Tornar-se negro: trajetÃrias de vida de professores universitÃrios no CearÃ

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maria Auxiliadora de Paula GonÃalves Holanda
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4525
Resumo: A pesquisa trata dos processos de construÃÃo de subjetividades dos professores universitÃrios negros da Universidade Federal do Cearà (UFC) ao longo de suas trajetÃrias de vida. O caminho percorrido rumo ao objeto de anÃlise foi conhecer e analisar as construÃÃes identitÃrias de professores dessa universidade nas experiÃncias do tornar-se negro, vivenciadas desde a infÃncia atà o ingresso no mundo do trabalho, no contÃnuo processo de identificaÃÃo e negociaÃÃo prÃprio da formaÃÃo humana. O foco dessa investigaÃÃo foram as experiÃncias desses sujeitos nas mÃltiplas relaÃÃes cotidianas com o preconceito, a discriminaÃÃo, e os estereÃtipos, e suas formas de enfrentamento, numa sociedade que nega e silencia sobre o racismo. Nesse sentido, buscou-se compreender como se deu o reconhecimento de ser negro num paÃs onde o mito da democracia racial e a polÃtica de branqueamento ainda repercutem no imaginÃrio social, e onde o racismo institucional à uma realidade que atinge muitas pessoas de forma simbÃlica e sutil. Ademais, objetivou-se conhecer as percepÃÃes dos professores em relaÃÃo Ãs aÃÃes afirmativas e cotas, polÃticas que dizem respeito diretamente aos negros, e que colocam em reflexÃo todos os sentidos de ser consciente ou nÃo do pertencimento racial. A anÃlise do objeto proposto foi feito a partir dos relatos de experiÃncias de vida configurados em dez entrevistas semiestruturadas com professores de diferentes perÃodos e de cursos das trÃs grandes Ãreas de ensino: Humanidades, SaÃde e Engenharias. A base teÃrica para desenvolver a metodologia de pesquisa foi inspirada no mÃtodo biogrÃfico, sobretudo nos estudos de Ferraroti, Josso, Jovchelovitch e Bauer. A pesquisa apoia-se teoricamente, sobretudo nos estudos de Hall, SodrÃ, Woodvard, Santos, Elias, Costa e Goffman para dar conta das construÃÃes identitÃrias, das subjetividades do tornar-se negro nos processos de identificaÃÃo e, por conseguinte, da formaÃÃo de identidade no contexto familiar, da escola e da sociedade com um todo. Complementando o suporte teÃrico, os estudos de Da Matta, Skidmore, Nascimento, GuimarÃes e Hasenbalg ocupam lugar de destaque na anÃlise sobre democracia racial e polÃtica de branqueamento. Todos os autores compactuam com uma das ideias centrais dessa tese: a de que a invisibilidade e a ausÃncia de negros em espaÃos historicamente ocupados por brancos constituem uma perversa construÃÃo sÃcio-histÃrica, e a desconstruÃÃo dessa ideia recai sobre a consciÃncia da prÃpria negritude, da histÃria e do pertencimento racial, portanto, da construÃÃo de uma identidade. Nos relatos dos professores foi observado que as experiÃncias em relaÃÃo ao preconceito e à discriminaÃÃo vividas no contexto familiar sÃo enfrentadas ainda como brincadeiras e pouco tematizadas. Quanto Ãs experiÃncias vividas na escola, recebem destaque aquelas em que o silÃncio e a negaÃÃo do preconceito ainda sÃo evidentes. A universidade enquanto lÃcus de objetivaÃÃo e apropriaÃÃo do conhecimento universal propiciou aos professores negros a mobilidade social e a elevaÃÃo da autoestima. Para alguns, o conhecimento os aproximou da consciÃncia das desigualdades raciais, para outros, esta parece ter ficado ainda mais adormecida. Os resultados da pesquisa e a realidade objetiva evidenciam que o tornar-se negro acompanha o processo de tornar-se sujeito, social e historicamente mediado. Desse modo, ao sofrer mÃltiplas determinaÃÃes advindas das relaÃÃes sociais de dominaÃÃo, reconhecer-se com uma identidade negra, inscreve-se a partir da alternÃncia de situaÃÃes de exploraÃÃo eivadas de preconceito e discriminaÃÃo, e envoltas na condiÃÃo de classe.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisTornar-se negro: trajetÃrias de vida de professores universitÃrios no Cearà To become black: trajectories of life of university professors in the CearÃ2009-12-17ErcÃlia Maria Braga de Olinda12146145315http://lattes.cnpq.br/3596726681015906 Sandra Maria Gadelha de Carvalho13568760304Ana Maria Iorio Dias22829733304http://lattes.cnpq.br/7968107654959280 Alba Maria Pinho de Carvalho04393422368http://lattes.cnpq.br/5941867047206757Rosa Maria Barros Ribeiro29692415368http://lattes.cnpq.br/759074303199782217040353334http://lattes.cnpq.br/6942781499089415Maria Auxiliadora de Paula GonÃalves HolandaUniversidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em EducaÃÃoUFCBRRelaÃÃes Raciais Universidade IdentidadeRacial Relations University IdentityEDUCACAOA pesquisa trata dos processos de construÃÃo de subjetividades dos professores universitÃrios negros da Universidade Federal do Cearà (UFC) ao longo de suas trajetÃrias de vida. O caminho percorrido rumo ao objeto de anÃlise foi conhecer e analisar as construÃÃes identitÃrias de professores dessa universidade nas experiÃncias do tornar-se negro, vivenciadas desde a infÃncia atà o ingresso no mundo do trabalho, no contÃnuo processo de identificaÃÃo e negociaÃÃo prÃprio da formaÃÃo humana. O foco dessa investigaÃÃo foram as experiÃncias desses sujeitos nas mÃltiplas relaÃÃes cotidianas com o preconceito, a discriminaÃÃo, e os estereÃtipos, e suas formas de enfrentamento, numa sociedade que nega e silencia sobre o racismo. Nesse sentido, buscou-se compreender como se deu o reconhecimento de ser negro num paÃs onde o mito da democracia racial e a polÃtica de branqueamento ainda repercutem no imaginÃrio social, e onde o racismo institucional à uma realidade que atinge muitas pessoas de forma simbÃlica e sutil. 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We tried to find out and analyze their since the childhood to the moment they started working, in the continuous process of identification and negotiation which are part of the human formation.The focus of the investigation were the experiences of the professors in their multiple everyday relation with prejudice, discrimination and the stereotypes and its ways of confrontation, in a society that denies and silences racism. With this in mind, the research tried to understand the acknowledgment of being black in a country where the myth of racial democracy and the whitening policy are still in the social imaginary and where the institutional racism is a reality that hits many people in a symbolic and subtle manner. Furthermore, we aim is to know the perceptions of professors in relation to their affirmative actions and quota, a policy that has to do directly to the black people and that makes one reflect all the senses of being aware or not of the racial belonging. The analysis of the proposed object was built from life stories through ten semi-structured interviews with professors from different periods and of three big areas of teaching: humanities, health and the Engineerings. The theory supporting to develop the research methodology was inspired by biographic method, mostly in the studies of Ferraroti, Josso, Jovchelovitch & Bauer. The research is based mainly in Hallâs, Woodvardâs, Santosâ, Eliasâ, Costaâs and Goofmanâs studies to track the identity constructions, the subjectivity of becoming black in the identification processes and, further, the formation of identity in the family context, at school and in society as a whole. To complement the support from the theory, Da Mattaâs, Skidmoreâs, Nascimentoâs, GuimarÃesâ and Hansenbalg studies have a highlighted position in the analysis of the racial democracy and in the whitening policy. All the authors agree with one of the main ideas from the thesis that the invisibility and absence of black people in the positions usually taken by white people are a perverse social-historical construction and the deconstruction of this idea lays on the conscience of oneâs own black state, history and racial belonging, therefore, the construction of an identity. In the life stories from the professors, it was observed that the experiences about prejudice and discrimination lived in the familiar context are faced as jokes and are not a topic. About the experiences lived at school, the ones in which silence and denying of the prejudice are involved are still evident. The university as a locus of objetivation and appropriation of universal knowledge gave the black professors the social mobility and self-esteem elevation. For a few, the knowledge put them closer to the conscience of the racial inequalities, to others this seamed to keep it even more asleep. The results of the research and the objective reality show that becoming black tracks the process of becoming a social and historically mediated subject. Thus, as one suffers the multiple determinations arisen from the social relations of domination, the recognization of a black identity happens from the alternation of situations of exploitation guided by prejudice and discrimination and involved by the class conditions. nÃo hÃhttp://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4525application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:17:30Zmail@mail.com -
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