Perfis de β-hidroxibutirato no leite e a sua associação com afeções do pós-parto na vaca leiteira de alta produção

• Main Author: Lei, Mariana Alves Caipira
• Publication Date: 2021
• Format: Master thesis
• Language: por
• Source: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Download full: http://hdl.handle.net/10348/10496
• topic: BHB; cetose

O presente trabalho teve como principal objetivo avaliar os diferentes perfis de βhidroxibutirato (BHB) e do rácio teor butiroso/teor proteico (rácio TB/TP) no leite em vacas de alta produção, de raça Holtein ou Holstein-Frísia, acometidas por doenças no pós-parto. No estudo 1, realizado na clínica Vestjyske Dyrlaeger ApS (Dinamarca), durante os primeiros 5 contrastes leiteiros (DEL1 a DEL5), foram constituídos 5 grupos: A (grupo controlo, sem doenças; n=32), B (vacas com deslocamento de abomaso à esquerda -DAE- e doenças concomitantes; n= 25); C (vacas com diversas outras doenças que não DAE até DEL3; n=13); D (vacas com afeções podais até DEL3; n=26); e E (vacas com manifestação de doenças em DEL4 e DEL5; n=26). Todas as vacas dos grupos B, C, D e E foram tratadas após o diagnóstico, sendo realizada laparoscopia às vacas com DAE. O BHB, gordura e proteína do leite foram determinados nos laboratórios Eurofins. Tanto no perfil do BHB como no do rácio TB/TP, observou-se um efeito significativo entre grupos, DEL e interação grupos x DEL. Observou-se no grupo B, uma maior cetoláctea (BHB = 0,18±0,02 mmol/L; p<0,001) do que no grupo controlo (BHB = 0,07±0,02 mmol/L; p<0,001) em DEL1, apresentando um odds ratio (OR) = 8,9. Em todos os grupos, o BHB decresceu para cerca de 0,03-0,04 mmol/L (p<0,05) a partir de DEL3. O rácio TB/TP foi maior no grupo B (1,77±0,07) do que no grupo A (1,32±0,06); ((p<0,05) Foi observado, em geral, que animais do grupo B tinham cerca de 4 a 6 vezes mais chance de apresentar um rácio TB/TP≥1,31 durante o DEL 1 (OR=4,0; IC95%: 1,3-14,4; p =0,01) e DEL2 (OR=5,9; IC95%: 1,9-21,9; p <0,01) do que em vacas do grupo A. Foram, ainda, observadas correlações moderadas e elevadas entre o rácio TB/TP e o BHB para DEL1 (r=0,57; r2=0,33; RSD=0,303; p<0,001) e DEL2 (r=0,78; r2=0,60, RSD=0,180; p<0,001) , respetivamente. . No estudo 2, realizado na Proleite, Cooperativa Agrícola Produtora de Leite, C.R.L. (Portugal) foram usados os registos de contraste leiteiro da Bovinfor®, respeitantes a 1217 vacas. Observou-se também que as vacas com BHB ≥ 0,14 mmol/L estavam associadas a uma maior CCS (CCS log 10 = 2,11±0,03; p=0,01) do que em vacas abaixo desse limiar (CCS log 10 = 2,01±0,02; p=0,01). Neste estudo, e usando valores de DEL1 a DEL3, observou-se que o limiar do rácio TB/TP de 1,31 (AUC da curva ROC = 0,63; p<0,001) tem valor preditivo (sensibilidade de 66,7% e especificidade de 54,7%) da concentração láctea de BHB ≥ 0,14 mmol/L similar ao limiar de BHB ≥ 0,20 mmol/L (AUC= 0,63; sensibilidade = 68,7% e especificidade = 51,8%), o qual é geralmente usado nas explorações. Concluímos que os animais afetados por DAE no pós-parto apresentam maior cetoláctea em DEL1 e que todos os animais tratados com sucesso clínico recuperam rapidamente os níveis de BHB em DEL3. O rácio TB/TP é um indicador viável e económico, principalmente em DEL1 e DEL2, que pode ser usado para estimar a concentração de BHB e balanço energético em vacas com DAE e outras doenças do pós-parto.