Estudo demográfico e classificação morfológica da raça Asinina de Miranda (Equus asinus)

• Autor(a) principal: Moreira, Pedro Gomes
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/11686
• topic: Burro de Miranda; Demografia

Depois de estar muito próximo da extinção em consequência da mecanização agrícola, o Burro de Miranda demonstra atualmente alguns sinais de recuperação graças à organização dos registos e dos programas de reprodução levados a cabo pela Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA). Tal como acontece em muitas raças asininas domésticas, também para esta é necessário monitorizar vários indicadores que sustentem uma análise genealógica e estrutural da população. Por isso, foi feito um estudo demográfico tendo como referência trabalhos realizados com raças de asininos em Portugal, Espanha e Itália. Destaca-se a existência de quase 1.500 animais vivos, onde mais de 60% são fêmeas, e o nascimento, desde 2000, de uma média superior a uma centena de burros por ano. Apesar da quantidade e qualidade dos registos ter melhorado face a trabalhos anteriores, o reduzido grau de preenchimento da genealogia condiciona o rigor dos indicadores demográficos. Ainda assim foi possível determinar, para toda a genealogia e para os animais vivos, as médias do coeficiente de consanguinidade (0,65% e 1,52%), o coeficiente de parentesco médio (0,27% e 0,51%) e o índice de conservação genética (1,53 e 2,20). A análise destes indicadores é determinante para planear emparelhamentos, uma vez que dever-se-á primar por indivíduos com menores coeficientes de consanguinidade e de parentesco médio, e maior índice de conservação genética. A maximização destes emparelhamentos, aliada a maiores intervalos geracionais e ao equilíbrio do rácio entre sexos, permite aumentar o tamanho efetivo da população, o que representa o principal objetivo à preservação da raça Asinina de Miranda. Devido à perda de interesse pela sua maior aptidão (trabalho agrícola e transporte), urge realçar quais são as características dos animais de eleição para os criadores. Assim, a AEPGA desenvolveu provas morfofuncionais que visam uma caracterização morfológica da raça no que diz respeito à vertente estética do animal e a funcionalidade dos aprumos e da dentição. O estudo dos dados recolhidos entre 2020 e 2022 permitiu averiguar quais os fenótipos mais comuns e o nível de presença de características indesejáveis, tendo-se verificado que a condição ideal é sempre a que tem maior participação. Constatou-se que a pelagem corporal, a pelagem da orelha e o perfil da cabeça estão dependentes do sexo, enquanto os andamentos, o comprimento do pelo da orelha e a existência de desvios nos cascos dependem da idade à avaliação. Em última instância, esta informação pode incluir-se nos registos individuais e dar-se a conhecer aos criadores, tornando-as num critério de decisão no momento da aquisição de novos indivíduos e no planeamento de emparelhamentos, visando a minimização dos nascimentos de animais com defeitos e fenótipos menos procurados. Sendo que (re)despertar o interesse pela raça é o principal objetivo, estes procedimentos podem evitar custos aos proprietários. Por consequência, a importância socioeconómica do Burro Mirandês ganha uma nova força, contribuindo, a longo prazo, para indicadores populacionais que garantam a preservação da raça Asinina de Miranda.