As duras cadeias de hum governo subordinado”: história, elites e governabilidade na capitania da Paraíba (c. 1755 – c. 1799).

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Chaves Júnior, José Inaldo
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/255
Resumo: Na segunda metade do século XVIII, os territórios das capitanias do Norte do Estado do Brasil estiveram, por determinação régia, anexados administrativamente ao governo da capitania de Pernambuco. No caso da Paraíba, a anexação perdurou ao longo de quarenta e quatro anos, entre 1756 e 1799, e institucionalizou redes sociais há muito estabelecidas entre segmentos das elites da Paraíba e seus congêneres da vizinha Pernambuco. Constituída capitania real ainda no final do século XVI, a Paraíba teve sua jurisdição política, administrativa e econômica subtraída sob a alegação da inexistência de meios financeiros para a manutenção de um governo autônomo. A privação da autonomia governativa produziu uma vastidão de contenciosos entre os governadores das duas capitanias, fosse pelo desrespeito ou indefinição dos limites jurisdicionais de cada um, fosse pelo não-reconhecimento de parte das elites da Paraíba da autoridade do capitão-mor desta capitania. As falas irritadas dos governadores da Paraíba, notadamente de Jerónimo José de Melo e Castro (1764-97), contrários à anexação, foram quase sempre tomadas pela historiografia paraibana, notavelmente aquela ligada ao Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), como arautos de independência e bravura frente ao domínio da poderosa capitania vizinha. No entanto, uma releitura dos eventos que rodearam àquele tenso meio século repleto de intrigas entre os governadores da Paraíba e as elites locais, sempre dispostas a consorciar-se com os de Pernambuco, tem demonstrado o estabelecimento, sob a chancela da Coroa, de redes supracapitanias que interligavam tais espaços a partir dos negócios e da política, ensejadas numa cultura política de Antigo Regime nos trópicos. Portanto, esse estudo busca uma observação micro-analítica das consequências da anexação de 1756 a partir das dinâmicas das elites locais da Paraíba, inseridas no contexto do Império português, i.é., as relações que conformavam os vínculos com Pernambuco, precisamente com os negociantes da praça mercantil do Recife e com os governadores-generais, fazendo-as duelar contra aqueles que tentavam prejudicar os interesses em jogo.
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Constituída capitania real ainda no final do século XVI, a Paraíba teve sua jurisdição política, administrativa e econômica subtraída sob a alegação da inexistência de meios financeiros para a manutenção de um governo autônomo. A privação da autonomia governativa produziu uma vastidão de contenciosos entre os governadores das duas capitanias, fosse pelo desrespeito ou indefinição dos limites jurisdicionais de cada um, fosse pelo não-reconhecimento de parte das elites da Paraíba da autoridade do capitão-mor desta capitania. As falas irritadas dos governadores da Paraíba, notadamente de Jerónimo José de Melo e Castro (1764-97), contrários à anexação, foram quase sempre tomadas pela historiografia paraibana, notavelmente aquela ligada ao Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), como arautos de independência e bravura frente ao domínio da poderosa capitania vizinha. No entanto, uma releitura dos eventos que rodearam àquele tenso meio século repleto de intrigas entre os governadores da Paraíba e as elites locais, sempre dispostas a consorciar-se com os de Pernambuco, tem demonstrado o estabelecimento, sob a chancela da Coroa, de redes supracapitanias que interligavam tais espaços a partir dos negócios e da política, ensejadas numa cultura política de Antigo Regime nos trópicos. Portanto, esse estudo busca uma observação micro-analítica das consequências da anexação de 1756 a partir das dinâmicas das elites locais da Paraíba, inseridas no contexto do Império português, i.é., as relações que conformavam os vínculos com Pernambuco, precisamente com os negociantes da praça mercantil do Recife e com os governadores-generais, fazendo-as duelar contra aqueles que tentavam prejudicar os interesses em jogo.In the second half of the eighteenth century, the territories of the captaincy of the State of North Brazil were, by royal determination, administratively attached to the government of the Captaincy of Pernambuco. In the case of Paraíba, the annexation lasted over forty-four years, between 1755 and 1799, and institutionalized long-established social networks of social and political elites of Paraíba and their counterparts from the neighboring, state of Pernambuco. Founded royal captaincy in the late sixteenth century, Paraíba had its political jurisdiction, administrative and economic subtracted on the grounds of lack of funds for the maintenance of an autonomous government. The deprivation of self-governing produced a breadth of litigation between the two governors of captaincy, it was the disrespect or blurring of the jurisdictional limits of each, was the recognition of elites of Paraíba the authority of the Captain General of captaincy. The angry speeches of the governors of Paraíba, notably Jerónimo José de Mello e Castro (1764-1797), against the annexation, were almost always taken by historiography, the remarkably connected to Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), as harbingers of independence and bravery against the powerful field of neighboring captaincy. However, a reinterpretation of the events surrounding strained to that a half a century full of intrigues among the governors of Paraíba and local elites, always willing to consort with those of Pernambuco, has demonstrated the establishment, under the auspices of the Crown, networking supracapitanias interconnected such that spaces from business and politics, triggering a political culture in the Ancien Regime in the tropics. Therefore, this article seeks a micro-analytical observatio9n of the consequences of the annexation of 1755 from the dynamics of local elites within the context of Paraíba of the Portuguese Empire, this is relations that conform the bonds Pernambuco, precisely with the businessman of Recife and with the governors generals, making the battle against those who brought harm the interests at stake.Bicalho, Maria Fernanda BaptistaChaves Júnior, José Inaldo2014-02-21T20:23:18Z2014-02-21T20:23:18Z2013info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCHAVES JÚNIOR, José Inaldo. “As duras cadeias de hum governo subordinado”: história, elites e governabilidade na capitania da Paraíba (c. 1755 – c. 1799). 2013. 284 f. 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