As condições ontológicas para o ser-ético-no-mundo na filosofia de Martin Heidegger

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Webber, Marcos André
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UCS
Texto Completo: https://repositorio.ucs.br/handle/11338/857
Resumo: Este trabalho tem como objetivo identificar na estrutura ontológica do Dasein os elementos que possibilitam uma compreensão do ser-ético-no-mundo a partir do pensamento de Martin Heidegger. Busca-se inicialmente delinear a questão da ética tomando como ponto de partida a condição existencial do Dasein, evidenciando o caráter de ser-no-mundo como uma tentativa de superação da tradição metafísica. A crítica heideggeriana à metafísica ocidental mostra uma esfera pré-reflexiva que ficou encoberta pela tradição e que se mostra condição de possibilidade para uma possível relação entre ética e existência. Torna-se assim necessária uma explanação do método fenomenológico-hermenêutico que orienta a investigação de Ser e tempo e uma justificação dos motivos pelos quais os conceitos filosóficos devem ser concebidos como indicações formais, e assim lançar bases para que a ética possa vir a ser compreendida na sua relação com a vida fática sem estar submetida à objetivação através de conceitos universais. Nesta perspectiva, a ética passa a inscrever-se na finitude do Dasein, e é a partir da finitude existencial que ela deve ser concebida. Ao permitir uma compreensão de si mesmo enquanto totalidade existencial, a finitude temporal revelada no ser-para-a-morte possibilita ao Dasein uma relação não apenas com a morte, mas especialmente com a vida. Já o serculpado, conforme expressamente define Heidegger no § 58 de Ser e tempo, é condição essencial de possibilidade para o moralmente bom e o moralmente mau, e se revela como uma abertura para a relação entre ontologia e ética, estabelecendose assim como pressuposto para a moralidade em geral. Ao passo que perdido no impessoal o Dasein incorre em uma compreensão equivocada de si mesmo, o apelo da consciência chama-o a reconhecer-se como ser-culpado e responsável pelo seu próprio ser. Nesse sentido, compreender adequadamente o apelo da consciência, o que se expressa no querer-ter-consciência, é o que possibilita a liberdade para escolher a si próprio e então assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas. Na resolução o Dasein reconhece a maneira correta de compreender o apelo da consciência e do que o modo de ser ético ontologicamente requer do Dasein, tanto na relação consigo mesmo quanto na relação com o outro. A resposta ao apelo da consciência pode ser compreendida como uma resposta ao chamado para a ética, que possibilita ao Dasein reconhecer-se em sua singularidade e na sua situação concreta particular no mundo, tornando possível pela primeira vez a relação autêntica e solícita com o outro, e permitindo a compreensão do que se poderia denominar ser-ético-no-mundo.
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Torna-se assim necessária uma explanação do método fenomenológico-hermenêutico que orienta a investigação de Ser e tempo e uma justificação dos motivos pelos quais os conceitos filosóficos devem ser concebidos como indicações formais, e assim lançar bases para que a ética possa vir a ser compreendida na sua relação com a vida fática sem estar submetida à objetivação através de conceitos universais. Nesta perspectiva, a ética passa a inscrever-se na finitude do Dasein, e é a partir da finitude existencial que ela deve ser concebida. Ao permitir uma compreensão de si mesmo enquanto totalidade existencial, a finitude temporal revelada no ser-para-a-morte possibilita ao Dasein uma relação não apenas com a morte, mas especialmente com a vida. Já o serculpado, conforme expressamente define Heidegger no § 58 de Ser e tempo, é condição essencial de possibilidade para o moralmente bom e o moralmente mau, e se revela como uma abertura para a relação entre ontologia e ética, estabelecendose assim como pressuposto para a moralidade em geral. Ao passo que perdido no impessoal o Dasein incorre em uma compreensão equivocada de si mesmo, o apelo da consciência chama-o a reconhecer-se como ser-culpado e responsável pelo seu próprio ser. Nesse sentido, compreender adequadamente o apelo da consciência, o que se expressa no querer-ter-consciência, é o que possibilita a liberdade para escolher a si próprio e então assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas. Na resolução o Dasein reconhece a maneira correta de compreender o apelo da consciência e do que o modo de ser ético ontologicamente requer do Dasein, tanto na relação consigo mesmo quanto na relação com o outro. A resposta ao apelo da consciência pode ser compreendida como uma resposta ao chamado para a ética, que possibilita ao Dasein reconhecer-se em sua singularidade e na sua situação concreta particular no mundo, tornando possível pela primeira vez a relação autêntica e solícita com o outro, e permitindo a compreensão do que se poderia denominar ser-ético-no-mundo.This work aims to identify in the ontological structure of Dasein the elements that make possible an understanding of being-ethical-in-the-world based on Martin Heidegger's thought. It is intended initially to outline the question of ethics taking as starting point the existential condition of Dasein, putting in evidence the character of being-in-the-world as an attempt of overcoming the metaphysical tradition. The heideggerian criticism towards western metaphysics shows a pre-reflexive sphere that was ocluded by tradition and that is shown as condition of possibility for a possible relation between ethics and existence. Thus it becomes necessary an explanation about the phenomenological-hermeneutic method that guides the investigation on Being and time and a justification why philosophical concepts must be conceived as formal indications, and develop a ground so ethics can be understood in relation to the concrete life without being submitted to objectification through universal concepts. On this perspective, ethics is inscribed in finitude of Dasein, and it is from existential finitude that it must be conceived. Upon allowing an understanding of itself as existential whole, the temporal finitude revealed in beingtowards- death makes possible for Dasein a relationship not only with death, but especially with life. Being-guilty, otherwise, as Heidegger explicitly defines in § 58 of Being and time, is an essential condition of possibility for the morally good and the morally bad, and it reveals itself as an opening for the relation between ontology and ethics, establishing itself as presupposition for the morality in general. Whereas lost in the they Dasein incurs in a mistaken understanding of itself, the call of conscience calls it to recognize himself as being-guilty and responsible for his own being. On this path, to understand correctly the call of conscience, what is expressed through wanting-to-have-a-conscience, is what makes possible the freedom to choose himself and then to assume the responsibility for its own choices. In resolution Dasein recognizes the correct way to undestand the call of conscience and what the ethical mode of being entails ontologically from Dasein, both in relation to himself as in relation to the other. The answer to the call of conscience may be understood as an answer to the call of ethics, what makes possible to Dasein recognize himself in its singularity e in its particular concrete situation in the world, making possible for the first time an authentic and solicitous relationship with the other, and allowing an understanding of what might be called being-ethical-in-the-world.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorHeidegger, Martin, 1889-1976ÉticaOntologiaEthicsOntologyAs condições ontológicas para o ser-ético-no-mundo na filosofia de Martin Heideggerinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisporreponame:Repositório Institucional da UCSinstname:Universidade de Caxias do Sul (UCS)instacron:UCSinfo:eu-repo/semantics/openAccessUniversidade de Caxias do Sulhttp://lattes.cnpq.br/1527159405361724WEBBER, M. A.Programa de Pós-Graduação em FilosofiaTEXTDissertacao Marcos Andre Webber.pdf.txtDissertacao Marcos Andre Webber.pdf.txtExtracted texttext/plain239430https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/11338/857/3/Dissertacao%20Marcos%20Andre%20Webber.pdf.txt36286e7d2932ac775414dd7c00a6a46bMD53THUMBNAILDissertacao Marcos Andre Webber.pdf.jpgDissertacao Marcos Andre Webber.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1265https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/11338/857/4/Dissertacao%20Marcos%20Andre%20Webber.pdf.jpg42e3f91fe965fc9be04a608511783449MD54ORIGINALDissertacao Marcos Andre Webber.pdfDissertacao Marcos Andre Webber.pdfapplication/pdf1125938https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/11338/857/1/Dissertacao%20Marcos%20Andre%20Webber.pdfff7d6b4d99bb9119cc29e2c143a03fb5MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-8279https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/11338/857/2/license.txtdeeb8fa550aaa0758114cbdeb0c0955dMD5211338/8572018-08-17 06:13:55.171oai:repositorio.ucs.br:11338/857IERlY2xhcmEgcXVlIG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlIMOpIHNldSB0cmFiYWxobyBvcmlnaW5hbCwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gCiBEZWNsYXJhIHRhbWLDqW0gcXVlIGEgZW50cmVnYSBkbyBkb2N1bWVudG8gbsOjbyBpbmZyaW5nZSwgdGFudG8gcXVhbnRvIGxoZSDDqSBwb3Nzw612ZWwgc2FiZXIsIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIHF1YWxxdWVyIG91dHJhIHBlc3NvYSBvdSBlbnRpZGFkZS4KRepositório de Publicaçõeshttp://repositorio.ucs.br/oai/requestopendoar:2024-03-20T09:15:18.414301Repositório Institucional da UCS - Universidade de Caxias do Sul (UCS)false
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