Principais Causas de Dermatite de Contacto Alérgica Ocupacional: Um Estudo de Três Anos no Centro de Portugal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pestana, Catarina
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: Gomes, Raquel, Pinheiro, Vítor, Pinto-Gouveia, Miguel, Antunes, Isabel, Gonçalo, Margarida
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/108405
https://doi.org/10.20344/amp.6605
Resumo: Introdução: A dermatite de contacto alérgica, tal como a dermatite de contacto irritativa e as reações imediatas, urticária de contacto, são as principais doenças dermatológicas profissionais mas raramente notificadas aos sistemas nacionais de vigilância de riscos profissionais. Pretendemos avaliar as profissões mais frequentemente relacionadas com o diagnóstico de dermatite de contacto alérgica, os alergénios mais frequentemente envolvidos e a sua relação com a modificação da exposição profissional. Material e Métodos: Efetuámos um estudo retrospetivo (2012 - 2014) nos pacientes que realizaram testes epicutâneos na Consulta de Alergologia do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Foram estudadas as características demográficas dos pacientes com dermatite de contacto alérgica ocupacional, identificados os alergénios, caracterizada a sua profissão e o efeito da modificação ou abandono do posto de trabalho na evolução da doença. Resultados: Entre os 941 doentes testados, 77 (8,2%) sofriam de dermatite de contacto alérgica ocupacional comprovada por 169 testes epicutâneos positivos relacionados com exposição laboral, 55 detetados na série básica e 114 nas séries complementares de alergénios. A maior parte dos casos envolvia as mãos (88,3%) e as atividades profissionais mais afetadas foram os cabeleireiros/estética de unhas devido à manipulação de (met)acrilatos, os alergénios mais frequentemente encontrados entre as dermatites de contacto alérgicas ocupacionais. Destes doentes 27,3% abandonaram o trabalho, 23,4% mudaram de posto de trabalho e 49% fizeram evicção do alergénio responsável, do que resultou a resolução da dermatite de contacto alérgica em 39% dos casos e melhoria noutros 39%, não havendo qualquer melhoria das lesões cutâneas em 22%. Discussão: Este estudo, apesar de incluir apenas doentes da zona centro do país, avalia um número elevado de doentes com profissões variadas e testados com extensas séries de alergénios. Os alergénios e profissões classicamente referidas (mistura de tiurans, parafenilenodiamina, crómio, cobalto e em profissionais de saúde, cabeleireiros e construção civil) diagnosticados pela série básica de alergénios foram largamente ultrapassados pelos (met)acrilatos, a principal causa de dermatite de contacto alérgica ocupacional, particularmente em esteticistas. Salientamos ainda, de forma transversal a várias profissões, a metilsiotiazolinona como o segundo alérgeno mais frequente, certamente relacionado com a corrente ‘epidemia’ de alergia de contacto a este conservante. Conclusão: Apesar de a estética ungueal não ser referida como uma profissão de elevado risco de dermatite de contacto alérgica na maioria dos estudos, as tendências atuais da moda com o recurso frequente a unhas de gel, o desempenho desta profissão por indivíduos habitualmente pouco informados quanto aos riscos, aliado ao elevado potencial sensibilizante dos (met)acrilatos, motiva certamente a elevada frequência destes casos entre nós.
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Pretendemos avaliar as profissões mais frequentemente relacionadas com o diagnóstico de dermatite de contacto alérgica, os alergénios mais frequentemente envolvidos e a sua relação com a modificação da exposição profissional. Material e Métodos: Efetuámos um estudo retrospetivo (2012 - 2014) nos pacientes que realizaram testes epicutâneos na Consulta de Alergologia do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Foram estudadas as características demográficas dos pacientes com dermatite de contacto alérgica ocupacional, identificados os alergénios, caracterizada a sua profissão e o efeito da modificação ou abandono do posto de trabalho na evolução da doença. Resultados: Entre os 941 doentes testados, 77 (8,2%) sofriam de dermatite de contacto alérgica ocupacional comprovada por 169 testes epicutâneos positivos relacionados com exposição laboral, 55 detetados na série básica e 114 nas séries complementares de alergénios. A maior parte dos casos envolvia as mãos (88,3%) e as atividades profissionais mais afetadas foram os cabeleireiros/estética de unhas devido à manipulação de (met)acrilatos, os alergénios mais frequentemente encontrados entre as dermatites de contacto alérgicas ocupacionais. Destes doentes 27,3% abandonaram o trabalho, 23,4% mudaram de posto de trabalho e 49% fizeram evicção do alergénio responsável, do que resultou a resolução da dermatite de contacto alérgica em 39% dos casos e melhoria noutros 39%, não havendo qualquer melhoria das lesões cutâneas em 22%. Discussão: Este estudo, apesar de incluir apenas doentes da zona centro do país, avalia um número elevado de doentes com profissões variadas e testados com extensas séries de alergénios. Os alergénios e profissões classicamente referidas (mistura de tiurans, parafenilenodiamina, crómio, cobalto e em profissionais de saúde, cabeleireiros e construção civil) diagnosticados pela série básica de alergénios foram largamente ultrapassados pelos (met)acrilatos, a principal causa de dermatite de contacto alérgica ocupacional, particularmente em esteticistas. Salientamos ainda, de forma transversal a várias profissões, a metilsiotiazolinona como o segundo alérgeno mais frequente, certamente relacionado com a corrente ‘epidemia’ de alergia de contacto a este conservante. Conclusão: Apesar de a estética ungueal não ser referida como uma profissão de elevado risco de dermatite de contacto alérgica na maioria dos estudos, as tendências atuais da moda com o recurso frequente a unhas de gel, o desempenho desta profissão por indivíduos habitualmente pouco informados quanto aos riscos, aliado ao elevado potencial sensibilizante dos (met)acrilatos, motiva certamente a elevada frequência destes casos entre nós.Introduction: Allergic contact dermatitis, along with irritant contact dermatitis and immediate contact reactions, contact urticarial, are the most frequent dermatological occupational disease, but seldom reported to the National authorities. Material and Methods: We performed a 3-year retrospective study at the allergology section in the Dermatology Clinic of the University Hospital of Coimbra to evaluate the main occupations diagnosed as occupational allergic contact dermatitis, most common allergens and the effect of the modification of the work station in the evolution of the disease. Results: During 2012 - 2014 among the 941 patch tested patients, 77 (8.2%) were diagnosed with occupational allergic contact dermatitis, with 169 positive patch tests related to occupational exposure, 55 detected within the baseline and 114 in complementary test series. In most cases allergic contact dermatitis involved the hands (88.3%), main professional activities were nail estheticians and hairdressers due to the manipulation of (meth)acrylates, the most common allergen in the study. After the diagnosis, 27.3% abandoned the work, 23.4% changed the work station, 49% avoided exposure to the responsible allergen. Contact dermatitis resolved in 39% of the patients, improved in 39% but had no change in the remaining 22%. Discussion: This study, although including only patients from the center of Portugal, evaluates a large sample of patients with different occupations studied with a larger variety of allergens. Apart from classical allergens and professions responsible for occupational allergic contact dermatitis that we found in lower numbers (thiuram mix, paraphenylenodiamine, chromium and cobalt in health care workers, hairdressers and in the building industry), (meth)acrylates tested outside the European and Portuguese Baseline Series were the main cause of occupational allergic contact dermatitis, namely in nail estheticians. Methylisothiazolinone, the second more frequent occupational contact allergen in the present study was identified in different occupations as a result of the widespread use of this preservative that is causing a real ‘epidemics’ of allergic contact dermatitis all over Europe in the last years. Conclusion: Nail estheticians are not usually referred as an occupation with a high risk of developing allergic contact dermatitis. Nevertheless, the current fashion combined with professionals poorly informed about the risk of their activity and the high sensitizing potential of (meth)acrylates, leads to a higher frequency of allergic contact dermatitis in recent yearsOrdem dos Medicos2016-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/108405http://hdl.handle.net/10316/108405https://doi.org/10.20344/amp.6605por1646-07580870-399XPestana, CatarinaGomes, RaquelPinheiro, VítorPinto-Gouveia, MiguelAntunes, IsabelGonçalo, Margaridainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-08-29T09:57:05Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/108405Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:24:42.308721Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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