O uso de drogas anti-reumáticas na gravidez

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Main Author: Levy,Roger A.
Publication Date: 2005
Format: Article
Language: por
Source: Revista Brasileira de Reumatologia (Online)
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Summary: A prescrição de drogas anti-reumáticas em pacientes férteis deve ter em conta o conhecimento atual sobre os efeitos na concepção, gestação e lactação. Um aconselhamento que levasse em consideração os riscos e benefícios do planejamento da gravidez, quando possível, seria o ideal. Com a incorporação de novas substâncias e o aparecimento constante de novos dados na literatura, esse assunto deve ser continuamente atualizado. O estagiamento de acordo com o fator de risco estabelecido pelo FDA é algumas vezes contraditório em relação a nossa prática, em parte porque os estudos em modelos animais podem não ser diretamente aplicáveis a humanos. A terapia com agentes modificadores da resposta biológica é aparentemente segura durante a gestação, considerando-se que tais agentes sejam compostos por moléculas grandes, incapazes de atravessar a placenta. Antiinflamatórios não-esteroidais (incluindo os inibidores específicos de COX-2) podem prejudicar a implantação do óvulo, mas o seu uso é possível no caso da gestação estar em curso, devendo ser evitados após 32 semanas do início da gravidez, quando estão relacionados com complicações fetais. Os inibidores específicos de COX-2 devem ser evitados pelo risco de malformação renal. Aspirina em baixa dose pode ser usada seguramente, quando indicada durante a gravidez. Há preferência pelas heparinas de baixo peso molecular, desde que a não fracionada apresente maior risco de induzir trombocitopenia e sangramento. A hidroxicloroquina é usada e de fato recomendada em gestantes com lúpus, com benefícios para a paciente e sem risco fetal. Varfarina é teratogênica se usada da 6ª a 9ª semana de gestação, mas pode ser usada durante o segundo e terceiro trimestres até a 34ª semana, quando deve ser interrompida com o intuito de evitar sangramento fetal. A imunoglobulina endovenosa é recomendada em casos difíceis de síndrome do anticorpo antifosfolipídeo e vem sendo estudada na prevenção do bloqueio cardíaco total da síndrome do lúpus neonatal. O uso de prednisona e prednisolona é limitado a menor dose eficaz, não atinge a circulação fetal, mas pode induzir os efeitos colaterais maternos já conhecidos. Azatioprina e ciclosporina são utilizadas, quando indicadas formalmente, sem aparente risco fetal. Metotrexato e leflunomide devem ser evitados a qualquer custo e o tratamento interrompido três meses antes da tentativa de concepção. Todas as decisões terapêuticas em pacientes grávidas devem ser individualizadas e os riscos e benefícios considerados.
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