INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIDADE DAS NINHADAS SOBRE A INGESTÃO DE COLOSTRO E A MORTALIDADE DOS LEITÕES

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Charneca, Rui
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/9624
Resumo: A ingestão de colostro é fundamental para a sobrevivência do leitão recém-nascido. O leitão nasce desprovido de protecção imunitária e com baixas reservas energéticas para fazer face às suas necessidades para termorregulação e actividade física. Segundo Le Dividich et al. (2005), um leitão de 1Kg de peso terá como reservas cerca de metade das necessidades energéticas para as suas primeiras 24h de vida, nas condições prevalecentes de produção. Naturalmente que esse deficit energético deverá ser compensado pela ingestão rápida e suficiente de colostro. Numa revisão recente, Quesnel et al. (2012) preconizam um valor individual de ingestão de colostro de 200g como mínimo para reduzir substancialmente o risco de mortalidade pré-desmame e de 250g para “garantir” a sobrevivência e um bom crescimento pré e pós-desmame. A produção de colostro pelas porcas nas primeiras 24h é altamente variável, desde 1,5Kg a mais de 6Kg, com um valor médio de 3,5Kg o que significa que haverá uma elevada percentagem de porcas que produz colostro suficiente para que, em ninhadas “normais” de produção intensiva, os leitões ingiram o valor mínimo e adequado de forma a diminuir a mortalidade pré-desmame. No entanto, a ingestão individual de colostro é o resultado da capacidade da mãe para o produzir e da capacidade dos leitões para o extraírem. Um dos factores que mais influenciam a ingestão individual é a competitividade do leitão no acesso às glândulas mamárias e muita dessa competitividade é resultado do seu peso ao nascimento que é bastante variável intra-ninhada, verificando-se coeficientes de variação (CV) médios de cerca de 20% mas que podem atingir mais de 50% (Quesnel et al., 2008). Como consequência dos avanços no aumento da prolificidade, essa variabilidade de peso intra-ninhada tem vindo a aumentar, bem como o número de leitões leves (<1Kg), o que justificará, em grande medida, a também elevada variabilidade de ingestão individual de colostro, em média de 40% (Le Dividich et al., 2005), com valores extremos desde 0g a mais de 700g (Quesnel et al., 2012). Neste trabalho apresentamos resultados dum estudo realizado em condições de exploração, em que pretendemos analisar e quantificar os efeitos da homogeneização das ninhadas (em peso dos leitões) sobre a ingestão de colostro e a sobrevivência dos leitões. Na sequência de partos simultâneos, foram constituídos dois grupos de ninhadas experimentais: 26 porcas com ninhadas homogéneas (HO) e 26 porcas com ninhadas heterogéneas (HE). As ninhadas eram inicialmente de tamanho idêntico (12 leitões) e não havia diferenças significativas no número de ordem de parto das porcas (3,9) e no peso médio dos leitões nas ninhadas (1392g). O CV do peso dos leitões intra-ninhada era, como previsto, diferente (P<0,001), de 9,3% nas ninhadas HO e 27,8% nas ninhadas HE. Os leitões foram pesados aquando da junção com as porcas e 24h após (para estimativa da ingestão de colostro através da equação de Devillers et al., 2004) e aos 21 dias de idade, registando-se a mortalidade e a sua cronologia durante esse período. Os principais resultados desse estudo mostram que a produção de colostro tendeu a ser superior nas ninhadas HO (4868g vs 4526g, P=0,06), não se registando, no entanto, diferenças significativas na ingestão individual de colostro pelos leitões: 416g nas HO vs 395g nas HE. Contudo, o consumo individual de colostro foi significativamente mais variável nas ninhadas HE, apresentando um CV de 36%, maior (P=0,01) que os 22% observado nas ninhadas HO. O peso médio dos leitões aos 21 dias também não foi diferente (6129g nas ninhadas HO e 6330g nas ninhadas HE) mas também mais variável nas ninhadas HE (25,8% vs 17,1%, P=0,01). A mortalidade do nascimento aos 21 dias nas ninhadas HO foi praticamente metade da verificada nas ninhadas HE (6,4% vs 11,9%, P=0,02). Este conjunto de resultados indica claramente que a homogeneidade das ninhadas tem um impacto favorável na diminuição da variabilidade da ingestão de colostro e na mortalidade pós-natal dos leitões sugerindo assim a tomada em consideração deste critério nos programas de selecção das porcas.
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Este conjunto de resultados indica claramente que a homogeneidade das ninhadas tem um impacto favorável na diminuição da variabilidade da ingestão de colostro e na mortalidade pós-natal dos leitões sugerindo assim a tomada em consideração deste critério nos programas de selecção das porcas.Sociedade Científica de Suinicultura2014-01-14T17:37:57Z2014-01-142013-11-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://hdl.handle.net/10174/9624http://hdl.handle.net/10174/9624porCharneca, R. (2013). Influência da homogeneidade das ninhadas sobre a ingestão de colostro e a mortalidade de leitões. 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