Reestruturação do trabalho bancário: velocidade e sofrimento psíquico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Grisci, Carmem Ligia Iochins
Data de Publicação: 2002
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.5/2046
Resumo: A atual conjuntura mundial é marcada por uma gama de transformações que afetam a economia e as sociedades nacionais. A hegemonia do capital financeiro, a liberalização dos mercados, o acirramento da competição inter-capitalista são alguns dos fenômenos que conduzem, entre outras conseqüências, a um novo patamar de integração econômica e a uma nova divisão internacional do trabalho que comporta a formação de blocos regionais. Neste cenário, a reestruturação produtiva, desencadeada em resposta à crise do modelo tayloristafordista em que se alicerçava a economia desde o final da II Guerra Mundial, dá-se pelas inovações tecnológicas, principalmente, de base microeletrônica e de formas de gestão da produção e do trabalho. Estudos realizados por diversos autores a respeito do capital (Castells, 1999; Harvey, 1993; Dupas, 2000; Cocco, 2000) convergem na análise de que o capitalismo passa já há algum tempo por um profundo processo de reestruturação, bem como o modelo tayloristafordista de produção. Nos anos 90, as conseqüências dessa reestruturação se fazem notar na precarização do trabalho, bem como no crescimento do desemprego de longa duração. Para aqueles trabalhadores aos quais Harvey (1993) denomina periféricos, essas conseqüências são ainda mais agravadas. Além do que, conforme refere Castel (1998, p. 569) "os 'excluídos' são, na maioria das vezes, vulneráveis que estavam 'por um fio' e que caíram", o que vem a ser corroborado por Forrester (1997). Com a consolidação do processo de globalização nos anos 90, as desregulamentações e privatizações, no âmbito das empresas, são colocadas em voga no sentido de aumentar a competitividade via inovações tecnológicas e organizacionais. O novo sistema produtivo privilegia a organização em forma de redes em que relações de grandes empresas com pequenas e médias empresas, muitas vezes em caráter transnacional, traduz-se num forte desequilíbrio de poder entre elas (Castells, 1999), apontando para alguns limites da globalização que, na visão de Bauman (1999), tanto divide quanto une, abrindo um fosso cada vez maior entre os que têm e os que não têm. Uma nova configuração em forma de redes vem sendo adotada pelas empresas atuais, o que se constitui como uma das mais importantes mutações do capitalismo contemporâneo (Chesnais, 1996; Castells, 1999). Tal configuração requer alterações do processo produtivo e da organização do trabalho a fim de responder às flutuações do mercado, o que se dá pela adoção de tecnologias microeletrônicas, e pelas mudanças impostas tanto no processo quanto nas relações de trabalho, resultando, por vezes, precarização das condições de trabalho e de emprego.
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