Investigação da infância e crianças como investigadoras: metodologias participativas dos mundos sociais das crianças

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Natália
Data de Publicação: 2005
Outros Autores: Sarmento, Manuel Jacinto, Tomás, Catarina Almeida
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/36752
Resumo: A participação infantil assume-se na segunda modernidade como um princípio incontornável em grande parte dos discursos científicos que são produzidos acerca da infância. A Sociologia da Infância, ao considerar as crianças como actores sociais e como sujeitos de direitos, assume a questão da participação das crianças como central na definição de um estatuto social da infância e na caracterização do seu campo científico. Considerar a participação das crianças na investigação é um passo decorrente da construção de uma disciplina das ciências sociais que procura “ouvir a voz das crianças”, isto é, que assume que as crianças são actores sociais plenos, competentes na formulação de interpretações sobre os seus mundos de vida e reveladores das realidades sociais onde se inserem. As metodologias participativas com crianças atribuem aos mais jovens o estatuto de sujeitos de conhecimento, e não de simples objecto, instituindo formas colaborativas de construção do conhecimento nas ciências sociais, que se articulam com modos de produção do saber empenhadas na transformação social e na extensão dos direitos sociais. A investigação participativa com crianças levanta, no entanto especiais dificuldades epistemológicas, relacionadas quer com a alteridade da infância quer com a diversidade das suas condições de existência. O entendimento da “criança” como o outro do adulto decorre doreconhecimento das culturas da infância como modo específico, geracionalmente construído, de interpretação e de representação do mundo. É o trabalho de tradução entre a linguagem das ciências sociais e a linguagem das crianças (com as suas gramáticas culturais distintas) que as metodologias participativas são chamadas a desempenhar, com a consequente recusa do etnocentrismo geracional e com a indispensável mobilização de um discurso polifónico, onde a voz das criançasinvestigadoras colaborativas perpassa lado a lado com o trabalho interpretativo dos sociólogos da infância. A atenção à diversidade da infância, decorrente de categorias sociais como o género, a religião, a etnia, a saúde e o (sub)grupo etário, impõe a recusa de olhares uniformizadores, desafiando a imaginação metodológica a uma aceitação e respeito pelas diferenças e pelos diversos modos da sua comunicação. Assente em trabalhos de investigação em Sociologia da Infância construídos com metodologias participativas, esta comunicação interroga a construção do conhecimento em ciências sociais com e sobre as crianças e a infância, atendendo à alteridade e diversidade, e incluindo o debate ético sobre a produção de saber sobre os mundos sociais da infância.
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Considerar a participação das crianças na investigação é um passo decorrente da construção de uma disciplina das ciências sociais que procura “ouvir a voz das crianças”, isto é, que assume que as crianças são actores sociais plenos, competentes na formulação de interpretações sobre os seus mundos de vida e reveladores das realidades sociais onde se inserem. As metodologias participativas com crianças atribuem aos mais jovens o estatuto de sujeitos de conhecimento, e não de simples objecto, instituindo formas colaborativas de construção do conhecimento nas ciências sociais, que se articulam com modos de produção do saber empenhadas na transformação social e na extensão dos direitos sociais. A investigação participativa com crianças levanta, no entanto especiais dificuldades epistemológicas, relacionadas quer com a alteridade da infância quer com a diversidade das suas condições de existência. O entendimento da “criança” como o outro do adulto decorre doreconhecimento das culturas da infância como modo específico, geracionalmente construído, de interpretação e de representação do mundo. É o trabalho de tradução entre a linguagem das ciências sociais e a linguagem das crianças (com as suas gramáticas culturais distintas) que as metodologias participativas são chamadas a desempenhar, com a consequente recusa do etnocentrismo geracional e com a indispensável mobilização de um discurso polifónico, onde a voz das criançasinvestigadoras colaborativas perpassa lado a lado com o trabalho interpretativo dos sociólogos da infância. A atenção à diversidade da infância, decorrente de categorias sociais como o género, a religião, a etnia, a saúde e o (sub)grupo etário, impõe a recusa de olhares uniformizadores, desafiando a imaginação metodológica a uma aceitação e respeito pelas diferenças e pelos diversos modos da sua comunicação. Assente em trabalhos de investigação em Sociologia da Infância construídos com metodologias participativas, esta comunicação interroga a construção do conhecimento em ciências sociais com e sobre as crianças e a infância, atendendo à alteridade e diversidade, e incluindo o debate ético sobre a produção de saber sobre os mundos sociais da infância.In the second modernity the childhood participation is assumed as a fundamental principle to a large extent of the scientific speeches that are produced concerning childhood. The Sociology of Childhood, when considering the children as social actors and as citizens of rights, assumes the question of children’s participation as central in the definition of a social statute of childhood and in the characterization of its scientific field. Consider children’s participation in the research is a recurrent step in the construction of a discipline of social sciences that looks for listen children’s voice, that is, that assumes children as full social actors, competent in the formularization of interpretations on its worlds of life and revealers of the social realities in which they are insert. The participative methodologies with children attribute to the youngest, a statute of knowledge citizens, and not of simple object, instituting collaborative forms of knowledge construction in social sciences, which are articulated with ways of pledged knowing production in the social transformation and in the extension of social rights. The participative research with children rises, however, special epistemological difficulties, related with the alterity of childhood and the diversity of its existence conditions. The perception ofchildren as the “other” of the adult elapses from the recognition of the childhood cultures as a specific way, generationally constructed, of world’s interpretation and representation. It is the translation work between the language of social sciences and the language of the children (with its distinct cultural grammars) that the participative methodologies are called to play, with the consequent refusal of the generational ethnocentrism and with the indispensable mobilization of a polyphonic speech, where the voice of the collaborative child-investigators keep up, side by side, with the interpretative work of the sociologists of childhood. The attention to childhood’s diversity, elapsing from social categories as gender, religion, ethnics, health and age group, imposes the refusal of standardizing looks, defying the methodological imagination to an acceptance and respect for the differences and the diverse ways of its communication. It seats in works of inquiry in constructed Sociology of Childhood with participative methodologies, this communication interrogates the construction of the knowledge in social sciences with and on the children and childhood, taking care of to the alterity and diversity, and including ethical debate on the production to know on the social worlds of childhood. This paper steady in participative research work, developed in the Sociology of Childhood, interrogates the knowledge’s construction of the social sciences with and on children and childhood, considering the alterity and diversity and including an ethical debate on the knowledge creation about the social worlds of childhood.CIFPEC/CIEC - Centro de Investigação em Estudos da Criança, UM (UI 644 e 317 da FCT)UNESPUniversidade do MinhoFernandes, NatáliaSarmento, Manuel JacintoTomás, Catarina Almeida20052005-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/36752porSoares, Natália Fernandes; Sarmento, Manuel Jacinto e Tomás, Catarina Almeida (2005). Investigação da infância e crianças como investigadoras: metodologias participativas dos mundos sociais das crianças. Nuances:Estudos sobre Educação UNESP – Presidente Prudente, vol. 12, nº 13: 49-64.2236-0441http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/indexinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:27:32ZPortal AgregadorONG
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