Estudo faunístico de duas taxocenoses de macroinvertebrados bentónicos na bacia hidrográfica do Guadiana (Trichoptera e Ephemeroptera)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Parreirinha, Carla Alexandra Traguedo
Data de Publicação: 1999
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/13143
Resumo: Introdução - O conhecimento das comunidades de macroinvertebrados bentónicos é considerado vital para compreender a ecologia dos cursos de água (Margalef, 1947, 1960 in Alba-Tercedor et al., 1992). Os insectos são os macroinvertebrados bentónicos que constituem o mais numeroso, quer em número de espécies, quer em número de indivíduos, de entre os quais se destacam as Ordens Trichoptera e Ephemeroptera, que são o objecto deste trabalho. Os tricópteros e efemerópteros, apesar de serem duas das principais ordens de macroinvertebrados dos ecossistemas dulçaquícolas lóticos, e terem uma grande importância em estudos de biologia aplicada, são grupos acerca dos quais ainda se desconhece a sua composição faunística em algumas bacias hidrográficas, nomeadamente naquela em que decorreu o presente estudo, a Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana. Estas duas Ordens de insectos caracterizam-se por possuírem requerimentos ambientais muito concretos, sendo na grande maioria dos casos muito sensíveis a alterações do seu habitat. Este facto, conjuntamente com outro tipo de agressões que estão a ser levados a cabo nos os sistemas fluviais portugueses, pode conduzir ao desaparecimento de muitas espécies, antes que sejam conhecidas. Na Península Ibérica os meios fluviais são habitados por uma elevada diversidade específica. Esta região funcionou para muitas espécies, em diferentes momentos geológicos, como uma zona de refúgio ou dispersão, tornando-se por isso muito rica do ponto de vista faunistico, com numerosas espécies endémicas (Sanchez-Ortega & AlbaTercedor, 1987 in Alba-Tercedor et al., 1992). Em Portugal, nomeadamente na Bacia Hidrográfica do Guadiana, nenhum estudo de inventariação de tricópteros e efemerópteros foi levado a cabo até ao presente momento. Assim este trabalho pode contribuir para enriquecer o conhecimento faunistico desta região. O uso dos macroinvertebrados bentónicos como bioindicadores da qualidade das águas é desde há muito aceite, na medida em que estes, apresentam a vantagem de reflectirem as condições existentes antes da amostragem, ao passo que os métodos analíticos apenas oferecem uma visão pontual do estado momentâneo das águas no momento da amostragem (Alba-Tercedor, 1996; Terra, 1980; Morse, 1980; Garcia de Jálon et al., 1979-1980). 0 papel dos macroinvertebrados como bioindicadores da qualidade das águas deriva ainda de outros factores, nomeadamente do facto de serem fáceis de manusear e de recolher, e devido à sua sensibilidade face aos distintos graus de contaminação das águas, uma vez que constituem um grupo muito variado, com espécies que habitam em condições muito diversas (Garcia de Jálon, 1979-1980; Terra, 1980). Este grupo apresenta ainda outra vantagem, uma vez que face a uma perturbação necessita de um tempo mínimo de recolonização (por vezes um mês ou mais) pelo que os efeitos de um alteração podem detectar-se várias semanas ou meses após esta ter ocorrido (Alba-Tercedor, 1996). Por outro lado, as comunidades de macroinvertebrados bentónicos são influenciadas também por outras alterações do meio, que não a poluição, nomeadamente, alterações do substrato, velocidade da corrente, temperatura, vegetação, o que permite utilizar estas comunidades como descritores do funcionamento dos ecossistemas (Magalhães, 1989). Nos métodos biológicos, tanto em estudos autoecológicos como sinecológicos, é importante distinguir não só o grupo, ou ordem a que pertencem os exemplares colectados, como também a família, género, e quando possível a espécie, uma vez que existem variações no comportamento ecológico de indivíduos dentro do mesmo género (Garcia de Jálon et a1.,1979-1980). A importância da identificação das espécies neste tipo de estudos foi ressaltada por Resh & Unzicker (1975), na medida em que a informação autoecológica de um género não é fiável quando contem espécies de valência ecológica diferente. Esta necessidade do conhecimento das espécies coloca um problema importante, que se prende com o facto da taxonomia ser muitas vezes relegada para segundo plano, por não produzir resultados rápidos e chamativos, apesar do seu importante papel como a base indispensável para qualquer estudo biológico (Garcia de Jálon et a1.,1979-1980).
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Os tricópteros e efemerópteros, apesar de serem duas das principais ordens de macroinvertebrados dos ecossistemas dulçaquícolas lóticos, e terem uma grande importância em estudos de biologia aplicada, são grupos acerca dos quais ainda se desconhece a sua composição faunística em algumas bacias hidrográficas, nomeadamente naquela em que decorreu o presente estudo, a Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana. Estas duas Ordens de insectos caracterizam-se por possuírem requerimentos ambientais muito concretos, sendo na grande maioria dos casos muito sensíveis a alterações do seu habitat. Este facto, conjuntamente com outro tipo de agressões que estão a ser levados a cabo nos os sistemas fluviais portugueses, pode conduzir ao desaparecimento de muitas espécies, antes que sejam conhecidas. Na Península Ibérica os meios fluviais são habitados por uma elevada diversidade específica. Esta região funcionou para muitas espécies, em diferentes momentos geológicos, como uma zona de refúgio ou dispersão, tornando-se por isso muito rica do ponto de vista faunistico, com numerosas espécies endémicas (Sanchez-Ortega & AlbaTercedor, 1987 in Alba-Tercedor et al., 1992). Em Portugal, nomeadamente na Bacia Hidrográfica do Guadiana, nenhum estudo de inventariação de tricópteros e efemerópteros foi levado a cabo até ao presente momento. Assim este trabalho pode contribuir para enriquecer o conhecimento faunistico desta região. O uso dos macroinvertebrados bentónicos como bioindicadores da qualidade das águas é desde há muito aceite, na medida em que estes, apresentam a vantagem de reflectirem as condições existentes antes da amostragem, ao passo que os métodos analíticos apenas oferecem uma visão pontual do estado momentâneo das águas no momento da amostragem (Alba-Tercedor, 1996; Terra, 1980; Morse, 1980; Garcia de Jálon et al., 1979-1980). 0 papel dos macroinvertebrados como bioindicadores da qualidade das águas deriva ainda de outros factores, nomeadamente do facto de serem fáceis de manusear e de recolher, e devido à sua sensibilidade face aos distintos graus de contaminação das águas, uma vez que constituem um grupo muito variado, com espécies que habitam em condições muito diversas (Garcia de Jálon, 1979-1980; Terra, 1980). Este grupo apresenta ainda outra vantagem, uma vez que face a uma perturbação necessita de um tempo mínimo de recolonização (por vezes um mês ou mais) pelo que os efeitos de um alteração podem detectar-se várias semanas ou meses após esta ter ocorrido (Alba-Tercedor, 1996). Por outro lado, as comunidades de macroinvertebrados bentónicos são influenciadas também por outras alterações do meio, que não a poluição, nomeadamente, alterações do substrato, velocidade da corrente, temperatura, vegetação, o que permite utilizar estas comunidades como descritores do funcionamento dos ecossistemas (Magalhães, 1989). Nos métodos biológicos, tanto em estudos autoecológicos como sinecológicos, é importante distinguir não só o grupo, ou ordem a que pertencem os exemplares colectados, como também a família, género, e quando possível a espécie, uma vez que existem variações no comportamento ecológico de indivíduos dentro do mesmo género (Garcia de Jálon et a1.,1979-1980). A importância da identificação das espécies neste tipo de estudos foi ressaltada por Resh & Unzicker (1975), na medida em que a informação autoecológica de um género não é fiável quando contem espécies de valência ecológica diferente. Esta necessidade do conhecimento das espécies coloca um problema importante, que se prende com o facto da taxonomia ser muitas vezes relegada para segundo plano, por não produzir resultados rápidos e chamativos, apesar do seu importante papel como a base indispensável para qualquer estudo biológico (Garcia de Jálon et a1.,1979-1980).Universidade de Évora2015-03-03T15:00:35Z2015-03-031999-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10174/13143http://hdl.handle.net/10174/13143pordep. 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