A Comunicação de más notícias em contexto de uma Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lopes, Alda Maria Marinho
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/20.500.11960/2700
Resumo: A comunicação, nomeadamente de uma má notícia à família de uma pessoa em situação crítica é uma constante no quotidiano dos profissionais de saúde e constitui-se quase sempre como uma situação difícil e complexa, sobretudo pela necessidade de lidar com as reações físicas e as próprias emoções da pessoa e família. O internamento em unidades de cuidados intensivos é uma experiência stressante, pois geralmente, é um acontecimento súbito, perante o qual a família pode sentir-se fragilizada, desprotegida e com dificuldade em se organizar. Pode desencadear diferentes tipos de necessidades, podendo esta experiência constituir-se um evento traumático do qual poderá resultar uma crise. Como objetivo deste estudo, pretendemos conhecer a perceção e as práticas dos profissionais de saúde na comunicação de más notícias em contexto de uma Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP). O estudo insere-se num paradigma qualitativo, de natureza descritiva e exploratória. A amostra é constituída por vinte profissionais de saúde (quinze enfermeiros e cinco médicos) de uma UCIP. A estratégia de recolha de dados foi a entrevista semiestruturada efetuada aos profissionais (conduzida por um guião em que são abordados temas relativos ao conceito de má notícia e em que os profissionais têm oportunidade de falar da sua experiência profissional) e a observação participante realizada em contexto de comunicação de más notícias a familiares de doentes internados no referido serviço (esta também conduzida por um guião). Para a análise dos dados obtidos recorremos à análise de conteúdo. Para uma melhor análise dos dados obtidos pelas entrevistas, estes foram divididos em seis áreas temáticas: significado de má notícia, sentimentos vivenciados, tipo de má notícia, modo de comunicação, fatores que interferem na comunicação e estratégias mobilizadas. A observação participante permitiu-nos uma perspetiva das práticas dos profissionais de saúde, foi sustentada num guião construído com base no Protocolo de Buckman e direcionou-se para o procedimento usado pelos profissionais de saúde e a linguagem verbal e não verbal utilizada pelos mesmos. Da análise dos dados obtidos destacam-se os seguintes resultados: os profissionais de saúde consideram que uma má notícia é uma informação desagradável, subjetiva, com um peso negativo para a pessoa que a recebe. A comunicação de uma má notícia gera nos profissionais alguma insegurança, quer pelo receio da forma como a notícia é recebida pelo doente/família e não ser bem compreendido, quer pelo facto da notícia causar tristeza e sofrimento. Foram referidos fatores que interferem na comunicação e foram apontadas diversas estratégias mobilizadas pelos profissionais para comunicar más notícias. A comunicação de más notícias constitui-se um enorme desafio quer para quem recebe a notícia, quer para quem a transmite. Não obstante ter uma vasta experiência profissional, transmitir algo que sabemos ter naturalmente um impacto negativo requer uma preparação prévia e adaptada a cada situação. Estes resultados evidenciaram a complexidade do processo de comunicação e a dificuldade que o profissional de saúde tem em lidar com a comunicação da má notícia, assim como a importância de investir e investigar nesta área.
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Como objetivo deste estudo, pretendemos conhecer a perceção e as práticas dos profissionais de saúde na comunicação de más notícias em contexto de uma Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP). O estudo insere-se num paradigma qualitativo, de natureza descritiva e exploratória. A amostra é constituída por vinte profissionais de saúde (quinze enfermeiros e cinco médicos) de uma UCIP. A estratégia de recolha de dados foi a entrevista semiestruturada efetuada aos profissionais (conduzida por um guião em que são abordados temas relativos ao conceito de má notícia e em que os profissionais têm oportunidade de falar da sua experiência profissional) e a observação participante realizada em contexto de comunicação de más notícias a familiares de doentes internados no referido serviço (esta também conduzida por um guião). Para a análise dos dados obtidos recorremos à análise de conteúdo. Para uma melhor análise dos dados obtidos pelas entrevistas, estes foram divididos em seis áreas temáticas: significado de má notícia, sentimentos vivenciados, tipo de má notícia, modo de comunicação, fatores que interferem na comunicação e estratégias mobilizadas. A observação participante permitiu-nos uma perspetiva das práticas dos profissionais de saúde, foi sustentada num guião construído com base no Protocolo de Buckman e direcionou-se para o procedimento usado pelos profissionais de saúde e a linguagem verbal e não verbal utilizada pelos mesmos. Da análise dos dados obtidos destacam-se os seguintes resultados: os profissionais de saúde consideram que uma má notícia é uma informação desagradável, subjetiva, com um peso negativo para a pessoa que a recebe. A comunicação de uma má notícia gera nos profissionais alguma insegurança, quer pelo receio da forma como a notícia é recebida pelo doente/família e não ser bem compreendido, quer pelo facto da notícia causar tristeza e sofrimento. Foram referidos fatores que interferem na comunicação e foram apontadas diversas estratégias mobilizadas pelos profissionais para comunicar más notícias. A comunicação de más notícias constitui-se um enorme desafio quer para quem recebe a notícia, quer para quem a transmite. Não obstante ter uma vasta experiência profissional, transmitir algo que sabemos ter naturalmente um impacto negativo requer uma preparação prévia e adaptada a cada situação. Estes resultados evidenciaram a complexidade do processo de comunicação e a dificuldade que o profissional de saúde tem em lidar com a comunicação da má notícia, assim como a importância de investir e investigar nesta área.The communication, namely of bad news to the family of a person in critical condition, is a constant in the daily life of health professionals and is almost always a difficult and complex situation, mainly due to the need to deal with the physical reactions and the emotions of the person and their family. Hospitalization in intensive care units is a stressful experience, as it is usually a sudden event, in the face of which the family may feel fragile, unprotected and with difficult organizing. It can trigger different types of needs, and this experience can be a traumatic event that could result in a crisis. As the objective of this study, we intend to know the perception and practices of health professionals in the communication of bad news in the context of Multipurpose Intensive Care Unit (ICU) The study is part of a qualitative paradigm, of a descriptive and exploratory nature. The sample consists of twenty health professionals (fifteen nurses and five doctors) from a PICU. The data collection strategy was a semi-structured interview carried out with professionals (conducted by a script centred around topics related to the concept of bad news in which professionals had the opportunity to talk about their professional experience) and participant observation carried out in a context communication of bad news to relatives of patients hospitalized in the referred service (this one is also guided by a script). For the analysis of the data obtained the technique of content analysis was used. For a better analysis of the data obtained from the interviews, these were divided into six thematic areas: meaning of bad news, feelings experienced, type of bad news, manner of communication, factors that interfere in communication and strategies mobilized. The participant observation allowed us to have a perspective of the practices of health professionals, it was supported by a script based on the Buckman Protocol and was directed to the procedure used by health professionals and the verbal and non-verbal language used by them. From the analysis of the data obtained, the following results stand out: health professionals consider that bad news are unpleasant, subjective information, with a negative weight for the person who receive them. The communication of bad news generates some insecurity in professionals, either because of fear of the way the news could be received by the patient/family and not being well understood, or because the news cause sadness and suffering. Factors that interfere with communication were mentioned and several strategies used by professionals to communicate news were pointed out. Communicating bad news is a huge challenge both for those who receive the news and for those who convey them. Despite having extensive professional experience, conveying something that we know naturally has a negative impact requires prior preparation and to be adapted to each situation. These results highlighted the complexity of the communication process and the difficulty that the health professionals have in dealing with the communication of bad news, as well as the importance of investigating and investing in this area.2022-04-05T14:22:56Z2021-11-24T00:00:00Z2021-11-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/20.500.11960/2700TID:202983641porLopes, Alda Maria Marinhoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-21T14:42:57ZPortal AgregadorONG
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