Medicina e reprodução de espécies pecuárias e equídeos

• Autor(a) principal: Ferreira, Beatriz Isabel Miguéis Henriques
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/11893
• topic: piometra; placentite

O presente relatório de estágio descreve as atividades desenvolvidas ao longo de seis meses de estágio em Clínica de Espécies Pecuárias, Medicina de Produção Bovina Leiteira e em Medicina, Cirurgia e Reprodução de Equídeos. Neste relatório também são descritos e discutidos três casos clínicos, todos relacionados com doenças do Sistema Reprodutor. O primeiro caso clínico, observado em Muge, Santarém, relata uma piometra numa égua nulípara de 17 anos. Os sinais clínicos eram inespecíficos, sendo caraterizados essencialmente por síndroma cólico. O exame ecográfico por ecografia transretal, permitiu chegar ao diagnóstico. Optou-se por um tratamento convencional baseado em lavagens uterinas com solução salina isotónica; antibioterapia com penicilina, ceftiofur e gentamicina, antibióticos com amplo espetro de ação quando combinados e administração de flunixina meglumina. O animal apresentou cura clínica, porém a sua função reprodutiva ficou prejudicada. O segundo caso clínico, observado no Hospital Veterinário da Universidade de Pisa, Itália, tratou-se de um caso de placentite aos 93 dias de uma gestação híbrida (Equino x Asinino) de uma égua PSI de 12 anos. Durante uma ecografia de controlo gestacional verificou-se que o líquido amniótico apresentava-se em menor quantidade que o normal para esta fase da gestação e apresentava pontuações hiperecogénicas, o feto tinha pouca mobilidade, apresentava baixa frequência cardíaca e a espessura da placenta estava aumentada, medição esta feita com recurso à técnica Combined Thickness of the Uterus and the Placenta (CTUP). Como tratamento, administrou-se flunixina meglumina, pentoxifilina, o antibiótico trimetoprim-sulfonamida e um análogo sintético da progesterona, Regumate®. A monitorização contínua da gestação permitiu verificar que esta continuava estável e com melhorias clínicas, tendo o parto ocorrido normalmente, já depois da finalização do estágio. O terceiro caso clínico, observado em Estarreja, Aveiro, relata um caso de distocia e as complicações associadas a um parto demorado numa vaca, seguido de prolapso uterino e associado a hipocalcemia. O diagnóstico de distocia por disposição fetal anormal por má postura foi feito a partir da anamnese, exame físico e exame obstétrico. Por palpação do feto no canal de parto apercebemo-nos que este tinha uma apresentação longitudinal anterior, posição dorsal e com flexão do carpo do membro torácico esquerdo. O tratamento procedeu-se do seguinte modo: primeiro correção da distocia a partir da extensão do membro fletido; seguidamente, com os devidos cuidados, fez-se a tração e retirada do vitelo. Nasceu um vitelo viável, cruzado de limousine, com cerca de 40kg. Profilaticamente optou-se pela administração de 250ml da solução Calciovet®, via IV, para prevenção da hipocalcemia puerperal. Duas horas após o parto, retorna-se à exploração porque a vaca tinha o útero prolapsado. Os sinais clínicos eram muito evidentes observando-se a mucosa uterina e as carúnculas do útero prolapsado. Como tratamento e antes da resolução do prolapso, administrou-se Hemosilate® (etamsilato) para realizar hemóstase dos vasos sanguíneos comprometidos; fez-se fluidoterapia com soro glucosado e NEATOX® e realizou-se anestesia epidural baixa com procaína. A resolução do prolapso foi feita com a vaca em estação. Primeiro lavou-se o útero e aplicou-se agentes osmóticos para que este reduzisse de tamanho e, por fim, fez-se a reintrodução manual do útero. Após a recolocação do útero na cavidade pélvica a vaca entrou em choque e morreu passado apenas uns segundos. Os três casos clínicos serão analisados e discutidos, tendo em consideração a opinião mais recente e atualizada da comunidade científica.