Existe uma barreira que faz com que as pessoas trans não cheguem lá: itinerários terapêuticos, necessidades e demandas de saúde de homens trans no município de Salvador-BA.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26488 |
Resumo: | A emergência de vozes e discussões sobre as transmasculinidades tem ganhado força desde a década de 1990 com a expansão de autobiografias de homens trans em busca de reconhecimento e visibilidade em diversos países. Entretanto, tal movimento não foi assimilado na mesma intensidade com que estes sujeitos se apresentavam. Isto porque o reconhecimento das vivências trans tem sido pautado a partir de definições patológicas, como também porque os saberes sobre “homem” e “masculinidade” têm sido pautados por critérios biomédicos e hegemônicos-coloniais. A colonialidade tem sido responsável por práticas de hierarquização de diferentes pessoas com base em categorias que definem seus corpos e os lugares que lhes são possíveis. Tais definições condensam critérios biomédicos e jurídicos como recursos que garantam o controle dos corpos. Neste caminho colonial, a deslegitimação de determinados sujeitos, como os homens trans, passa a ser justificável, o que implica em processos de negação da sua condição cidadã e, consequentemente, a violação dos seus direitos básicos, a exemplo da saúde. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo investigar as necessidades e demandas de saúde de homens trans e os itinerários terapêuticos por eles realizados na busca por cuidados de saúde no município de Salvador – BA. O estudo constituiu uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório e baseou-se na perspectiva da desobediência epistêmica como via para alcançar realidades não dimensionáveis por saberes universalizantes. Partiu-se da verificação das necessidades e demandas de saúde dos homens trans como estratégia para alcançar a realidade dos sujeitos, em detrimento ao entendimento das vivências trans enquanto patologias. Os instrumentos de construção de dados foram constituídos de entrevistas semiestruturadas. A análise de dados foi realizada com base na antropologia interpretativa de Clifford Geertz. Participaram da pesquisa dez homens trans residentes na cidade de Salvador – BA com idade entre 20 e 43 anos, em sua maioria, negros e heterossexuais. As demandas de saúde são, em sua maioria, relativas às questões de modificação corporal, como a realização de cirurgias e hormonioterapia, havendo também demandas clínicas. As necessidades de saúde estão relacionadas ao respeito à cidadania, ao acesso aos cuidados de saúde, ao combate à transfobia e à despatologização das identidades trans. Em alguns casos, a patologização da sexualidade antecedeu o reconhecimento das vivências trans pelos protagonistas da pesquisa, o que implicou em trânsitos patologizantes das experiências vividas. Os itinerários terapêuticos são direcionados a serviços de atenção especializada como via para alcançar cuidados com a hormonização. Questões de ordem religiosa, racial, homofóbica, além da própria transfobia, e processos de mercantilizações das questões de saúde dos homens trans marcam as trajetórias destes sujeitos, repercutindo em situações de incômodo e violência. Observou-se a importância das relações afetivas, em especial, as familiares, nos percursos de cuidado. As necessidades e demandas de saúde criam itinerários terapêuticos cujos destinos se encaminham à concretização do direito à saúde, como estratégia de inteligibilizar, visibilizar e reconhecer a cidadania dos homens trans, garantindo o acesso integral e qualificado que atenda às suas questões de saúde, bem como implicando em mudanças cultuais, políticas e sociais que diminuam desigualdades. |
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