Quando o Fado é confissão: "e na minha confissão/vão as rimas do meu fado"
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2005 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/23357 |
Resumo: | O fado nasceu na década de 1830. De lá para cá foi quase tudo: sátira, canção de combate contra o regime e a igreja, voz contra as injustiças sociais ou como crónica de costumes; foi “canto peregrino”, canção de amor e saudade, de ciúme e de traição, elogio musicado das virtudes da singeleza ou da modéstia. O fado foi ainda lenitivo para quem partiu à procura de melhor, cartão de visita em viagens para destinos onde não se falava português. Do fado, por ser considerado inferior, fugiram alguns poetas; desse mesmo fado se aproximaram outros poetas à boleia de um olhar arrojado e diferente. O fado pode ser um género musical. Mas o fado pode ser também uma confissão. Para isso não basta cantar-se o fado Menor ou o Mouraria, juntar-lhe poesia e um conjunto de guitarras. Para o fado ser confissão é preciso reunir um conjunto de condições: quem canta, o que canta, quando canta, onde canta ou como canta. Em 1927 começaria a censura; em 1962 Amália gravaria o álbum Busto. Nos 35 anos que medeiam uma data e outra o fado viveu um tempo durante o qual a criatividade das letras se expandiu até ficar do tamanho dos bairros populares, das vidas dos seus moradores; um tempo durante o qual se cantaram as vidas corriqueiras com palavras que eram de todos, porque entendidas por todos. Um período durante o qual o fado, pela sua dimensão de partilha e de expressão de intimidade, mais se aproximou de ser prece, pranto ou pregão Um período durante o qual o fado mais se aproximou de ser confissão, tal como a conhecemos no sentido da Religião. O objectivo deste trabalho é o de definir – entre 1927 e 1962 – as condições em que o fado é confissão e as condições em que é apenas um género musical. |
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Quando o Fado é confissão: "e na minha confissão/vão as rimas do meu fado"Fado - História e críticaEmoções - Na arteEmoções - Na literaturaCarácter nacional portuguêsTeses de mestrado - 2015Teoria da literaturaO fado nasceu na década de 1830. De lá para cá foi quase tudo: sátira, canção de combate contra o regime e a igreja, voz contra as injustiças sociais ou como crónica de costumes; foi “canto peregrino”, canção de amor e saudade, de ciúme e de traição, elogio musicado das virtudes da singeleza ou da modéstia. O fado foi ainda lenitivo para quem partiu à procura de melhor, cartão de visita em viagens para destinos onde não se falava português. Do fado, por ser considerado inferior, fugiram alguns poetas; desse mesmo fado se aproximaram outros poetas à boleia de um olhar arrojado e diferente. O fado pode ser um género musical. Mas o fado pode ser também uma confissão. Para isso não basta cantar-se o fado Menor ou o Mouraria, juntar-lhe poesia e um conjunto de guitarras. Para o fado ser confissão é preciso reunir um conjunto de condições: quem canta, o que canta, quando canta, onde canta ou como canta. Em 1927 começaria a censura; em 1962 Amália gravaria o álbum Busto. Nos 35 anos que medeiam uma data e outra o fado viveu um tempo durante o qual a criatividade das letras se expandiu até ficar do tamanho dos bairros populares, das vidas dos seus moradores; um tempo durante o qual se cantaram as vidas corriqueiras com palavras que eram de todos, porque entendidas por todos. Um período durante o qual o fado, pela sua dimensão de partilha e de expressão de intimidade, mais se aproximou de ser prece, pranto ou pregão Um período durante o qual o fado mais se aproximou de ser confissão, tal como a conhecemos no sentido da Religião. O objectivo deste trabalho é o de definir – entre 1927 e 1962 – as condições em que o fado é confissão e as condições em que é apenas um género musical.Fado was born in the 1830s. Since then Fado was almost everything: satire, voice against the regime, the church or social injustice, a mere chronicle; Fado was a song of love and longing, jealousy and betrayal, musical praise of the virtues of simplicity and modesty; Fado was solace for those who emigrated in search of a better life; Fado was a business card on destinations where Portuguese was not spoken. Fado, being considered inferior, drove off some poets; other poets approached Fado because of someone’s audacious and distinctive look. Fado can be a musical genre. But Fado can also be Confession. It is not enough, though, to sing the Menor or the Mouraria, to add some poetry and a set of guitars. For Fado to be Confession it is necessary to meet some conditions: who is singing, what, when, where and how is someone singing. In 1927 censorship is established; in 1962 Amália records the album Busto. In the meantime, Fado lived a time during which the creativity of the poetry encompassed the small neighbourhoods and their inhabitants; a time during which the poets sang the everyday lives using words that everyone understood. A period during which Fado, due to its dimensions of sharing and expression of intimacy, came to being a prayer, weeping or cry. A period during which Fado came to being Confession, as we know it in the religious sense. The purpose of this work is to define - between 1927 and 1962 - the conditions under which Fado is confession and the conditions under which it is just a musical genre.Tamen, MiguelRepositório da Universidade de LisboaBragança, João Maria Lencastre de2016-04-11T12:48:04Z200520152005-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/23357TID:201976323porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:11:18Zoai:repositorio.ul.pt:10451/23357Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:40:43.715318Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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