Flora Microbiana, Sistema Imunitário e Atopia

Bibliographic Details
Main Author: Mota-Pinto, Anabela
Publication Date: 2004
Other Authors: Todo-Bom, Ana
Format: Article
Language: por
Source: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Download full: http://hdl.handle.net/10316/20233
Summary: A microflora, particularmente a intestinal, pode representar (como se entende dos vários estudos realizados), um dos estímulos principais para uma maturação “normal” das funções imunológicas. A atopia é considerada uma patologia do foro imunitário com um predomínio Th2. O aumento da produção de IgE associada a antigénios do meio ambiente pode conduzir ao aparecimento de manifestações clínicas. Estudos recentes confirmam um aumento das doenças alérgicas (em que a resposta imunitária apresenta um domínio Th2) e das doenças auto imunes (em que a resposta imunitária apresenta um domínio Th1), sendo que, a ocorrência destas patologias é maior nos países industrializados. A hipótese da higiene propõe que este rápido aumento da atopia esteja relacionado com uma redução da exposição a infecções cedo na vida. Esta hipótese assenta em trabalhos que demonstram que a resposta imunitária a antigénios de microrganismos se acompanha da expressão preferencial de citocinas tipo Th1, contrabalançando a produção de citocinas Th2 característica dos recém-nascidos. A polarização Th2 aumenta a produção de IgE, atopia e doenças alérgicas. Por se saber que a estimulação microbiana primária, major, ocorre no ser humano com o estabelecimento da flora intestinal, tem-se sugerido que a exposição à microflora comensal possa representar uma chave moduladora do sistema imunitário contra a patrologia atópica. É esta interface, bactérias intestinais sistema imunitário das mucosas, que permite uma defesa dos microrganismos patogénicos e um estímulo para o sistema imunitário. Necessariamente, o sistema imunitário das mucosas precisa de estar em equilíbrio, sem o qual a maturação do sistema imunitário e a defesa do organismo poderão ser postas em causa. A relação entre a redução da incidência de doenças infecciosas e o aumento da incidência de patologia alérgica, por um lado, e o aparente efeito protector das infecções em relação a estas patologias mediadas pela resposta imunitária, por outro lado, conduzem à necessidade de comprovar esta evidência epidemiológica e de aumentar os estudos em relação a possíveis meios terapêuticos nesta área.