BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rito, Marcelo
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Aquino, Julio Groppa
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Dialectus
Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/31005
Resumo: O presente artigo dedica-se a contribuir para o debate acerca dos estudos foucaultianos na educação realizados no Brasil atualmente, por meio da proposição de um plano investigativo voltado à díade biopolítica-escolarização, sobretudo no que diz respeito à implementação da pedagogia moderna no país nas décadas de 1920/30, cujos ecos parecem persistir na atualidade educacional. Para tanto, são retomadas as teses principais da teorização de Michel Foucault acerca da “estatização do biológico” e da emergência da população como problema político, por meio da ascensão de procedimentos públicos voltados à regulamentação dos contingentes populacionais em seu conjunto sem a necessidade de estabelecer novas instituições de sequestro, tal como ocorrera na era disciplinar. Em seguida, são revisitados criticamente alguns estudos de cunho historiográfico que se valeram de tal referencial para entabular suas análises, os quais parecem ter se confinado em um tipo de interpretação da biopolítica no campo educacional como imposição, ressignificação ou mero disciplinamento das populações escolares. Daí a escola moderna ser tomada amiúde como tributária de um amplo programa ideológico dedicado a desviar os cidadãos e, mais especificamente, os escolares de uma suposta origem livre, igualitária e autêntica. Ao final das discussões, são apresentadas algumas digressões acerca das possibilidades analíticas oferecidas pelos últimos cursos ministrados por Foucault, por meio das quais talvez se lograsse ultrapassar o binarismo poder/resistência, alcançando o cerne dos processos de veridicção/subjetivação que levam os indivíduos modernos a se conceberem como seres em permanente desenvolvimento, em busca de constante segurança e autocontrole perante um mundo de infinitos estímulos para corpos tidos como limitados, mas plenamente adaptáveis.
id UFC-11_c1c90754314442357637abde008bdbe2
oai_identifier_str oai:periodicos.ufc:article/31005
network_acronym_str UFC-11
network_name_str Revista Dialectus
repository_id_str
spelling BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATEbiopolíticaeducaçãoescolanovismoMichel FoucaultO presente artigo dedica-se a contribuir para o debate acerca dos estudos foucaultianos na educação realizados no Brasil atualmente, por meio da proposição de um plano investigativo voltado à díade biopolítica-escolarização, sobretudo no que diz respeito à implementação da pedagogia moderna no país nas décadas de 1920/30, cujos ecos parecem persistir na atualidade educacional. Para tanto, são retomadas as teses principais da teorização de Michel Foucault acerca da “estatização do biológico” e da emergência da população como problema político, por meio da ascensão de procedimentos públicos voltados à regulamentação dos contingentes populacionais em seu conjunto sem a necessidade de estabelecer novas instituições de sequestro, tal como ocorrera na era disciplinar. Em seguida, são revisitados criticamente alguns estudos de cunho historiográfico que se valeram de tal referencial para entabular suas análises, os quais parecem ter se confinado em um tipo de interpretação da biopolítica no campo educacional como imposição, ressignificação ou mero disciplinamento das populações escolares. Daí a escola moderna ser tomada amiúde como tributária de um amplo programa ideológico dedicado a desviar os cidadãos e, mais especificamente, os escolares de uma suposta origem livre, igualitária e autêntica. Ao final das discussões, são apresentadas algumas digressões acerca das possibilidades analíticas oferecidas pelos últimos cursos ministrados por Foucault, por meio das quais talvez se lograsse ultrapassar o binarismo poder/resistência, alcançando o cerne dos processos de veridicção/subjetivação que levam os indivíduos modernos a se conceberem como seres em permanente desenvolvimento, em busca de constante segurança e autocontrole perante um mundo de infinitos estímulos para corpos tidos como limitados, mas plenamente adaptáveis.Universidade Federal do Ceará (UFC)2017-12-29info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/3100510.30611/2017n11id31005Revista Dialectus - Revista de Filosofia; n. 11 (2017): Dossiê Michel Foucault2317-201010.30611/2017n11reponame:Revista Dialectusinstname:Universidade Federal do Ceará (UFC)instacron:UFCporhttp://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/31005/71629Rito, MarceloAquino, Julio Groppainfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-06-15T01:23:51Zoai:periodicos.ufc:article/31005Revistahttp://periodicos.ufc.br/dialectusPUBhttp://periodicos.ufc.br/dialectus/oaidialectus@ufc.br||ef.chagas@uol.com.br||revistadialectus@yahoo.com2317-20102317-2010opendoar:2020-06-15T01:23:51Revista Dialectus - Universidade Federal do Ceará (UFC)false
dc.title.none.fl_str_mv BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
title BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
spellingShingle BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
Rito, Marcelo
biopolítica
educação
escolanovismo
Michel Foucault
title_short BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
title_full BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
title_fullStr BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
title_full_unstemmed BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
title_sort BIOPOLÍTICA E ESCOLA MODERNA: APONTAMENTOS PARA UM DEBATE
author Rito, Marcelo
author_facet Rito, Marcelo
Aquino, Julio Groppa
author_role author
author2 Aquino, Julio Groppa
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Rito, Marcelo
Aquino, Julio Groppa
dc.subject.por.fl_str_mv biopolítica
educação
escolanovismo
Michel Foucault
topic biopolítica
educação
escolanovismo
Michel Foucault
description O presente artigo dedica-se a contribuir para o debate acerca dos estudos foucaultianos na educação realizados no Brasil atualmente, por meio da proposição de um plano investigativo voltado à díade biopolítica-escolarização, sobretudo no que diz respeito à implementação da pedagogia moderna no país nas décadas de 1920/30, cujos ecos parecem persistir na atualidade educacional. Para tanto, são retomadas as teses principais da teorização de Michel Foucault acerca da “estatização do biológico” e da emergência da população como problema político, por meio da ascensão de procedimentos públicos voltados à regulamentação dos contingentes populacionais em seu conjunto sem a necessidade de estabelecer novas instituições de sequestro, tal como ocorrera na era disciplinar. Em seguida, são revisitados criticamente alguns estudos de cunho historiográfico que se valeram de tal referencial para entabular suas análises, os quais parecem ter se confinado em um tipo de interpretação da biopolítica no campo educacional como imposição, ressignificação ou mero disciplinamento das populações escolares. Daí a escola moderna ser tomada amiúde como tributária de um amplo programa ideológico dedicado a desviar os cidadãos e, mais especificamente, os escolares de uma suposta origem livre, igualitária e autêntica. Ao final das discussões, são apresentadas algumas digressões acerca das possibilidades analíticas oferecidas pelos últimos cursos ministrados por Foucault, por meio das quais talvez se lograsse ultrapassar o binarismo poder/resistência, alcançando o cerne dos processos de veridicção/subjetivação que levam os indivíduos modernos a se conceberem como seres em permanente desenvolvimento, em busca de constante segurança e autocontrole perante um mundo de infinitos estímulos para corpos tidos como limitados, mas plenamente adaptáveis.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-12-29
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/31005
10.30611/2017n11id31005
url http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/31005
identifier_str_mv 10.30611/2017n11id31005
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/31005/71629
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Ceará (UFC)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Ceará (UFC)
dc.source.none.fl_str_mv Revista Dialectus - Revista de Filosofia; n. 11 (2017): Dossiê Michel Foucault
2317-2010
10.30611/2017n11
reponame:Revista Dialectus
instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron:UFC
instname_str Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron_str UFC
institution UFC
reponame_str Revista Dialectus
collection Revista Dialectus
repository.name.fl_str_mv Revista Dialectus - Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository.mail.fl_str_mv dialectus@ufc.br||ef.chagas@uol.com.br||revistadialectus@yahoo.com
_version_ 1814253407289999360