As saúdes na Amazônia ribeirinha: análise do trabalho em saúde no território líquido

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Fabiana Manica
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5367549959925417, https://orcid.org/ 0000-0002-4440-2680
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM
Texto Completo: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8850
Resumo: O objetivo da tese é cartografar modelagens tecnoassistenciais de cuidado na Unidade Básica de Saúde Fluvial - UBSF do município de Tefé/AM. Para alcançá-lo, percorremos três caminhos: primeiro, o compartilhamento da aprendizagem com a pesquisa, fruto da vivência dos pesquisadores acerca do acesso à rede de cuidado à saúde na Amazônia. Nele, constituiu-se uma produção coletiva acerca da categoria “território líquido”; em segundo lugar, um exercício de cartografia da presença de corpos vibráteis na produção desse território, como ensaio de produção do pensamento compartilhado com os ribeirinhos trabalhadores e usuários da saúde, em um exercício de afirmação de sua potência; e, por fim, uma análise das relações entre os caminhos percorridos pela UBSF e suas práticas, saberes, linhas de fuga, e atravessamentos na produção do cuidado. Trabalhou-se a identificação, do ponto de vista da potência, das vivências e produções tecnoassistenciais micropolíticas que os trabalhadores usam para dar conta de tantas realidades específicas, na busca por adaptar os protocolos de assistência à realidade desse território e suas necessidades. Sendo o cenário da pesquisa a Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF), com suas conexões a partir do município de Tefé/Amazonas, optou-se pelo formato de um ensaio empírico, em conexão com conceitos e teorias que permitiram a formulação para seu compartilhamento, constituindo um diálogo epistemológico sobre os fazeres e saberes da pesquisa. A imagem construída aqui é de que o campo empírico da pesquisa tem a potência do banzeiro, que é o movimento ondular das águas, que visto da superfície pode ser representado como um movimento ondular harmônico e tranquilo, mas tal imagem não traduz a potência e energia que movimenta desde o leito do rio, com todo o volume de águas que desloca suas margens e desfaz o percurso dos barcos conduzidos por marinheiros inexperientes. Desse modo, vivencia-se a cartografia do “território líquido” que flui, potente, encontrando o outro e produzindo diferenciação no acontecimento, em devir com as gentes da Amazônia e suas formas de existir no território. Essa cartografia nos faz pensar numa episteme urgente e insurgente, tendo a ver com a superação do nosso corpo estratificado na pesquisa e no trabalho, pois pesquisadores e profissionais ainda são um corpo que insiste em organizar, fragmentar, produzir estratos e ter uma vida separada da sua potência. O “território líquido” com suas gentes nos ensina a existir num plano de imanência, onde o tempo-espaço é o tempo oportuno, onde a vida é o critério e é preciso criar memória de futuro e imaginação para a criação de pensamento, para permitir-se à dobra, às experimentações, aos acontecimentos, ao puro devir, mas não de qualquer maneira, pois o critério sempre será aquele que potencializa a vida.
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Nele, constituiu-se uma produção coletiva acerca da categoria “território líquido”; em segundo lugar, um exercício de cartografia da presença de corpos vibráteis na produção desse território, como ensaio de produção do pensamento compartilhado com os ribeirinhos trabalhadores e usuários da saúde, em um exercício de afirmação de sua potência; e, por fim, uma análise das relações entre os caminhos percorridos pela UBSF e suas práticas, saberes, linhas de fuga, e atravessamentos na produção do cuidado. Trabalhou-se a identificação, do ponto de vista da potência, das vivências e produções tecnoassistenciais micropolíticas que os trabalhadores usam para dar conta de tantas realidades específicas, na busca por adaptar os protocolos de assistência à realidade desse território e suas necessidades. Sendo o cenário da pesquisa a Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF), com suas conexões a partir do município de Tefé/Amazonas, optou-se pelo formato de um ensaio empírico, em conexão com conceitos e teorias que permitiram a formulação para seu compartilhamento, constituindo um diálogo epistemológico sobre os fazeres e saberes da pesquisa. A imagem construída aqui é de que o campo empírico da pesquisa tem a potência do banzeiro, que é o movimento ondular das águas, que visto da superfície pode ser representado como um movimento ondular harmônico e tranquilo, mas tal imagem não traduz a potência e energia que movimenta desde o leito do rio, com todo o volume de águas que desloca suas margens e desfaz o percurso dos barcos conduzidos por marinheiros inexperientes. Desse modo, vivencia-se a cartografia do “território líquido” que flui, potente, encontrando o outro e produzindo diferenciação no acontecimento, em devir com as gentes da Amazônia e suas formas de existir no território. Essa cartografia nos faz pensar numa episteme urgente e insurgente, tendo a ver com a superação do nosso corpo estratificado na pesquisa e no trabalho, pois pesquisadores e profissionais ainda são um corpo que insiste em organizar, fragmentar, produzir estratos e ter uma vida separada da sua potência. O “território líquido” com suas gentes nos ensina a existir num plano de imanência, onde o tempo-espaço é o tempo oportuno, onde a vida é o critério e é preciso criar memória de futuro e imaginação para a criação de pensamento, para permitir-se à dobra, às experimentações, aos acontecimentos, ao puro devir, mas não de qualquer maneira, pois o critério sempre será aquele que potencializa a vida.The objective of the thesis is to map techno-assistance models of care in the Basic Fluvial Health Unit - UBSF in the municipality of Tefé/AM. To achieve this, three paths were followed: the first was to share learning in research, as the result of the researchers' experience regarding access to the healthcare network in the Amazon. In it, a collective production was made about the “liquid territory” category; the second path was an exercise in mapping the presence of vibrating bodies in the production of such territory, as an essay on the production of shared knowledge with riverside health workers and users, in an exercise on asserting power; and the third path was to analyze the relationships between the paths taken by the UBSF and its practices, knowledge, lines of escape, and crossings in the production of health care. The thesis aims to identify, from an empowerment point of view, experiences and micropolitical techno-assistance productions that workers use to deal with, after facing so many specific realities on health care, in search for adapting care protocols to the reality of the “liquid territory” and to its needs. The research scenario is the Basic Fluvial Health Unit (UBSF) and its connections with the municipality of Tefé/Amazonas. For a cartography of it, the chosen format is of an empirical essay, in connection with concepts and theories that allowed the formulation of a theory for sharing and constituting an epistemological dialogue about the research's doings and knowledge. The image that guides the work is that the empirical field of research has the power of the “banzeiro”, which is the waving movement of water which, seen on the surface, can be represented as a harmonious and tranquil waving movement, although such image does not translate the power and energy that moves, from the river bed, the entire volume of water which displaces its banks and undoes the route of boats led by inexperienced sailors. Thus, the cartography of this work was experienced in the “liquid territory” that flows powerfully, finding the other and producing differentiation in the making of belonging with the people of the Amazon, and their ways of existing in the territory. This made us, researchers and professionals, think of an urgent and insurgent episteme which has to do with overcoming our stratified body in research and work, because we as part of these groups are still a body that insists on organizing, fragmenting, producing strata and having a life separated from its power. The “liquid territory” with its people teaches us to exist on a plane of immanence, where time-space is the opportune time, where life is the criterion and memory of the future together with imagination needs to be created to allow creation of knowledge - allowing the fold, the experiments and the events as pure becoming, but not in any way, because the criterion will always be the one that enhances life.FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do AmazonasNenhuma dificuldade. Sistema ótimo.Uma escrita sensível sobre o Cuidado em Saúde na Amazônia.Universidade Federal do AmazonasCentro de Ciências do AmbienteBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na AmazôniaSchweickardt, Katia Helena Serafina Cruzhttp://lattes.cnpq.br/8016283662982106Merhy, Emerson Eliashttp://lattes.cnpq.br/1302025007008899Simão, Maria Olívia de Albuquerque Ribeirohttp://lattes.cnpq.br/2594654340373805Ferla, Alcindo Antôniohttp://lattes.cnpq.br/6938715472729668Martins, Fabiana Manicahttp://lattes.cnpq.br/5367549959925417https://orcid.org/ 0000-0002-4440-26802022-05-03T13:53:46Z2021-09-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfMARTINS, Fabiana Mânica. As saúdes na Amazônia ribeirinha: análise do trabalho em saúde no território líquido. 2022. 228 f. Tese (Doutorado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus (AM), 2021.https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8850porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2022-05-04T05:03:40Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/8850Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922022-05-04T05:03:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false
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