Envolvimento emocional inicial dos pais com o bebé

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Figueiredo, Bárbara
Data de Publicação: 2005
Outros Autores: Costa, Raquel A., Marques, A., Pacheco, Alexandra P., Pais, A.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/4715
Resumo: Embora a vinculação da criança aos pais tenha sido largamente investigada, a vinculação dos pais à criança está praticamente por estudar. A ideia de que o envolvimento emocional dos pais é uma circunstância determinante para a qualidade da interacção e dos cuidados que providenciam, e, por consequência, um factor que influencia o desenvolvimento da criança, tem sido contudo amplamente divulgada na literatura. O estudo que apresentamos neste artigo destina-se a investigar o envolvimento emocional inicial dos pais com o bebé. Desenvolve-se em torno de 3 objectivos principais: 1) descrever o envolvimento emocional com o recém-nascido, das mães e dos pais, na primeira semana que se segue ao parto; 2) analisar diferenças, entre mães e pais, no envolvimento emocional inicial com o filho; 3) avaliar mudanças no envolvimento emocional com o bebé das mães, durante a primeira semana do pós-parto. Para esse efeito, a escala Bonding (Figueiredo, Marques, Costa, Pacheco, & Pais, 2004) foi administrada nas 24 horas seguintes ao parto, a 150 mães, e, entre as 24 e as 48 horas do pós-parto, a 315 mães e 141 pais (N=456), cujos bebés nasceram na Maternidade Júlio Dinis (Porto). Os resultados obtidos mostram que, na semana seguinte ao parto, a maior parte das mães e dos pais relata: (1) elevado envolvimento emocional positivo (respectivamente, 71% e 73%), (2) pelo menos uma emoção não claramente relacionada com o ‘bonding’ (respectivamente, 76% e 70.9%), (3) ausência de emoções negativas para com o filho (embora algum envolvimento emocional negativo esteja presente em 21% das mães e 16.3% dos pais). Mostram também que, embora não seja muito diferente o envolvimento emocional das mães e dos pais em relação ao recém-nascido, as mães sentem-se, contudo, significativamente mais tristes, mais possessivas e mais receosas e, no geral, exibem mais emoções não claramente relacionadas com o ‘bonding’ e estão menos vinculadas ao bebé do que os pais, 48 horas depois do parto. Da análise dos resultados surge ainda que, 48 horas depois do parto, as mães estão significativamente menos receosas na presença do bebé do que nas primeiras 24 horas e que as emoções não claramente relacionadas com o ‘bonding’ tendem a diminuir ao longo dos primeiros dias do puerpério. Conclui-se assim que, na semana seguinte ao nascimento do bebé, (1) a generalidade das mães e dos pais exibe elevado envolvimento positivo, pelo menos uma emoção não claramente relacionada com o ‘bonding’, diminuto ou ausente envolvimento emocional negativo com o filho. (2) Os pais têm um melhor envolvimento emocional inicial com o recém-nascido do que as mães. (3) Num tão curto espaço de tempo quanto um dia, observam-se ligeiras mudanças positivas na qualidade das emoções que as mães dirigem ao bebé. Conclui-se ainda a propósito da importância de investigar o envolvimento emocional inicial dos pais com o bebé e de reflectir acerca das condições que podem beneficiar o ‘bonding’ das mães e dos pais, nos momentos que se seguem ao parto.
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Desenvolve-se em torno de 3 objectivos principais: 1) descrever o envolvimento emocional com o recém-nascido, das mães e dos pais, na primeira semana que se segue ao parto; 2) analisar diferenças, entre mães e pais, no envolvimento emocional inicial com o filho; 3) avaliar mudanças no envolvimento emocional com o bebé das mães, durante a primeira semana do pós-parto. Para esse efeito, a escala Bonding (Figueiredo, Marques, Costa, Pacheco, & Pais, 2004) foi administrada nas 24 horas seguintes ao parto, a 150 mães, e, entre as 24 e as 48 horas do pós-parto, a 315 mães e 141 pais (N=456), cujos bebés nasceram na Maternidade Júlio Dinis (Porto). Os resultados obtidos mostram que, na semana seguinte ao parto, a maior parte das mães e dos pais relata: (1) elevado envolvimento emocional positivo (respectivamente, 71% e 73%), (2) pelo menos uma emoção não claramente relacionada com o ‘bonding’ (respectivamente, 76% e 70.9%), (3) ausência de emoções negativas para com o filho (embora algum envolvimento emocional negativo esteja presente em 21% das mães e 16.3% dos pais). Mostram também que, embora não seja muito diferente o envolvimento emocional das mães e dos pais em relação ao recém-nascido, as mães sentem-se, contudo, significativamente mais tristes, mais possessivas e mais receosas e, no geral, exibem mais emoções não claramente relacionadas com o ‘bonding’ e estão menos vinculadas ao bebé do que os pais, 48 horas depois do parto. Da análise dos resultados surge ainda que, 48 horas depois do parto, as mães estão significativamente menos receosas na presença do bebé do que nas primeiras 24 horas e que as emoções não claramente relacionadas com o ‘bonding’ tendem a diminuir ao longo dos primeiros dias do puerpério. Conclui-se assim que, na semana seguinte ao nascimento do bebé, (1) a generalidade das mães e dos pais exibe elevado envolvimento positivo, pelo menos uma emoção não claramente relacionada com o ‘bonding’, diminuto ou ausente envolvimento emocional negativo com o filho. (2) Os pais têm um melhor envolvimento emocional inicial com o recém-nascido do que as mães. (3) Num tão curto espaço de tempo quanto um dia, observam-se ligeiras mudanças positivas na qualidade das emoções que as mães dirigem ao bebé. Conclui-se ainda a propósito da importância de investigar o envolvimento emocional inicial dos pais com o bebé e de reflectir acerca das condições que podem beneficiar o ‘bonding’ das mães e dos pais, nos momentos que se seguem ao parto.Although child attachment toward the parents has been largely studied, we still have a lot to know about how parents attach to infants. Nevertheless, the literature has been highlighting for so long that the parents’ emotional involvement is a determinant factor in the quality of the interaction and the care that they provided to the child. This study investigates the parents’ initial emotional bonding toward the newborn, attending to 3 main objectives: (1) to describe parents’ emotional involvement with the infant in the first postpartum week, (2) to analyse differences in the initial emotional bonding, between mothers and fathers; 3) to evaluate changes in the mother’s emotional involvement with the infant during the first postpartum week. The Bonding Scale (Figueiredo, Marques, Costa, Pacheco, & Pais, 2004) was administrated to 150 mothers, 24 hours after the delivery, and to 315 mothers and 141 fathers (N=456), at 1 to 2 days postpartum (at the Júlio Dinis Maternity Hospital. Porto). The results show that in the week following the delivery, most mothers and fathers report: (1) high positive emotional involvement (71% and 73%, respectively); (2) at least one emotion not clearly related with bonding (76% and 70.9%, respectively); (3) no negative emotions toward the infant (although some negative emotional involvement is present in 21% of the mothers and 16.3% of the fathers). Results also show that 48 hours after delivery mother’s and father’s emotional involvement toward the newborn is not so different, but mothers feel significantly more sad, possessive and fearful, and in general have more emotions not clearly related with bonding as well as worse bonding than fathers. The results also show that mothers are significantly less fearful in the presence of the infant at day 2 than at day 1, and emotions not clearly related with bonding tend to decrease in the first following delivery days. We conclude that in the first week after childbirth, (1) most mothers and fathers have high positive involvement, at least one emotion not clearly related with bonding, low or absent negative emotional involvement with the infant. (2) Fathers have a better initial bonding with the newborn than mothers. (3) In a very short period of time (1 day) slightly positive changes in the quality of the mother’s emotions toward the child can be observed. We also conclude that studying the parents’ emotional involvement with the baby and considering the conditions that might benefit the mother’s and father’s emotional involvement, in the moments that follow childbirth, are very important issues.Serviço de Saúde e Desenvolvimento Humano da Fundação Calouste Gulbenkian.Sociedade Portuguesa de PediatriaUniversidade do MinhoFigueiredo, BárbaraCosta, Raquel A.Marques, A.Pacheco, Alexandra P.Pais, A.20052005-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/4715por"Acta Pediátrica Portuguesa". ISSN 0301-147X. 36:2-3 (2005) 121-131.0301-147Xinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:06:57Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/4715Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T18:57:46.619599Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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