As potencialidades da palma-forrageira (Opuntia ficus-indica (L.) Mill.) no Nordeste do Brasil
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Data de Publicação: | 2018 |
Outros Autores: | , , |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/23708 |
Resumo: | O semiárido brasileiro é uma região que se estende por 982.563,3 km² do território nacional e abriga um terço da população rural da população do país. É uma região caracterizada pelas limitações à produção agrícola, impostas pelas particularidades dos recursos naturais, como o clima que afeta o déficit hídrico e, por conseguinte, baixo desempenho económico das explorações agrícolas devido à distribuição das reduzidas e irregulares precipitações pluviométricas e baixo potencial de irrigação. A Opuntia ficus-indica (L.) Mill., palma-forrageira, figueira-da-índia ou palmatória como é conhecida no Nordeste, não é nativa do Brasil. É originária da América Central, provavelmente do México, estando distribuída principalmente pelas regiões áridas da América Central e do Sul e na região mediterrânica. Taxonomicamente, pertence à família Cactaceae, subfamília Opuntioidae, tribo Opuntiae, género Opuntia e vários subgéneros. A palma-forrageira é uma planta suculenta, arbustiva, ramificada e geralmente com altura que varia de 1,5 a 3 m podendo alcançar 4 m. Foi introduzida no Brasil provavelmente pelos portugueses, no período colonial, em meados do século XVIII, com o objetivo de desenvolver a criação de cochonilha-de-carmin (Dactylopius ceylonicus Green), utilizada como pigmento nas indústrias de vestuário, cosmética, tintas, farmacêutica e alimentação. A partir de 1900, com o insucesso da cultura, a planta, cujo conteúdo em água pode ser superior a 90%, passou a ser utilizada como forragem para ruminantes de pequeno porte, especialmente em regiões com longos períodos de estiagem, onde a água é escassa e há pouca alternativa de alimento. A quase totalidade do cultivo, está concentrada na Região Nordeste, que tem as condições edafo-climáticas mais favoráveis, em solos delgados, pedregosos ou arenosos, com pouca matéria orgânica, mas ricos em minerais solúveis e pH próximo de sete. A palma-forrageira, que não tolera a humidade excessiva, é uma alternativa para as regiões áridas e semiáridas do nordeste brasileiro, uma cultura que devido às suas características morfofisiológicas peculiares quanto à absorção e perda de água, está bemadaptada às condições adversas do semiárido, suportando prolongados períodos de estiagem. A grande diversidade de usos e aplicações da palma-forrageira revela a sua versatilidade apesar de ser cultivada no Semiárido para alimentação animal, não tendo a sua potencialidade explorada plenamente. Mundialmente, tem sido utilizada na alimentação humana e animal, como fonte de energia, na medicina, na indústria de cosméticos, na proteção e conservação do solo. As palmas são alternativas eficazes para combater a fome e a desnutrição no semiárido nordestino por serem ricas em vitaminas A e do complexo B e C, em minerais, como cálcio, magnésio, sódio e potássio, e em 17 tipos de aminoácidos. Em algumas regiões do Brasil é usada na medicina tradicional, com benefícios à saúde pública, no tratamento e prevenção de algumas doenças. Devido à composição da planta e dos frutos, poderá constituir um recurso importante para utilização humana, designadamente nas regiões áridas, de fracos recursos e com populações carenciadas. No Nordeste do Brasil, o seu uso na alimentação humana está condicionado pelo preconceito, porque tradicionalmente, as palmas são usadas como ração animal. |
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