Contribuição para o estudo das transfusões de sangue inteiro em cães e gatos: suas indicações, efeitos e complicações

• Autor(a) principal: Cunha, Luís Filipe Godinho da
• Data de Publicação: 2009
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/2638
• topic: Cães; Gatos; Transfusão de sangue

A constante melhoria dos serviços médico-veterinários resultaram em técnicas de emergência e de suporte de vida cada vez mais avançadas. A terapia transfusional é um recurso já generalizado que pode auxiliar na recuperação de um doente face à patologia primária. Todavia, o número de reacções transfusionais tem crescido concomitantemente com o número de transfusões realizadas. Maximizar os benefícios e minimizar os riscos associados a uma transfusão sanguínea passa pela correcta tipificação e realização da prova cruzada, mas também por uma monitorização atenta da resposta do doente. O principal objectivo do presente estudo foi esclarecer os efeitos da transfusão de sangue inteiro em cães e gatos, estabelecendo uma relação com o desfecho clínico dos doentes. Foram monitorizados 15 animais (9 cães e 6 gatos) num total de 19 transfusões de sangue inteiro; 3 animais receberam mais do que uma unidade de sangue. As indicações mais comuns para realização da transfusão foram hemorragia aguda (47%), anemia (33%) e coagulopatia (20%). O hematócrito (Ht) pré-transfusional médio dos animais com hemorragia aguda (18%) foi substancialmente superior ao dos animais com anemia (15%) ou coagulopatia (15%). A taxa de sobrevivência ao sexto dia pós-transfusão foi maior no grupo etiológico da coagulopatia (80,0%) e da anemia (66,7%), e menor no grupo da hemorragia aguda (42,9%). Após a transfusão, a frequência de pulso e a contagem de plaquetas diminuíram significativamente; e houve um aumento significativo da temperatura corporal nos animais hipotérmicos. A temperatura pós-transfusão, a variação do Ht, e a diferença entre o Ht real e o Ht esperado, constituíram critérios de prognóstico significativos. Em média, cada 20 mL/Kg de volume de sangue administrado aumentou o Ht em 16 unidades percentuais. Os animais que receberam um volume sanguíneo maior obtiveram um aumento mais evidente do Ht e, consequentemente, uma maior taxa de sobrevivência. No decurso deste estudo foi detectada uma reacção transfusional aguda de carácter não-hemolitico, que foi eficazmente tratada.