Estudo da fadiga por compaixão nos cuidados paliativos em Portugal : tradução e adaptação cultural da escala “Professional Quality of Life 5”

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Pedro Rodrigues Cortês
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/8918
Resumo: Os profissionais dos cuidados paliativos estão expostos, na sua prática diária, a elementos stressantes resultantes da sua actividade e que podem emergir quer da relação com os doentes, quer da relação com aspectos estruturais da sua actividade. Quando cuidam de doentes em sofrimento, poderão estar expostos a uma forma de stress secundário que, quando prolongado, conduz a um estado de exaustão denominado fadiga por compaixão e que pode trazer prejuízos pessoais, profissionais, institucionais e ao nível da qualidade dos cuidados. Verificámos que este é um fenómeno pouco abordado em Portugal e considerámos importante adaptar, para a população portuguesa, um instrumento que permitisse a sua avaliação e monitorização. Com este estudo pretendemos dar resposta à questão: Existe fadiga por compaixão nos profissionais dos cuidados paliativos em Portugal?”. Apresentamos os resultados do estudo de adaptação cultural e de validade do instrumento “Professional Quality of Life”, versão 5 (ProQOL5) da autoria de Beth Stamm e do estudo da fadiga por compaixão no contexto dos cuidados paliativos. Para o estudo de adaptação cultural da ProQOL5 reunimos um grupo de peritos em tradução e recorremos aos procedimentos de tradução, retroversão e pré-teste. Para o estudo de teste à sua validade analisámos as propriedades psicométricas da versão adaptada, realizámos um estudo de análise factorial exploratória e um estudo de validade concorrente recorrendo aos resultados da GHQ28. Através de uma amostragem intencional obtivemos uma amostra multidisciplinar composta por 73 profissionais de 9 unidades de cuidados paliativos. Obtivemos valores de consistência interna semelhantes aos anunciados para a versão original. Os pontos de corte e as relações de associação entre as dimensões da ProQOL5 obtidos também são idênticos entre as versões. A análise factorial exploratória defende a estrutura original de três dimensões proposta por Stamm e, tal como a autora, não verificámos diferenças estatisticamente significativas nos valores de satisfação por compaixão (SC), burnout (BO) e stress traumático secundário (STS) em função da idade, sexo, tempo total de actividade na área da saúde e tempo total de actividade em cuidados paliativos. No estudo de validade concorrente verificámos, tal como esperado, valores de associação positivos entre BO e STS com as dimensões da GHQ28 e negativos entre as últimas e SC. Relativamente ao estudo da fadiga por compaixão verificámos que 67.1% dos participantes apresentou níveis médios a altos de STS incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais, assistentes operacionais, um fisioterapeuta e um capelão. Os profissionais que consideram estar expostos 35 ou mais horas por semana ao sofrimento/experiências traumáticas dos doentes apresentam o menor nível médio de SC e os maiores níveis médios de BO e STS, associados ao maior valor de queixas relacionadas com a saúde. O conjunto de resultados do estudo de validade da ProQOL5 e do estudo da fadiga por compaixão permitem-nos sugerir que a versão adaptada apresenta uma boa validade para a avaliação deste fenómeno em profissionais dos cuidados paliativos e confirma a existência de importantes níveis de fadiga por compaixão neste contexto.
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Com este estudo pretendemos dar resposta à questão: Existe fadiga por compaixão nos profissionais dos cuidados paliativos em Portugal?”. Apresentamos os resultados do estudo de adaptação cultural e de validade do instrumento “Professional Quality of Life”, versão 5 (ProQOL5) da autoria de Beth Stamm e do estudo da fadiga por compaixão no contexto dos cuidados paliativos. Para o estudo de adaptação cultural da ProQOL5 reunimos um grupo de peritos em tradução e recorremos aos procedimentos de tradução, retroversão e pré-teste. Para o estudo de teste à sua validade analisámos as propriedades psicométricas da versão adaptada, realizámos um estudo de análise factorial exploratória e um estudo de validade concorrente recorrendo aos resultados da GHQ28. Através de uma amostragem intencional obtivemos uma amostra multidisciplinar composta por 73 profissionais de 9 unidades de cuidados paliativos. Obtivemos valores de consistência interna semelhantes aos anunciados para a versão original. Os pontos de corte e as relações de associação entre as dimensões da ProQOL5 obtidos também são idênticos entre as versões. A análise factorial exploratória defende a estrutura original de três dimensões proposta por Stamm e, tal como a autora, não verificámos diferenças estatisticamente significativas nos valores de satisfação por compaixão (SC), burnout (BO) e stress traumático secundário (STS) em função da idade, sexo, tempo total de actividade na área da saúde e tempo total de actividade em cuidados paliativos. No estudo de validade concorrente verificámos, tal como esperado, valores de associação positivos entre BO e STS com as dimensões da GHQ28 e negativos entre as últimas e SC. Relativamente ao estudo da fadiga por compaixão verificámos que 67.1% dos participantes apresentou níveis médios a altos de STS incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais, assistentes operacionais, um fisioterapeuta e um capelão. Os profissionais que consideram estar expostos 35 ou mais horas por semana ao sofrimento/experiências traumáticas dos doentes apresentam o menor nível médio de SC e os maiores níveis médios de BO e STS, associados ao maior valor de queixas relacionadas com a saúde. O conjunto de resultados do estudo de validade da ProQOL5 e do estudo da fadiga por compaixão permitem-nos sugerir que a versão adaptada apresenta uma boa validade para a avaliação deste fenómeno em profissionais dos cuidados paliativos e confirma a existência de importantes níveis de fadiga por compaixão neste contexto.The palliative heath care providers, in the daily practice are often exposed to stressors that result from their activity, and that emerge from their relationship with the patient or from structural job aspects. While caring the traumatized or suffering patients, the burden of that stress is inevitably greater raising the risk for an exhaustion state called compassion fatigue, which might bring personal, professional, institutional and quality care prejudices. We recognize that this is a less known phenomenon in Portugal and we consider being important to culturally adapt, for the Portuguese population, a tool that allows its evaluation and monitoring. With this study we wish to answer the question: “Is there compassion fatigue among Portuguese palliative care providers?”. We present the results from the cultural adaptation and validity study for the Beth Stamm’s “Professional Quality of Life” Scale, version 5 (ProQOL5) and from compassion fatigue’s study in the context of palliative care. For the ProQOL5’s cultural adaptation study we gathered a group of experts in translation and used the forward translation, back translation and pre-test procedures. For the validity study we have analyzed the adapted version’s psychometric properties, employed an exploratory factorial analysis and a study of concurrent validity using the scores of the GHQ28. We have obtained a multidisciplinary sample composed by 73 caregivers from 9 palliative care settings employing an intentional sampling. We have obtained similar internal consistency values to those in the original version. The obtained cut points and correlation relations between the ProQOL5 dimensions are also similar between those versions. The exploratory factorial analysis supports Stamm’s original structure for 3 dimensions, and as her, we haven’t found statistical differences for compassion satisfaction (CS), burnout (BO) e secondary traumatic stress (STS) scores depending on age, gender, total time of practice in health care and total time of practice in palliative care. We verified, as expected in the concurrent validity, positive correlations between BO and STS with GHQ28 dimensions, and a negative correlation between the last ones and CS. In the compassion fatigue’s study, we found that 67.1% of the participants presented moderate to high levels of Compassion Fatigue, including doctors, nurses, social workers, nursing auxiliaries, one physiotherapist and one chaplain. We found that those caregivers that perceive to be exposed 35 or more hours to patient’s suffering/traumatic experiences present higher scores for BO and STS, in relation to those who consider to be less exposed, associated to low health related complaints. The set of results obtained from the validity and compassion fatigue studies allows us to suggest that the Portuguese adapted version of ProQOL5 offers a good validity for the evaluation of the phenomenon on palliative heath caregivers and confirm the presence of relevant levels of compassion fatigue in that context.Sá, Luís Octávio deVeritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaCarvalho, Pedro Rodrigues Cortês2012-08-13T08:14:15Z2012-04-0420112012-04-04T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/8918porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-12T17:13:57Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/8918Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T18:08:04.191301Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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