COM PANELEIROS, FRESSUREIRAS, TRAVESTIS, PUTAS E PUTOS: GÊNEROS, SEXUALIDADES E IDENTIDADES NA DRAMATURGIA DE BERNARDO SANTARENO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santana, Solange Santos
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26682
Resumo: Estudo sobre as configurações de gêneros, sexualidades e identidades na dramaturgia de Bernardo Santareno, mais especificamente, em O bailarino (1957), O pecado de João Agonia (1961), e nos dramatículos A Confissão, Monsanto e Vida breve em três fotografias, integrantes do volume Os Marginais e a Revolução (1979). Busca-se, dentre outros objetivos, identificar e analisar como Santareno, antes e depois da Ditadura salazarista (1933-1974), problematiza a matriz cultural heteronormativa, ao criar personagens que divergem do binarismo de gênero e da sexualidade hegemônica; como os sujeitos homossexuais, as lésbicas, as travestis e aqueles que se prostituem são constituídos na e pela linguagem em seus textos dramáticos; em quais relações de poder investem, e de que formas essas expressões identitárias lidam com o mundo circundante e com seus dispositivos regulatórios. Para tanto, este trabalho encontra subsídios nos campos teóricos da Literatura Comparada, dos Estudos Culturais, dos Estudos de gênero e sexualidades e na Teoria queer, atentando-se, é claro, às especificidades de tempo, espaço e às relações de poder que estruturam as questões de gênero, circunscrevem e possibilitam as experiências identitárias ligadas à homossexualidade, à lesbianidade, à transexualidade e à prostituição. Levando em consideração as diversas leituras e diálogos, comparações e análises de personagens e contextos (social, histórico-cultural e político) em que se inserem, além de elementos dramatúrgicos, é possível considerar a dramaturgia santareniana como um dos espaços da Literatura Portuguesa mais privilegiados para se refletir sobre questões de gênero, sexualidades e identidades. Ao conceber sua produção teatral como instrumento questionador e combativo da ordem vigente e de seus dispositivos regulatórios, Bernardo Santareno nos possibilita ver que as personagens e suas trajetórias confluem-se, numa só corrente, não para a mera representação, mas para a problematização de suas experiências identitárias, tidas como transgressoras, uma vez que se projetam dramaticamente num mundo ficcional hostil à individualidade e ao que foge às normas de gênero, sexuais e socioculturais.