Sob o signo da morte do Pai: a psicose de João José Dias em O Que Fazem Mulheres
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/1822/85120 |
Resumo: | No imaginário da ficção oitocentista camiliana, o Brasil, por interposta presença do afortunado brasileiro de torna-viagem, é visto um tanto depreciativamente. Este tipo de protagonista é, pois, evocativo de um patriarca preconceituoso e cheio de prosápia, muitas vezes ridículo e, por extensão, grotesco (como é o caso, a título de exemplo, de João José Dias, em O Que Fazem Mulheres); e ainda, como seria de esperar, de um patriarca capitalista desprovido da afetividade sentimental (típica dos heróis românticos que pululam nas novelas de Camilo, como sabemos). Todavia, confinar a imagem camiliana do Brasil a este tipo de figuras não pouco broncas e pacóvias é empreender, em boa verdade uma leitura assaz parcial, quando não superficial, da relevância que o imaginário do Brasil detém na ficção novelesca de Camilo Castelo Branco. Isso mesmo nos propomos mostrar. Para tanto, focaremos a nossa atenção em protagonistas tão diversos como o Doutor Francisco Alpedrinha (A Filha do Doutor Negro), Marta de Prazins (A Brasileira de Prazins) ou ainda Ifigénia (A Queda Dum Anjo), entre outros. Cada uma destas personagens, a seu modo, comprova uma singularização do Brasil, o que diz bem do modo múltiplo e, convirá sublinhar, complexo como Camilo elabora as suas personagens brasileiras. Desta forma se concluirá que a imagem do Brasil na literatura camiliana não é, em bom rigor, passível de se conformar a uma visão meramente negativa (e monolítica). Antes pelo contrário. Camilo coloca personagens brasileiras em contextos estratégicos nas suas novelas, isto é, em lugares onde a atuação de tais personagens se vem a revelar, ao fim e ao resto, decisiva no âmbito da economia do enredo e do seu desfecho. Exemplos suficientes disso não faltam na novela camiliana, como procuraremos evidenciar. |
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Sob o signo da morte do Pai: a psicose de João José Dias em O Que Fazem MulheresCamilo Castelo BrancoO que fazem mulheresDesejoPsicoseO “brasileiro”Novela camilianaThe "Brazilian"Camillian novelHumanidades::Línguas e LiteraturasNo imaginário da ficção oitocentista camiliana, o Brasil, por interposta presença do afortunado brasileiro de torna-viagem, é visto um tanto depreciativamente. Este tipo de protagonista é, pois, evocativo de um patriarca preconceituoso e cheio de prosápia, muitas vezes ridículo e, por extensão, grotesco (como é o caso, a título de exemplo, de João José Dias, em O Que Fazem Mulheres); e ainda, como seria de esperar, de um patriarca capitalista desprovido da afetividade sentimental (típica dos heróis românticos que pululam nas novelas de Camilo, como sabemos). Todavia, confinar a imagem camiliana do Brasil a este tipo de figuras não pouco broncas e pacóvias é empreender, em boa verdade uma leitura assaz parcial, quando não superficial, da relevância que o imaginário do Brasil detém na ficção novelesca de Camilo Castelo Branco. Isso mesmo nos propomos mostrar. Para tanto, focaremos a nossa atenção em protagonistas tão diversos como o Doutor Francisco Alpedrinha (A Filha do Doutor Negro), Marta de Prazins (A Brasileira de Prazins) ou ainda Ifigénia (A Queda Dum Anjo), entre outros. Cada uma destas personagens, a seu modo, comprova uma singularização do Brasil, o que diz bem do modo múltiplo e, convirá sublinhar, complexo como Camilo elabora as suas personagens brasileiras. Desta forma se concluirá que a imagem do Brasil na literatura camiliana não é, em bom rigor, passível de se conformar a uma visão meramente negativa (e monolítica). Antes pelo contrário. Camilo coloca personagens brasileiras em contextos estratégicos nas suas novelas, isto é, em lugares onde a atuação de tais personagens se vem a revelar, ao fim e ao resto, decisiva no âmbito da economia do enredo e do seu desfecho. Exemplos suficientes disso não faltam na novela camiliana, como procuraremos evidenciar.In the minds of nineteenth-century fiction camillian, Brazil, filed by the presence of the lucky Brazilian return-trip, is seen somewhat disparagingly. This type of protagonist is therefore evocative of a patriarch prejudiced and full of prosapia often ridiculous and, by extension, grotesque (such as, for example, João José Dias, in O Que Fazem Mulheres); and, as expected, a patriarch capitalist devoid of sentimental affection (typical of romantic heroes in Camilo’s novels, as we know). However, confining the camillian image of Brazil this kind of figures and not just crude and silly undertake is in fact a good read rather partial, if not superficial, the relevance that the imaginary of Brazil holds the novelistic fiction Camilo Castelo Branco. That's right we propose show. Therefore, we will focus our attention on actors as diverse as Francisco Alpedrinha Doctor (A Filha do Doutor Negro), Marta de Prazins (A Brasileira de Prazins) or Iphigenia (A Queda Dum Anjo), among others. Each of these characters in their own way, proves one of singling Brazil, which speaks well of the multiple mode and should be pointed out, complex as Camilo prepares its brazilian characters. Thus will conclude that the image of Brazil in the literature camillian is not, strictly speaking, is likely to conform to a vision merely negative (and monolithic). Quite the contrary. Camilo puts brazilian characters in his novels in strategic contexts, ie, in places where the actions of such characters come to reveal at the end and the rest, decisive within the economy of the plot and its outcome. Enough examples of this abound in the novel camillian as seek evidence.Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro)Universidade do MinhoSousa, Sérgio Guimarães de20142014-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://hdl.handle.net/1822/85120porSousa, S. G. de (2014). Sob o signo da morte do Pai. A psicose de João José Dias em O Que Fazem Mulheres. Convergência Lusíada, 29, 165-178.2316-6134http//www.realgabinete.com.br/revistaconvergencialusiada/?p=2410.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:32:39Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/85120Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:28:01.750575Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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