Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cunha, Paulo
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.13/3580
Resumo: No contexto da luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Amílcar Cabral e o PAIGC enviaram para Cuba quatro jovens Bissau-guineenses para estudar cinema. Para Cabral, as manifestações de resistência não pretendiam apenas destruir algo, mas também, simultaneamente, construir algo novo e assumiam quatro formas complementares: política, económica, cultura e armada. Para o líder do movimento independentista, o cinema teria um papel importante na resistência cultural e na construção de alternativas ao olhar colonialista português. O jovem Amílcar Cabral sabia que as imagens “descolonizadas” seriam importantes na mobilização dos guineenses na luta pela independência, na divulgação internacional das pretensões guineenses e, em último caso, na disponibilização para “o povo português” de uma outra versão da história que fosse diferente da vinculada pelo aparelho propagandístico do olhar colonial. O objetivo deste texto será partir da célebre máxima de Cabral (« nação africana forjada na luta »; Cabral, 1974) para refletir sobre o contexto de emancipação de um olhar cinematográfico na Guiné-Bissau e do seu contributo para o processo de construção de uma suposta identidade nacional a partir deste diálogo com o cinema latino-americano na sua relação com o contexto geopolítico e ideológico da dicotomia Este-Oeste que marcou a segunda metade do século XX.
id RCAP_9e8a3cdab03a4a4b76a40e8a0a749691
oai_identifier_str oai:digituma.uma.pt:10400.13/3580
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?CinemaRevoluçãoGuiné-BissauTerceiro cinemaDescolonizaçãoRevolutionGuinea-BissauThird cinemaDecolonization.Faculdade de Artes e HumanidadesNo contexto da luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Amílcar Cabral e o PAIGC enviaram para Cuba quatro jovens Bissau-guineenses para estudar cinema. Para Cabral, as manifestações de resistência não pretendiam apenas destruir algo, mas também, simultaneamente, construir algo novo e assumiam quatro formas complementares: política, económica, cultura e armada. Para o líder do movimento independentista, o cinema teria um papel importante na resistência cultural e na construção de alternativas ao olhar colonialista português. O jovem Amílcar Cabral sabia que as imagens “descolonizadas” seriam importantes na mobilização dos guineenses na luta pela independência, na divulgação internacional das pretensões guineenses e, em último caso, na disponibilização para “o povo português” de uma outra versão da história que fosse diferente da vinculada pelo aparelho propagandístico do olhar colonial. O objetivo deste texto será partir da célebre máxima de Cabral (« nação africana forjada na luta »; Cabral, 1974) para refletir sobre o contexto de emancipação de um olhar cinematográfico na Guiné-Bissau e do seu contributo para o processo de construção de uma suposta identidade nacional a partir deste diálogo com o cinema latino-americano na sua relação com o contexto geopolítico e ideológico da dicotomia Este-Oeste que marcou a segunda metade do século XX.In the context of the struggle for Guinea-Bissau and Cape Verde independence, Amílcar Cabral and PAIGC sent four young Bissau-Guineans to Cuba to study cinema. For Cabral, demonstrations of resistance were not only intended to destroy something, but also simultaneously to construct something new and take on four complementary forms: political, economic, cultural and armed. For the leader of the movement for independence, cinema would play an important role in cultural resistance and in the construction of alternatives to the Portuguese colonialist gaze. The young Amílcar Cabral knew that the “decolonized” images would be important in the mobilization of the Guineans in their struggle for independence, in the international dissemination of the pretensions of Guinean and, in the last case, the provision to the “Portuguese people” of another version of history that was different from that linked by the propaganda apparatus of the colonial gaze. The purpose of this text will be to start from the famous maxim of Cabral (« African nation forged in the struggle »; Cabral, 1974) to reflect on the context of emancipation of a cinematographic gaze in Guinea Bissau and his contribution to the process of building a supposed national identity from this dialogue with Latin American cinema in its relation to the geopolitical and ideological context of the East-West dichotomy that marked the second half of the 20th century.Universidade da MadeiraDigitUMaCunha, Paulo2021-07-30T13:53:38Z2017-01-01T00:00:00Z2017-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.13/3580por10.34640/universidademadeira2017cunhainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-05T12:56:33Zoai:digituma.uma.pt:10400.13/3580Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:06:51.920329Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
title Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
spellingShingle Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
Cunha, Paulo
Cinema
Revolução
Guiné-Bissau
Terceiro cinema
Descolonização
Revolution
Guinea-Bissau
Third cinema
Decolonization
.
Faculdade de Artes e Humanidades
title_short Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
title_full Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
title_fullStr Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
title_full_unstemmed Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
title_sort Guiné-Bissau: uma nação africana forjada no cinema?
author Cunha, Paulo
author_facet Cunha, Paulo
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv DigitUMa
dc.contributor.author.fl_str_mv Cunha, Paulo
dc.subject.por.fl_str_mv Cinema
Revolução
Guiné-Bissau
Terceiro cinema
Descolonização
Revolution
Guinea-Bissau
Third cinema
Decolonization
.
Faculdade de Artes e Humanidades
topic Cinema
Revolução
Guiné-Bissau
Terceiro cinema
Descolonização
Revolution
Guinea-Bissau
Third cinema
Decolonization
.
Faculdade de Artes e Humanidades
description No contexto da luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Amílcar Cabral e o PAIGC enviaram para Cuba quatro jovens Bissau-guineenses para estudar cinema. Para Cabral, as manifestações de resistência não pretendiam apenas destruir algo, mas também, simultaneamente, construir algo novo e assumiam quatro formas complementares: política, económica, cultura e armada. Para o líder do movimento independentista, o cinema teria um papel importante na resistência cultural e na construção de alternativas ao olhar colonialista português. O jovem Amílcar Cabral sabia que as imagens “descolonizadas” seriam importantes na mobilização dos guineenses na luta pela independência, na divulgação internacional das pretensões guineenses e, em último caso, na disponibilização para “o povo português” de uma outra versão da história que fosse diferente da vinculada pelo aparelho propagandístico do olhar colonial. O objetivo deste texto será partir da célebre máxima de Cabral (« nação africana forjada na luta »; Cabral, 1974) para refletir sobre o contexto de emancipação de um olhar cinematográfico na Guiné-Bissau e do seu contributo para o processo de construção de uma suposta identidade nacional a partir deste diálogo com o cinema latino-americano na sua relação com o contexto geopolítico e ideológico da dicotomia Este-Oeste que marcou a segunda metade do século XX.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-01-01T00:00:00Z
2017-01-01T00:00:00Z
2021-07-30T13:53:38Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.13/3580
url http://hdl.handle.net/10400.13/3580
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 10.34640/universidademadeira2017cunha
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade da Madeira
publisher.none.fl_str_mv Universidade da Madeira
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799129938928861184