Doença Tumoral Acetabular E Reconstrução Com Prótese De Pedestal LUMiC® - Análise De 2 Casos Clínicos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freitas, J
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Moura, DL, Casanova, J
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.4/1851
Resumo: As resseções peri-acetabulares e reconstrução subsequente estão entre os procedimentos mais desafiantes na Ortopedia Oncológica. Os autores apresentam 2 casos em que foram aplicadas endopróteses modulares tripolares de reconstrução peri-acetabular com pedestal do ilíaco e os seus resultados clínico-funcionais. Apresenta-se uma mulher de 70 anos com metastização óssea única ao nível do acetábulo esquerdo, com origem primária num tumor papilar do urotélio vesical de alto grau. Entretanto sofreu queda da própria altura, da qual resultou fratura-luxação central patológica da anca esquerda, com lesão lítica acetabular na zona de carga. Foi então submetida a cirurgia de resseção tumoral, com resseção total da zona II (peri-acetábulo) e resseção parcial da zona III (púbis) de Enneking. Aplicou-se uma prótese LUMiC® com pedestal no ilíaco, componente acetabular com rebordo anti-luxante e cúpula de dupla mobilidade. A nível femoral, foi aplicada uma haste de Wagner, com utilização de manga de Trevira para reinserções musculares. Apresenta-se uma jovem do sexo feminino de 26 anos referenciada ao nosso centro por cordoma coccígeo recidivado, com envolvimento de várias estruturas, entre as quais pilar posterior do acetábulo, vértebras sagradas, músculos pélvicos incluindo os glúteos e parede retal. Através de abordagem multi-disciplinar foi submetida a resseção tumoral, com necessidade de osteotomia superior a nível da 2ª vértebra sagrada e de resseção do canal anal e ânus, com realização da respetiva colostomia. Depois da remoção tumoral, foi realizada osteotomia da zona II do acetábulo e reconstrução com prótese de pedestal no ilíaco com componente acetabular com rebordo anti-luxante e cúpula de dupla mobilidade, com haste cimentada a nível femoral. Para encerramento posterior, foi realizada passagem transabdominal de retalho músculo-cutâneo do reto anterior do abdómen. O pós-operatório imediato de ambas as pacientes consistiu inicialmente em repouso no leito em decúbito dorsal, com almofada entre as pernas e tornozelos imobilizados, sendo apenas permitidas semi-lateralizações. Após 4 semanas, a primeira paciente iniciou levante com ortótese anti-abdutora da anca e às 16 semanas fazia marcha autónoma com apoio de canadianas. Na segunda paciente foi constatada uma dismetria de 3,5cm, pelo que foi necessária osteotomia femoral homolateral de encurtamento para correção. Teve episódios de deiscências de suturas e ao fim de 8 semanas foi realizada a osteotomia. Às 10 semanas iniciou levante e deambulação com andarilho/canadianas, sem queixas dolorosas relevantes. A resseção e reconstrução acetabular são das cirurgias mais desafiantes a nível da Ortopedia Oncológica. A anatomia complexa, dimensão tumoral e proximidade a estruturas neuro-vascular major leva a que muitas vezes seja difícil de conseguir margens de resseção adequadas. Em segundo lugar, a reconstrução de um membro funcional e indolor é cirurgicamente exigente devido à extensão da resseção e à biomecânica complexa a restaurar. Por outro lado, as reconstruções deste calibre estão associadas a risco elevado de infeção, chegando a 40% em alguns relatos. Os autores apresentam 2 casos clínicos em que a reconstrução peri-acetabular com recurso a endoprótese com pedestal no ilíaco permitiu excelentes resultados clínico-funcionais, apesar de extensa resseção (zonas II e III). Como complicações apenas se verificou dismetria acentuada do membro. Esta complicação foi verificada intra-operatoriamente, no entanto, preferiu-se garantir estabilidade da prótese a nível do ilíaco e posteriormente corrigir a dismetria. As reconstruções acetabulares são cirurgias complexas de elevado risco. O aparecimento de próteses de reconstrução acetabular para grandes defeitos ósseos pós-resseções tumorais, tais como as próteses modulares tripolares com pedestal no ilíaco, e a sua correta aplicação e indicação, permitem obter resultados promissores no tratamento e recuperação funcional capaz destes pacientes.
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