Manifestações Cutâneas na Pandemia COVID-19
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.48687/lsj.v1i3.36 |
Resumo: | Várias manifestações cutâneas têm sido descritas em associação à infecção pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Estas incluem as dermatoses observadas na infecção COVID-19, aquelas secundárias ao seu tratamento e, paralelamente, as alterações cutâneas relacionadas com a utilização de equipamento de protecção individual e com as medidas de higiene pessoal.As dermatoses associadas ao SARS-CoV-2 podem resultar da acção directa do vírus na pele ou de mecanismos indirectos de toxicidade resultante de fenómenos imunológicos, incluindo da tempestade de citocinas observada nos casos mais graves. A sua frequência (de 0,2% a 20,4% nas séries reportadas) e cronologia parecem ser variadas e, com algumas excepções, na maioria dos casos é difícil estabelecer uma relação entre a manifestação cutânea e a gravidade da infecção COVID-19. As manifestações cutâneas mais comuns podem ser classificadas como exantemáticas (erupção pápulo-vesiculosa, erupção morbiliforme), de padrão vascular (perniose-like, lesões purpúricas ou petequiais, livedo), de padrão urticariforme e ainda acro-papuloso. Nas crianças têm sido descritos raros casos de síndrome inflamatória multissistémica pediátrica. Num doente com COVID-19 e manifestações cutâneas não se deve, também, excluir a possibilidade de estas representarem uma reacção cutânea aos vários fármacos usados no seu tratamento. No contexto da pandemia e do uso frequente, ou mesmo continuado, de equipamento de protecção individual e com as constantes lavagens e desinfecções das mãos, assiste-se a um aumento de dermatoses (sobretudo da face e das mãos) não só em profissionais de saúde, mas também na população geral. Dermatoses mecânicas ou de fricção, dermites de contacto irritativa e alérgica, eczemas xerótico e desidrótico são algumas das mais comuns, observando-se também um agravamento de dermatoses pré-existentes como acne, rosácea, dermite seborreica ou eczemas já diagnosticados, bem como ao seu aparecimento de novo em indivíduos sem patologia prévia.No seu conjunto, as manifestações cutâneas directa ou indirectamente relacionadas com a pandemia COVID-19 vieram alterar a prática dermatológica. O seu conhecimento contribui para a identificação de casos suspeitos de COVID-19, melhorar os cuidados em doentes com infecção conhecida, e alertar para a necessidade de ajustar os cuidados dermatológicos diários de toda a população, procurando simultaneamente prevenir dermatoses ocupacionais em profissionais na linha da frente no combate à pandemia. |
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Manifestações Cutâneas na Pandemia COVID-19Cutaneous Manifestations in the COVID-19 PandemicCOVID-19Infecções por CoronavírusManifestações CutâneasSARS-CoV-2Coronavirus InfectionsCOVID-19SARS-CoV-2Skin ManifestationsVárias manifestações cutâneas têm sido descritas em associação à infecção pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Estas incluem as dermatoses observadas na infecção COVID-19, aquelas secundárias ao seu tratamento e, paralelamente, as alterações cutâneas relacionadas com a utilização de equipamento de protecção individual e com as medidas de higiene pessoal.As dermatoses associadas ao SARS-CoV-2 podem resultar da acção directa do vírus na pele ou de mecanismos indirectos de toxicidade resultante de fenómenos imunológicos, incluindo da tempestade de citocinas observada nos casos mais graves. A sua frequência (de 0,2% a 20,4% nas séries reportadas) e cronologia parecem ser variadas e, com algumas excepções, na maioria dos casos é difícil estabelecer uma relação entre a manifestação cutânea e a gravidade da infecção COVID-19. As manifestações cutâneas mais comuns podem ser classificadas como exantemáticas (erupção pápulo-vesiculosa, erupção morbiliforme), de padrão vascular (perniose-like, lesões purpúricas ou petequiais, livedo), de padrão urticariforme e ainda acro-papuloso. Nas crianças têm sido descritos raros casos de síndrome inflamatória multissistémica pediátrica. Num doente com COVID-19 e manifestações cutâneas não se deve, também, excluir a possibilidade de estas representarem uma reacção cutânea aos vários fármacos usados no seu tratamento. No contexto da pandemia e do uso frequente, ou mesmo continuado, de equipamento de protecção individual e com as constantes lavagens e desinfecções das mãos, assiste-se a um aumento de dermatoses (sobretudo da face e das mãos) não só em profissionais de saúde, mas também na população geral. Dermatoses mecânicas ou de fricção, dermites de contacto irritativa e alérgica, eczemas xerótico e desidrótico são algumas das mais comuns, observando-se também um agravamento de dermatoses pré-existentes como acne, rosácea, dermite seborreica ou eczemas já diagnosticados, bem como ao seu aparecimento de novo em indivíduos sem patologia prévia.No seu conjunto, as manifestações cutâneas directa ou indirectamente relacionadas com a pandemia COVID-19 vieram alterar a prática dermatológica. O seu conhecimento contribui para a identificação de casos suspeitos de COVID-19, melhorar os cuidados em doentes com infecção conhecida, e alertar para a necessidade de ajustar os cuidados dermatológicos diários de toda a população, procurando simultaneamente prevenir dermatoses ocupacionais em profissionais na linha da frente no combate à pandemia.Several cutaneous manifestations have been described in association with infection by the severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2). These include dermatoses observed in the context of COVID-19 infection, those secondary to its treatment and, in addition, skin changes related to the use of personal protective equipment and personal hygiene measures.Dermatoses associated with SARS-CoV-2 can result from the direct action of the virus on the skin or indirect mechanisms of toxicity resulting from immunological phenomena, including the cytokine storm observed in the most severe cases. Its frequency (from 0.2 to 20.4% in the reported series) and chronology appears to be varied and, with some exceptions, in most cases it is difficult to establish a relationship between the cutaneous manifestation and the severity of the COVID-19 infection. The most common skin manifestations can be classified as exanthematic (papulo-vesicular eruption, morbilliform rash), of vascular pattern (chillblain-like,purpuric/petechial, livedoid lesions), urticarial and acro-papular eruption. In children, rare cases of pediatric multisystem inflammatory syndrome have been described. In a patient with COVID-19 and skin manifestations, one should also not exclude the possibility that they represent a skin reaction to one of the various drugs used in its treatment.In the context of the pandemic and the frequent, or even continued, use of personal protective equipment and with the constant washing and disinfection of the hands, there is an increase in dermatoses (especially of the face and hands) not only in health professionals, but also in the general population. Mechanical or friction dermatoses, irritant and allergic contact dermatitis, xerosis and dyshidrotic eczema are some of the most common ones. Worsening of pre-existing dermatoses such as acne, rosacea, seborrheic dermatitis or eczemas already diagnosed, as well as their de novo appearance in individuals without previous pathology can also be observed.As a whole, skin manifestations directly or indirectly related to the COVID-19 pandemic have changed the dermatological practice.Their knowledge contributes to the identification of suspected cases of COVID-19 and to improve care in patients with known infection. Finally, they alert to the need to adjust the daily dermatological care of the entire population, while seeking to prevent occupational dermatoses in frontline pandemic workers.Lusiadas Scientific JournalLusiadas Scientific Journal2020-12-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://doi.org/10.48687/lsj.v1i3.36oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/36Lusiadas Scientific Journal; Vol. 1 No. 3 (2020): OUTUBRO | DEZEMBRO; 117-128Lusiadas Scientific Journal; Vol. 1 N.º 3 (2020): OUTUBRO | DEZEMBRO; 117-1282184-7827reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttps://lusiadasscientificjournal.pt/index.php/lsj/article/view/36https://doi.org/10.48687/lsj.v1i3.36https://lusiadasscientificjournal.pt/index.php/lsj/article/view/36/16Copyright (c) 2020 Lusiadas Cientific Journalinfo:eu-repo/semantics/openAccessPonte, PedroCabete, JoanaTavares-Bello, Rui2022-12-20T10:57:17ZPortal AgregadorONG |
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Várias manifestações cutâneas têm sido descritas em associação à infecção pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Estas incluem as dermatoses observadas na infecção COVID-19, aquelas secundárias ao seu tratamento e, paralelamente, as alterações cutâneas relacionadas com a utilização de equipamento de protecção individual e com as medidas de higiene pessoal.As dermatoses associadas ao SARS-CoV-2 podem resultar da acção directa do vírus na pele ou de mecanismos indirectos de toxicidade resultante de fenómenos imunológicos, incluindo da tempestade de citocinas observada nos casos mais graves. A sua frequência (de 0,2% a 20,4% nas séries reportadas) e cronologia parecem ser variadas e, com algumas excepções, na maioria dos casos é difícil estabelecer uma relação entre a manifestação cutânea e a gravidade da infecção COVID-19. As manifestações cutâneas mais comuns podem ser classificadas como exantemáticas (erupção pápulo-vesiculosa, erupção morbiliforme), de padrão vascular (perniose-like, lesões purpúricas ou petequiais, livedo), de padrão urticariforme e ainda acro-papuloso. Nas crianças têm sido descritos raros casos de síndrome inflamatória multissistémica pediátrica. Num doente com COVID-19 e manifestações cutâneas não se deve, também, excluir a possibilidade de estas representarem uma reacção cutânea aos vários fármacos usados no seu tratamento. No contexto da pandemia e do uso frequente, ou mesmo continuado, de equipamento de protecção individual e com as constantes lavagens e desinfecções das mãos, assiste-se a um aumento de dermatoses (sobretudo da face e das mãos) não só em profissionais de saúde, mas também na população geral. Dermatoses mecânicas ou de fricção, dermites de contacto irritativa e alérgica, eczemas xerótico e desidrótico são algumas das mais comuns, observando-se também um agravamento de dermatoses pré-existentes como acne, rosácea, dermite seborreica ou eczemas já diagnosticados, bem como ao seu aparecimento de novo em indivíduos sem patologia prévia.No seu conjunto, as manifestações cutâneas directa ou indirectamente relacionadas com a pandemia COVID-19 vieram alterar a prática dermatológica. O seu conhecimento contribui para a identificação de casos suspeitos de COVID-19, melhorar os cuidados em doentes com infecção conhecida, e alertar para a necessidade de ajustar os cuidados dermatológicos diários de toda a população, procurando simultaneamente prevenir dermatoses ocupacionais em profissionais na linha da frente no combate à pandemia. |
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