Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2016 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.34624/captar.v6i1.11995 |
Resumo: | De uma forma geral, os animais selvagens não estão expostos a agentes antimicrobianos. Assim, espera-se que a resistência da sua flora bacteriana a antibacterianos seja muito reduzida. Contudo, a crescente interação destes animais com atividades antropogénicas pode contribuir para um aumento da resistência das suas comunidades bacterianas. O presente estudo teve como objetivo: i) avaliar os níveis de resistência de isolados de E. coli e Salmonella spp. ii) avaliar o nível de ocorrência de estirpes de E. coli produtoras da toxina shiga (STEC). Para tal, foram recolhidas 67 amostras fecais das três espécies de ungulados com maior distribuição em Portugal: veado (n=42), javali (n=21) e corço (n=4), em três localizações geográficas distintas (Montesinho, Idanha-a-Nova e Lousã). Dez isolados de E. coli de cada amostra foram selecionados com base no seu crescimento em agar e amplificação dos genes uidA e gadA/B. Antes da realização dos testes de suscetibilidade a antibióticos, os isolados foram submetidos a BOX-PCR para selecionar estirpes geneticamente diferentes em cada amostra (n=152). Os resultados mostraram que 16,5% dos isolados de E. coli apresentam resistência a pelo menos um antibiótico, incluindo ampicilina (10%), tetraciclina (9%), streptomicina (5%), cotrimoxazol (4%), amoxicilina/ácido clavulânico (2%) e cefoxitina (1%), tendo em consideração os cut-offs clinicamente relevantes. Um fenótipo de multirresistência foi encontrado em 3% destes isolados, todos provenientes do centro de Portugal (Lousã). De acordo com os cut-offs epidemiológicos, 18% da população de E. coli analisada apresentou um fenótipo do tipo não-selvagem a pelo menos um antibiótico. No que se refere à ocorrência de Salmonella spp., os resultados indicam uma baixa prevalência (1,5%) deste agente etiológico na população de ungulados selvagens estudada, tendo sido apenas identificada num javali da região da Lousã. A pesquisa de STEC revelou que tanto veados como corços dos três locais estudados são portadores destas estirpes. Foram detetadas três variantes do gene stx (gene que codifica para a toxina shiga) nos isolados STEC, incluindo stx1c, stx2d e stx2g. Os resultados obtidos mostram que as populações de ungulados selvagens estudadas são reservatórios debactérias resistentes, assim como de bactérias potencialmente patogénicas e podem, por isso, atuar comoveículo de transmissão destas bactérias entre a vida selvagem, a pecuária e o Homem. |
id |
RCAP_e3aff9a8eec3baaaa9d580be086184f6 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:proa.ua.pt:article/11995 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
|
spelling |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portuguesesDe uma forma geral, os animais selvagens não estão expostos a agentes antimicrobianos. Assim, espera-se que a resistência da sua flora bacteriana a antibacterianos seja muito reduzida. Contudo, a crescente interação destes animais com atividades antropogénicas pode contribuir para um aumento da resistência das suas comunidades bacterianas. O presente estudo teve como objetivo: i) avaliar os níveis de resistência de isolados de E. coli e Salmonella spp. ii) avaliar o nível de ocorrência de estirpes de E. coli produtoras da toxina shiga (STEC). Para tal, foram recolhidas 67 amostras fecais das três espécies de ungulados com maior distribuição em Portugal: veado (n=42), javali (n=21) e corço (n=4), em três localizações geográficas distintas (Montesinho, Idanha-a-Nova e Lousã). Dez isolados de E. coli de cada amostra foram selecionados com base no seu crescimento em agar e amplificação dos genes uidA e gadA/B. Antes da realização dos testes de suscetibilidade a antibióticos, os isolados foram submetidos a BOX-PCR para selecionar estirpes geneticamente diferentes em cada amostra (n=152). Os resultados mostraram que 16,5% dos isolados de E. coli apresentam resistência a pelo menos um antibiótico, incluindo ampicilina (10%), tetraciclina (9%), streptomicina (5%), cotrimoxazol (4%), amoxicilina/ácido clavulânico (2%) e cefoxitina (1%), tendo em consideração os cut-offs clinicamente relevantes. Um fenótipo de multirresistência foi encontrado em 3% destes isolados, todos provenientes do centro de Portugal (Lousã). De acordo com os cut-offs epidemiológicos, 18% da população de E. coli analisada apresentou um fenótipo do tipo não-selvagem a pelo menos um antibiótico. No que se refere à ocorrência de Salmonella spp., os resultados indicam uma baixa prevalência (1,5%) deste agente etiológico na população de ungulados selvagens estudada, tendo sido apenas identificada num javali da região da Lousã. A pesquisa de STEC revelou que tanto veados como corços dos três locais estudados são portadores destas estirpes. Foram detetadas três variantes do gene stx (gene que codifica para a toxina shiga) nos isolados STEC, incluindo stx1c, stx2d e stx2g. Os resultados obtidos mostram que as populações de ungulados selvagens estudadas são reservatórios debactérias resistentes, assim como de bactérias potencialmente patogénicas e podem, por isso, atuar comoveículo de transmissão destas bactérias entre a vida selvagem, a pecuária e o Homem.Revista Captar: Ciência e Ambiente para TodosRevista Captar: Ciência e Ambiente para Todos2016-01-01T00:00:00Zjournal articleinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://doi.org/10.34624/captar.v6i1.11995oai:proa.ua.pt:article/11995Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; Vol 6 No 1 (2016); 26-27Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; vol. 6 n.º 1 (2016); 26-271647-323Xreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttps://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/11995https://doi.org/10.34624/captar.v6i1.11995https://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/11995/7915https://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessDias, D.Torres, R.Fonseca, C.Mendo, S.Caetano, T.2022-09-05T12:32:57ZPortal AgregadorONG |
dc.title.none.fl_str_mv |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses |
title |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses |
spellingShingle |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses Dias, D. |
title_short |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses |
title_full |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses |
title_fullStr |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses |
title_full_unstemmed |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses |
title_sort |
Presença de bactérias patogénicas e resistência antimicrobiana em ungulados selvagens portugueses |
author |
Dias, D. |
author_facet |
Dias, D. Torres, R. Fonseca, C. Mendo, S. Caetano, T. |
author_role |
author |
author2 |
Torres, R. Fonseca, C. Mendo, S. Caetano, T. |
author2_role |
author author author author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Dias, D. Torres, R. Fonseca, C. Mendo, S. Caetano, T. |
description |
De uma forma geral, os animais selvagens não estão expostos a agentes antimicrobianos. Assim, espera-se que a resistência da sua flora bacteriana a antibacterianos seja muito reduzida. Contudo, a crescente interação destes animais com atividades antropogénicas pode contribuir para um aumento da resistência das suas comunidades bacterianas. O presente estudo teve como objetivo: i) avaliar os níveis de resistência de isolados de E. coli e Salmonella spp. ii) avaliar o nível de ocorrência de estirpes de E. coli produtoras da toxina shiga (STEC). Para tal, foram recolhidas 67 amostras fecais das três espécies de ungulados com maior distribuição em Portugal: veado (n=42), javali (n=21) e corço (n=4), em três localizações geográficas distintas (Montesinho, Idanha-a-Nova e Lousã). Dez isolados de E. coli de cada amostra foram selecionados com base no seu crescimento em agar e amplificação dos genes uidA e gadA/B. Antes da realização dos testes de suscetibilidade a antibióticos, os isolados foram submetidos a BOX-PCR para selecionar estirpes geneticamente diferentes em cada amostra (n=152). Os resultados mostraram que 16,5% dos isolados de E. coli apresentam resistência a pelo menos um antibiótico, incluindo ampicilina (10%), tetraciclina (9%), streptomicina (5%), cotrimoxazol (4%), amoxicilina/ácido clavulânico (2%) e cefoxitina (1%), tendo em consideração os cut-offs clinicamente relevantes. Um fenótipo de multirresistência foi encontrado em 3% destes isolados, todos provenientes do centro de Portugal (Lousã). De acordo com os cut-offs epidemiológicos, 18% da população de E. coli analisada apresentou um fenótipo do tipo não-selvagem a pelo menos um antibiótico. No que se refere à ocorrência de Salmonella spp., os resultados indicam uma baixa prevalência (1,5%) deste agente etiológico na população de ungulados selvagens estudada, tendo sido apenas identificada num javali da região da Lousã. A pesquisa de STEC revelou que tanto veados como corços dos três locais estudados são portadores destas estirpes. Foram detetadas três variantes do gene stx (gene que codifica para a toxina shiga) nos isolados STEC, incluindo stx1c, stx2d e stx2g. Os resultados obtidos mostram que as populações de ungulados selvagens estudadas são reservatórios debactérias resistentes, assim como de bactérias potencialmente patogénicas e podem, por isso, atuar comoveículo de transmissão destas bactérias entre a vida selvagem, a pecuária e o Homem. |
publishDate |
2016 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2016-01-01T00:00:00Z |
dc.type.driver.fl_str_mv |
journal article info:eu-repo/semantics/article |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://doi.org/10.34624/captar.v6i1.11995 oai:proa.ua.pt:article/11995 |
url |
https://doi.org/10.34624/captar.v6i1.11995 |
identifier_str_mv |
oai:proa.ua.pt:article/11995 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/11995 https://doi.org/10.34624/captar.v6i1.11995 https://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/11995/7915 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos |
publisher.none.fl_str_mv |
Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; Vol 6 No 1 (2016); 26-27 Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; vol. 6 n.º 1 (2016); 26-27 1647-323X reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
|
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1777301171886620672 |