CONFLITOS TERRITORIAIS ENTRE FAMÍLIAS E MIGRAÇÃO INTERNA NOS SERTÕES DOS INHAMUNS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Feitosa Melo, Cristiane e Castro
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: GeoUECE
Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/GeoUECE/article/view/7060
Resumo: Este trabalho analisa a migração interna nos Sertões dos Inhamuns, que foi motivada por conflitos territoriais entre as famílias Monte e Feitosa, no início do século XVII, apesar das adversidades físicas, pois está situada em região semiárida, no Nordeste do Brasil. A implantação das sesmarias, áreas de terras doadas segundo a tradição portuguesa, na sua Colônia da América, estabeleceram reestruturações espaciais, constituindo novos padrões de organização social, econômica e cultural. Nessa área o fluxo populacional se deu mediante dois processos: o de atração e o de deslocamento. A atração populacional é o primeiro processo, dado pelos criadores de gados oriundos da Bahia e Pernambuco, ávidos por mais terra para fazendas. Acompanhados por seus vaqueiros e escravos, estabeleceram-se inicialmente ao longo das margens do Rio Jaguaribe, no município de Aracati para o sul do Estado, até a sua confluência com o Rio Salgado, onde fundaram a cidade de Icó. O segundo processo é o da migração interna, que consistiu no deslocamento populacional da área de influência das famílias, onde partindo das terras do Icó subiram o Rio Jaguaribe e seus afluentes, chegando aos Sertões dos Inhamuns por volta de 1707. Refere-se a uma área geográfica cujas famílias estiveram historicamente inter-relacionadas, e os habitantes mantiveram contatos primários e frequentes entre si. A família foi o elemento que deu à sociedade brasileira importância fundamental durante a maior parte de sua história, preenchendo a lacuna criada pela ausência do poder público eficaz; como também foi a maior causadora de desordem, uma vez que insultos ou ofensas a um membro de uma parentela por um membro de outra era motivo para uma confrontação. Como unidade social, cada família mencionada, Monte e Feitosa, formavam uma parentela, onde além do grupo familiar, que consiste todos os parentes reconhecidos, incluindo os que foram herdados dos pais e os incorporados por meio de um cônjuge ou cônjuges, abrangiam outras pessoas que, embora sem ligações do sangue ou casamento, viviam próximo do círculo, eram os empregados respeitados, tais como o vaqueiro, escravos de confiança e moradores que estavam com a família há muito tempo e por último os agregados, que eram pessoas que viviam na fazenda sob a permissão do proprietário, mas em situação indefinida, e variavam numa gama que ia desde os amigos da família até os pistoleiros contratados e outros tipos de marginais. Geograficamente, é a zona do Estado do Ceará que se estende ao longo do Alto Jaguaribe e seus tributários. A metodologia consiste em análise espaço-temporal com revisão de literatura e coleta de dados históricos e geográficos da área. As variáveis utilizadas foram: população e ocupação e uso da terra. Estas variáveis permitem compreender as relações entre sociedade e espaço no seu processo de organização e transformação, no conflito entre as famílias. As análises indicam que, durante a sua ocupação, a migração interna foi motivada pela apropriação da terra e exploração intensiva dos recursos naturais, resultando em fluxos e refluxos migratórios.
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