As expectativas e a participaÃÃo dos pais no processo de desenvolvimento e escolarizaÃÃo do filho diagnosticado com Transtorno de DÃficit de AtenÃÃo/Hiperatividade - TDA/H.

• Autor(a) principal: Marilete Geralda da Silva
• Data de Publicação: 2007
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2436
• topic: TDA/H; pais; expectativas; participaÃÃo; desenvolvimento; escolarizaÃÃo; inclusÃo; ADD/H; parents; expectations; participation; development; schooling; inclusion; PSICOLOGIA EDUCACIONAL

Partindo da constataÃÃo de que os pais sÃo parceiros privilegiados na educaÃÃo das crianÃas, o presente estudo teve como propÃsito compreender as relaÃÃes entre as expectativas e as formas de participaÃÃo dos pais no desenvolvimento e escolarizaÃÃo das crianÃas diagnosticadas com o Transtorno de DÃficit de AtenÃÃo/Hiperatividade â TDA/H. Para que tal objetivo fosse alcanÃado, realizei estudo de quatro casos de crianÃas diagnosticadas com este transtorno (trÃs meninos e uma menina) e seus respectivos pais, na faixa etÃria de sete a dez anos quando do inÃcio do estudo, durante o primeiro semestre de 2005. Para a coleta dos dados da pesquisa, realizei entrevistas orientadas e observaÃÃes participantes. As entrevistas foram realizadas com os pais, com as crianÃas, com as professoras e coordenador pedagÃgico das escolas onde estas crianÃas estudavam, no inÃcio e no final do semestre letivo de cada estabelecimento. As observaÃÃes participantes aconteceram nos contextos da casa e da escola de cada uma e noutros ambientes (na quadra de esportes, na casa da professora particular, no curso de MatemÃtica, na Sala de Recurso, em apresentaÃÃes de bumba-meu-boi e na rua). Os dados coletados foram organizados e categorizados a partir da tÃcnica da anÃlise de conteÃdo. Aos registros escritos das observaÃÃes participantes, acrescentei dados coletados do registro fotogrÃfico e fonogrÃfico. Estes registros foram transformados em textos descritivos das interaÃÃes entre os sujeitos da pesquisa. Os dados colhidos e organizados foram analisados e interpretados, principalmente, a partir da perspectiva psicanalÃtica e de autores que discutem a participaÃÃo dos pais na escola e o processo de inclusÃo escolar de crianÃas com necessidades educativas especiais (NEE). Levando em consideraÃÃo os limites da metodologia do estudo de caso, apontei algumas inferÃncias conclusivas em relaÃÃo ao trabalho realizado. SÃo elas: os pais tÃm expectativas em relaÃÃo ao desenvolvimento, escolarizaÃÃo e profissionalizaÃÃo dos filhos, como os outros pais, mas esperam, principalmente, que desenvolvam boas atitudes; as expectativas nem sempre foram positivas e evidenciaram ser influenciadas pelo contexto das dificuldades e facilidades das crianÃas. A participaÃÃo dos pais se caracterizou, principalmente, pela procura de vÃrios profissionais para ajudÃ-los no acompanhamento dos filhos; pela culpa que nutrem em relaÃÃo Ãs dificuldades da crianÃa; pela vigilÃncia, pelo apego e dedicaÃÃo das mÃes e pela participaÃÃo marginal do pai; e pela dificuldade em entender a conduta da crianÃa por causa dos efeitos da medicaÃÃo para os sintomas do TDA/H. O atendimento escolar à apontado pelos pais como o principal fator que facilita e que dificulta a participaÃÃo no desenvolvimento e escolarizaÃÃo dos filhos. A relaÃÃo entre expectativas e participaÃÃo mostrou: que nÃo hà linearidade entre elas; que nem sempre a forma de participaÃÃo à favorÃvel ao alcance das expectativas; que expectativas e formas de participaÃÃo apontam o lugar que as crianÃas ocupam no desejo de seus pais; que os sentimentos dos pais em relaÃÃo aos filhos sÃo ambivalentes; que o alto investimento na participaÃÃo e o nÃo retorno do que à esperado pode gerar expectativas negativas e que nem toda forma de participaÃÃo dos pais à sinÃnimo de ajuda para a crianÃa, para a escola e para a prÃpria famÃlia. As crianÃas percebem que os pais anseiam que formem boas atitudes e que mudem de comportamento; quando indagadas, posicionam-se (verbalmente) de forma passiva e infantilizada diante das ajudas que recebem; revelam bons sentimentos em relaÃÃo à escola e ensaiam algumas crÃticas em relaÃÃo aos colegas e professoras; tambÃm demonstraram motivaÃÃo e conduta autÃnoma para realizarem suas atividades em vÃrios momentos do estudo, mas evidenciaram mobilizar vÃrias pessoas da famÃlia com os seus afazeres; tÃm consciÃncia dos sintomas do TDA/H que lhes sÃo atribuÃdos e revelam o receio de serem discriminados por isso. Expectativas e formas de participaÃÃo tambÃm demonstraram que o estatuto simbÃlico deste transtorno està sendo um fator de peso para que o curso do desenvolvimento destas crianÃas jà esteja traÃado, impedindo-as de se fazerem enigmas aos seus pais. O estudo tambÃm revelou que o atendimento dispensado Ãs crianÃas com TDA/H e seus pais na escola nÃo foi fruto de uma proposta refletida de inclusÃo.