Muros da Ria de Aveiro: novas tecnologias versus solução tradicional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Mafalda Isabel da Cunha
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/3940
Resumo: A produção e extracção do sal, actividade artesanal marcante da região de Aveiro, está em decadência. O abandono da actividade provocou, consequentemente, o abandono das marinhas de sal. Gerou-se um ciclo vicioso em que não se investe na manutenção das salinas porque não se faz a extracção do sal, mas por sua vez esta é impossível de fazer devido às condições em que as marinhas se encontram. Os muros de delimitação e protecção começam a desmoronar-se e as fortes correntes de enchente que penetram cada vez mais na Laguna de Aveiro contribuem ainda mais para a sua destruição. Os marnotos, trabalhadores que dominavam a técnica tradicional de extracção do sal e execução dos muros das marinhas, são praticamente inexistentes e portanto, hoje em dia, a execução dos muros de modo tradicional é impossível de realizar. Esta tarefa exige grande esforço físico, tempo, conhecimento e mão-de-obra. As soluções que têm vindo a ser adoptadas para a construção de muros (pneus, estacas de madeira, resíduos de demolição) estão longe de ser as ideais. Este trabalho incide no estudo da utilização de uma nova tecnologia inspirada na solução tradicional de construção dos muros. Estes eram originalmente divididos em duas zonas: exterior e interior. A zona exterior do muro era realizada em blocos paralelepipédicos de terra argilosa endurecida (“torrão”) com uma face de cerca de 20 por 20 centímetros e com profundidade igual ao tamanho da lâmina de uma enxada, usada para retirar o torrão do chão das marinhas de junco, onde eram produzidos. A zona interior era construída através do preenchimento com lamas provenientes do interior da marinha e que, por serem materiais muito argilosos, lhe conferiam a necessária impermeabilidade. A nova abordagem consiste na utilização de geossacos cheios com material arenoso para formar a zona exterior dos muros, continuando a realizar a zona interior do modo tradicional. Pretendeu-se estudar a solução proposta, dimensionando-a adequadamente e realizando uma análise comparativa das duas soluções e do seu desempenho. Desta forma é possível avaliar a possibilidade de substituir os muros tradicionais das marinhas da Ria de Aveiro por outros realizados recorrendo a novas tecnologias (aplicação de geossintéticos) e inspiradas nas soluções tradicionais. São ainda sintetizadas as principais conclusões deste estudo e apontados alguns caminhos futuros para o seu desenvolvimento.
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Esta tarefa exige grande esforço físico, tempo, conhecimento e mão-de-obra. As soluções que têm vindo a ser adoptadas para a construção de muros (pneus, estacas de madeira, resíduos de demolição) estão longe de ser as ideais. Este trabalho incide no estudo da utilização de uma nova tecnologia inspirada na solução tradicional de construção dos muros. Estes eram originalmente divididos em duas zonas: exterior e interior. A zona exterior do muro era realizada em blocos paralelepipédicos de terra argilosa endurecida (“torrão”) com uma face de cerca de 20 por 20 centímetros e com profundidade igual ao tamanho da lâmina de uma enxada, usada para retirar o torrão do chão das marinhas de junco, onde eram produzidos. A zona interior era construída através do preenchimento com lamas provenientes do interior da marinha e que, por serem materiais muito argilosos, lhe conferiam a necessária impermeabilidade. A nova abordagem consiste na utilização de geossacos cheios com material arenoso para formar a zona exterior dos muros, continuando a realizar a zona interior do modo tradicional. Pretendeu-se estudar a solução proposta, dimensionando-a adequadamente e realizando uma análise comparativa das duas soluções e do seu desempenho. Desta forma é possível avaliar a possibilidade de substituir os muros tradicionais das marinhas da Ria de Aveiro por outros realizados recorrendo a novas tecnologias (aplicação de geossintéticos) e inspiradas nas soluções tradicionais. São ainda sintetizadas as principais conclusões deste estudo e apontados alguns caminhos futuros para o seu desenvolvimento.The production and extraction of salt, remarkable craft of the region of Aveiro, is in decline. This activity’s abandonment consequentially caused the abandonment of the sea salt marines. With this, a vicious cycle began in which there isn’t an investment in the maintenance of the salt marines because no one works in the extraction of salt, which in turn, is impossible to do, given the conditions in which the marines meet. The walls that protect and delimit the salt marines begin to collapse and the strong flux currents that are increasingly penetrating into the Aveiro’s lagoon further contribute to their destruction. The Marnotos, workmen who had the knowledge of the traditional technique of salt extraction and marines’ walls building, are practically nonexistent and therefore, nowadays, the building of those walls by the traditional method is impossible. Such task demands great physical effort, time, knowledge and manpower. The solutions that have been being adopted for the construction of the walls (tires, piles of wood, demolition waste) are far from ideal. This work focuses on studying the use of new technology inspired by the traditional solution for the construction of the walls. The walls were originally divided in two zones: external and internal. The outer wall was once made with rectangular blocks of hardened clay (“torrão”) with a 20 by 20 centimetres section and the depth of the size of the blade of a hoe. This hoe was used to remove the block from the reed fields’ ground where the blocks where made. The interior of the wall was built filling it with clayey soil, from the inside of the salt marines, which gave the wall the necessary impermeability. The new approach consists of the use of geobags filled with sand to form the outer wall and the use of the original clayey soil to fill it, like it was made in the traditional solution. The aim of this work is to study the proposed solution, designing it properly and performing a comparative analysis of the two solutions, the new and the traditional, and their performance. This way, the possibility of replacing the traditional walls of the Ria de Aveiro’s salt marines by others developed using new technologies (use of geosynthetics) and inspired by traditional methods will be evaluated. The main conclusions of this study are also summarized and some future directions for its development are indentified.Universidade de Aveiro2011-08-31T15:45:37Z2010-01-01T00:00:00Z2010info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/3940porPereira, Mafalda Isabel da Cunhainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:04:02Zoai:ria.ua.pt:10773/3940Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:42:03.374075Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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