Entre a arte e os números: Eça de Queirós & companhia ficcional

• Autor(a) principal: Ferreira, Filipe Manuel Senos
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/31755
• topic: Eça de Queirós; Edição oitocentista; Escritor como personagem; Mercado literário; Profissionalização do autor

O livro é um objeto dual, passível de ser simultaneamente perspetivado como bem cultural e mercadoria. Partindo da indagação dos contornos socio-históricos que esta dualidade assume no campo literário oitocentista, analisa-se, na presente dissertação, o posicionamento que Eça de Queirós adota face à dupla dimensão – artística e comercial – da sua obra. Para esse efeito, compara-se a axiologia literária expressa na ficção do autor com a que ele próprio enuncia na sua epistolografia e escritos doutrinários. Em confronto com os escritores retratados na sua ficção, Eça enuncia uma consciência apurada da literatura como comércio, que tendencialmente se opõe à visão anacronicamente idealizada dos seus tipos ficcionais, de recorte maioritariamente romântico. Concluiu-se, assim, que o autor aceita a dualidade dos seus textos, considerando-os, concomitante-mente, como arte e comércio. O diálogo estabelecido entre discurso autoral e produção ficcional permitiu-nos ainda verificar que não há, nas narrativas queirosianas, nenhuma personagem que fielmente mimetize o posicionamento de Eça em relação à dualidade do livro, tomando-o, quase exclusivamente, como um objeto apenas cultural.