Proteção biológica de conservação contra pragas de plantas aromáticas e medicinais em estufa. Um contributo.

• Autor(a) principal: Cardoso, Pedro Filipe Pinto
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/10754
• topic: Limitação natural; Artrópodes auxiliares

A proteção biológica de conservação procura criar condições para a instalação e manutenção, nos ecossistemas agrários, de artrópodes auxiliares capazes de assegurarem a regulação das populações das pragas das culturas. Desta forma, tornase fundamental a manutenção e otimização, no ecossistema agrícola, de infraestruturas ecológicas capazes de propiciarem essas condições. Com o presente trabalho, que decorreu na exploração de plantas aromáticas e medicinais Rupestris, pretendeu-se: a) contribuir para o conhecimento dos artrópodes, e em particular dos auxiliares, associados àquelas culturas, e b) identificar espécies de plantas potencialmente interessantes no incremento da atuação daqueles auxiliares, ao permitirem o acesso ao seu néctar, enquanto fonte de alimento. No período em estudo foram inventariadas 96 espécies de plantas pertencentes a 32 famílias: 44 espécies pertencentes ao estrato herbáceo, 31 ao arbustivo, 19 ao arbóreo e 2 às trepadeiras. As famílias mais representativas foram: Lamiaceae (33,33%), Rosaceae (10,42%) e Fabaceae (8,33%). Para avaliação da acessibilidade dos artrópodes ao néctar, selecionaram-se 34 destas espécies. Destas, apenas uma espécie (Teucrium fruticans) apresenta nectários expostos, enquanto as restantes possuem nectários protegidos. A largura da corola das espécies em estudo, variou entre 0,45 ± 0,03 mm em Coleostephus myconis e 5,45 ± 0,20 mm em Trifolium repens. A profundidade da corola das espécies com nectários protegidos variou entre 0,90 ± 0,02 mm em Daucus carota e 30,57 ± 1,04 mm em Digitalis purpurea. Colheram-se 1.147 exemplares de artrópodes pertencentes a 246 morfoespécies, de duas classes (Arachnida e Insecta) e oito ordens. Os Hemiptera foram os mais representativos (29,12%), seguindo-se os Coleoptera (23,34%) e Diptera (18,92%). Estes artrópodes pertenciam a seis grupos funcionais: fitófagos (36,21%), omnívoros (17,29%), predadores (9,19%), parasitoides (7,87%), polinizadores (1,25%) e detritívoros (0,86%). Os grupos de artrópodes considerados mais importantes, para avaliação, relativamente às espécies de plantas anteriormente selecionadas foram: Cantharidae, Malachiidae, Mordellidae, Coccinellidae, Thomisidae, Araneidae, Salticidae, Parasitica, Apidae, Syrphidae e Chrysopidae. Os resultados indicaram ser Trifolium repens a espécie que, teoricamente possibilita o acesso ao seu néctar floral, por parte do maior número de grupos de artrópodes. Também Ajuga reptans, Cichorium intybus, Convolvulus arvenses, Digitalis purpurea, Fumaria muralis, Geranium lucidum, Lamium maculatum, Rosmarinus officinalis, Salvia coccinea, e Trifolium pratensis possibilitam, teoricamente, acessibilidade do seu néctar a um grande número de grupos de artrópodes. Por outro lado, as espécies da flora cujo néctar se mostrou teoricamente menos acessível são: Daucus carota, Jasione montana, Lavandula peduncolata e Thymus vulgaris. Com base nos resultados obtidos apresenta-se uma proposta para a implantação de novas áreas na exploração, na forma de infraestruturas ecológica.