adopção são, pela maioria, endossadas para aquele contexto da família biparental de sexo diferente. Constatou-se que o quadro jurídico-legal da democracia portuguesa reflecte um posicionamento ambíguo. Por um lado, houve progressos legislativos, expressos na legalização da união de facto e do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Por outro lado, quando se trata de colocar o foco nas crianças, denota-se um tratamento diferencial que traduz a iniquidade e a não distinção positiva nos quadros da inclusão e do igual exercício da cidadania, quanto ao acesso aos direitos reprodutivos e parentais, em função da orientação sexual. Baseado numa metodologia qualitativa ou compreensiva, utilizou-se a entrevista semi-estruturada, como técnica de recolha de informação. Esta foi aplicada, online e presencialmente, aos indivíduos dos dois grupos, tendo como contexto a Beira Interior.This sociological research aims to throw light on the Portuguese situation regarding homosexuality by trying to understand the extent to which sexual orientation can be a factor of social exclusion. More particularly, the aim is to explore how homosexual orientation (in the case of men and women) has implications for the obtaining of sociopolitical citizenship, within a society based on equal rights, and the rules and practices regarding assisted reproduction and adoption, as examples of access to parenting. This research, having as its guiding principle the social and political dimensions of exclusion, analyses the laws-in-books and their "practice", and interviews held with persons of two sample groups, in order to understand sexuality, citizenship, procreation and parenting as complex multidimensional phenomena. The analysis of the interviews shows that there are different perceptions in relation to the object of the study. The majority sees the family as a structure that should incorporate heterosexuality and binary gender, represented in "father" and "mother" subjectivities, for the purpose of procreation. However, other interviewees consider it as multidimensional and heterogeneous with different configurations and functions. The theoretical and analytical discourse gives evidence of a dynamic approach of motherhood and fatherhood when related to heterosexual biparentality. In contrast, when perceived in a family context where the couple is formed by individuals of the same sex – according to those interviewees, children cease to be considered desirable and such a constellation is not fully accepted. As for procreative techniques and adoption, most of these are endorsed only if taking place in the context of a two-parent family of different sex. It was found that the legal and judicial framework of Portuguese democracy reflects an ambiguous position. On the one hand, there has been a legislative progress, expressed in the legalization of de facto couples and civil marriage between persons of the same sex. On the other hand, regarding access to reproductive and parental rights, different treatment is discernible, reflecting an iniquity and a distinction not in accordance with the frameworks of inclusion and equal citizenship, depending on sexual orientation. Based on a qualitative or comprehensive methodology, semistructured interviews were used for the gathering of information. These were applied online and in person to individuals of both groups within the geographic context of Beira Interior (Portugal).Schouten, Maria Johanna ChristinauBibliorumSilva, Joana Santos2014-12-22T16:02:49Z2013-07-2220132013-07-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/2835porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-01-16T11:41:05ZPortal AgregadorONG |
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