Pedagogia do movimento agroecológico : fundamentos teórico-metodológicos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Marcio Gomes da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16121
Resumo: O objetivo desta tese é analisar os fundamentos teórico-metodológicos da Pedagogia do Movimento Agroecológico, tendo em conta as contradições capital/trabalho e as mediações entre trabalho e educação nas experiências educativas desenvolvidas na Zona da Mata de Minas Gerais. O materialismo histórico e suas categorias foram empregados como referenciais de análise. Os procedimentos de pesquisa foram organizados em entrevistas, análise documental, pesquisa bibliográfica e participação em eventos de agroecologia. Partiu- se do pressuposto de que essas experiências vêm conformando e, ao mesmo tempo, constituindo o que se denomina Pedagogia do Movimento Agroecológico. Defendeu-se a tese de que, historicamente vinculadas à Educação Popular, essas experiências educativas calcadas nas concepções freirianas de Educação e de mundo, e desenvolvidas na Zona da Mata mineira foram, ao longo do tempo, criando laços com a agroecologia e incorporando concepções e práticas político-pedagógicas da Educação do Campo, a qual tem no materialismo histórico dialético seu referencial teórico-metodológico. A Pedagogia do Movimento Agroecológico, portanto, se constitui e se tece na confluência entre os saberes do trabalho camponês, Educação Popular e Educação do Campo. Seus fundamentos possuem matrizes ético- políticas e técnico-produtivas e reúnem um conjunto de princípios pedagógicos que orientam as experiências educativas, e com elas os conteúdos programáticos, os objetos do fazer, do saber e do ensinar agroecologia, tais como: a) o princípio educativo do trabalho camponês, considerado em sua dimensão histórico-ontológica; b) o enfoque de gênero e do feminismo na estruturação da formação em agroecologia; c) a pesquisa participante como dimensão educativa – elaboração de metodologias para que haja interação entre saberes do trabalho camponês e conhecimento científico; d) eventos e encontros de formação política e cultural – que permitem compreender mediações e contradições na promoção da agroecologia nos territórios. A produção do conhecimento, na experiência do Movimento Agroecológico na Zona da Mata, vai constituindo e fundamentando a sua Pedagogia, que passa a ganhar sentido na unidade dialética entre ciência, prática e movimento. Dessa forma, se configura, a partir de uma ciência produzida em interação com os saberes do trabalho camponês, fundamentada nas relações sociais de produção da agricultura camponesa e nos processos ecológicos presentes nessas relações. Um movimento social que reúne na agroecologia o conteúdo programático da sua educação, cuja intencionalidade é promover novas relações socioecológicas. E uma prática social, que parte de estratégias camponesas de produção da existência mediadas pelo trabalho camponês, na qual o trabalho se manifesta enquanto um princípio educativo e, ao mesmo tempo, um princípio pedagógico que orienta e estrutura o cotidiano da formação de trabalhadores/as do campo em agroecologia, numa perspectiva também de formação política no contexto da luta de classes
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Defendeu-se a tese de que, historicamente vinculadas à Educação Popular, essas experiências educativas calcadas nas concepções freirianas de Educação e de mundo, e desenvolvidas na Zona da Mata mineira foram, ao longo do tempo, criando laços com a agroecologia e incorporando concepções e práticas político-pedagógicas da Educação do Campo, a qual tem no materialismo histórico dialético seu referencial teórico-metodológico. A Pedagogia do Movimento Agroecológico, portanto, se constitui e se tece na confluência entre os saberes do trabalho camponês, Educação Popular e Educação do Campo. Seus fundamentos possuem matrizes ético- políticas e técnico-produtivas e reúnem um conjunto de princípios pedagógicos que orientam as experiências educativas, e com elas os conteúdos programáticos, os objetos do fazer, do saber e do ensinar agroecologia, tais como: a) o princípio educativo do trabalho camponês, considerado em sua dimensão histórico-ontológica; b) o enfoque de gênero e do feminismo na estruturação da formação em agroecologia; c) a pesquisa participante como dimensão educativa – elaboração de metodologias para que haja interação entre saberes do trabalho camponês e conhecimento científico; d) eventos e encontros de formação política e cultural – que permitem compreender mediações e contradições na promoção da agroecologia nos territórios. A produção do conhecimento, na experiência do Movimento Agroecológico na Zona da Mata, vai constituindo e fundamentando a sua Pedagogia, que passa a ganhar sentido na unidade dialética entre ciência, prática e movimento. 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It is assumed that these experiences have been conforming and, at the same time, constituting what we call Pedagogy of the Agroecological Movement. The thesis is that these educational experiences, historically linked to Popular Education, based on Freire’s worldview and conceptions of Education, developed in the Zona da Mata of Minas Gerais, over time, created ties with agroecology and incorporated conceptions and political- pedagogical practices of Rural Education, which has its theoretical-methodological framework based on the dialectical historical materialism. The Pedagogy of the Agroecological Movement, therefore, is constituted and woven in the confluence between the knowledge of peasant labor, Popular Education and Rural Education. Its foundations have ethical-political and technical matrices, and hold a set of pedagogical principles that guide educational experiences and also the programmatic contents, the objects of the to do, to know and to teach agroecology, such as: a) the educational principle of peasant work, considered in its historical-ontological dimension; b) the focus of gender and feminism in the structure of the qualification in agroecology; c) participant research as an educational dimension - elaboration of methodologies that promote interaction between knowledge of peasant work and scientific knowledge; d) events and meetings of political and cultural formation - which allow to understand mediations and contradictions in the promotion of agroecology in the territories. The production of knowledge in the experience of the Agroecological Movement in Zona da Mata, is constituting and substantiating its Pedagogy, which gains meaning in the dialectical unity between science, practice and movement. Thus, it is configured from a science produced with interaction with the knowledge of peasant labor, based on the social relations of the production of peasant agriculture and the ecological processes present in these relationships. A social movement that brings together in agroecology the programmatic content of its education, whose intention is to promote new socioecological relationships. It is a social practice, which starts from peasant strategies of production of existence mediated by peasant labor, in which labor manifests itself as an educational principle and, at the same time, a pedagogical principle that guides and structures the daily formation of rural workers in agroecology, in a perspective that is also political formation in the context of class struggle197 f.Tiriba, LiaFrigotto, GaudêncioRodrigues, Maria Cristina PauloFischer, Maria Clara BuenoRamos, Marise NogueiraBarbosa, Willer AraújoSilva, Marcio Gomes da2020-11-26T15:33:38Z2020-11-26T15:33:38Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSILVA, Marcio Gomes da. Pedagogia do Movimento Agroecológico: fundamentos teórico-metodológicos. 2020. 197 f. 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