Remoções e resistências: a transferência da população do aterro em Guarus para o conjunto habitacional do Parque Santa Clara, Campos dos Goytacazes (RJ)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SILVA, Filliph Machado Santos da
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/31428
Resumo: Os processos de remoções geralmente estão associados a uma intervenção do Estado por meio de políticas habitacionais que trazem consideráveis impactos tanto para as populações removidas quanto para os lugares. Como fundamentação conceitual, trabalhamos com a concepção de espaço e sua apropriação social, abordagens sobre o lugar e a problemática das políticas habitacionais e das remoções. O objetivo geral é analisar as relações estabelecidas com o lugar de origem e destino pela população removida de uma área conhecida como “Aterro” no subdistrito de Guarus, em Campos dos Goytacazes/RJ, para um conjunto habitacional, no âmbito de um programa implementado pela prefeitura do município. A problemática que envolve nosso objeto de estudo teve início no ano de 2011, quando a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes (PMCG) intimou, por meio de ordem judicial, os moradores do “aterro” localizado numa das margens da Lagoa do Vigário, a saírem do local, o que gerou um embate entre a prefeitura e os moradores. Cabe salientar que viviam nessa margem da lagoa cerca de 150 famílias. A presente pesquisa é de natureza qualitativa possuindo como técnica o uso de entrevistas semiestruturadas com os moradores do aterro da Lagoa do Vigário e do Conjunto Habitacional do Parque Santa Clara. Ademais, a metodologia também consistiu em levantamento bibliográfico; pesquisa documental em notícias jornalísticas, blogs e sites e mapeamento da área de estudo. Como resultados, identificamos que o processo foi marcado por uma pressão do poder público para a aceitação da remoção por parte da população, que manifestou resistência, apesar do medo e da insegurança. Apesar da aquisição da moradia e da regularidade da propriedade, a remoção trouxe quebra de vínculos com o lugar e a vizinhança anterior, dificuldades com relação a mobilidade e acessibilidade e o desejo de mudar. Ademais, os equipamentos urbanos encontrados próximos ao conjunto habitacional são pouco utilizados por esse grupo social. Com relação à população que ainda permanece na área do aterro, identificamos que a resistência foi muito particular e não se configurou em um movimento coletivo ou mobilização popular. Dentre os motivos para ficar, destacamos a proximidade com o centro e a rede de infraestrutura nas proximidades. Identificamos ainda que, recentemente, alguns moradores que foram removidos para o conjunto habitacional estão retornando para área do aterro da Lagoa do Vigário. No caso em questão, destaca-se o sentimento de medo que perpassa toda a experiência – das inundações, da pressão exercida pelo poder público, a insegurança em ficar ou em sair, ou mesmo o medo em residir em um lugar estranho. Assim, nota-se que a população em áreas submetidas a remoções vivencia um processo bastante controverso, com sentimentos ambíguos, ressignificação da relação com o lugar e com as pessoas.
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spelling Remoções e resistências: a transferência da população do aterro em Guarus para o conjunto habitacional do Parque Santa Clara, Campos dos Goytacazes (RJ)Remoções; Apropriação do Espaço; Campos dos Goytacazes.Removals; Appropriation of Space; Campos dos Goytacazes.Os processos de remoções geralmente estão associados a uma intervenção do Estado por meio de políticas habitacionais que trazem consideráveis impactos tanto para as populações removidas quanto para os lugares. Como fundamentação conceitual, trabalhamos com a concepção de espaço e sua apropriação social, abordagens sobre o lugar e a problemática das políticas habitacionais e das remoções. O objetivo geral é analisar as relações estabelecidas com o lugar de origem e destino pela população removida de uma área conhecida como “Aterro” no subdistrito de Guarus, em Campos dos Goytacazes/RJ, para um conjunto habitacional, no âmbito de um programa implementado pela prefeitura do município. A problemática que envolve nosso objeto de estudo teve início no ano de 2011, quando a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes (PMCG) intimou, por meio de ordem judicial, os moradores do “aterro” localizado numa das margens da Lagoa do Vigário, a saírem do local, o que gerou um embate entre a prefeitura e os moradores. Cabe salientar que viviam nessa margem da lagoa cerca de 150 famílias. A presente pesquisa é de natureza qualitativa possuindo como técnica o uso de entrevistas semiestruturadas com os moradores do aterro da Lagoa do Vigário e do Conjunto Habitacional do Parque Santa Clara. Ademais, a metodologia também consistiu em levantamento bibliográfico; pesquisa documental em notícias jornalísticas, blogs e sites e mapeamento da área de estudo. Como resultados, identificamos que o processo foi marcado por uma pressão do poder público para a aceitação da remoção por parte da população, que manifestou resistência, apesar do medo e da insegurança. Apesar da aquisição da moradia e da regularidade da propriedade, a remoção trouxe quebra de vínculos com o lugar e a vizinhança anterior, dificuldades com relação a mobilidade e acessibilidade e o desejo de mudar. Ademais, os equipamentos urbanos encontrados próximos ao conjunto habitacional são pouco utilizados por esse grupo social. Com relação à população que ainda permanece na área do aterro, identificamos que a resistência foi muito particular e não se configurou em um movimento coletivo ou mobilização popular. Dentre os motivos para ficar, destacamos a proximidade com o centro e a rede de infraestrutura nas proximidades. Identificamos ainda que, recentemente, alguns moradores que foram removidos para o conjunto habitacional estão retornando para área do aterro da Lagoa do Vigário. No caso em questão, destaca-se o sentimento de medo que perpassa toda a experiência – das inundações, da pressão exercida pelo poder público, a insegurança em ficar ou em sair, ou mesmo o medo em residir em um lugar estranho. Assim, nota-se que a população em áreas submetidas a remoções vivencia um processo bastante controverso, com sentimentos ambíguos, ressignificação da relação com o lugar e com as pessoas.The processes of eviction are generally associated with state intervention through housing policies, which have considerable impacts on both the people evicted and the places. As a conceptual basis, we work with the concept of space and its social appropriation, approaches to place and the problem of housing policies and evictions. The general objective is to analyze the relationships established with the place of origin and destination by the population removed from an area known as "Aterro"in the subdistrict of Guarus, in Campos dos Goytacazes/RJ, to a housing complex, as part of a program implemented by the municipality. The problem that surrounds our object of study began in 2011, when the Campos dos Goytacazes City Hall (PMCG) ordered the residents of the "landfill" located on one of the banks of Lagoa do Vigário to leave the site, which led to a clash between the city hall and the residents. It should be noted that around 150 families lived on this side of the lagoon. This is a qualitative study using semi-structured interviews with residents of the Lagoa do Vigário landfill and the Parque Santa Clara housing complex. In addition, the methodology also consisted of a bibliographical survey; documentary research on news articles, blogs and websites and mapping of the study area. As a result, we identified that the process was marked by pressure from the government to accept the removal by the population, which showed resistance, despite fear and insecurity. Despite the acquisition of the house and the regularity of the property, the removal brought about a break in ties with the place and the previous neighborhood, difficulties with mobility and accessibility and the desire to move. In addition, the urban facilities found near the housing complex are little used by this social group. With regard to the population that still remains in the landfill area, we identified that resistance was very particular and did not take the form of a collective movement or popular mobilization. Among the reasons for staying, we highlight the proximity to the center and the nearby infrastructure network. We also identified that, recently, some residents who had been removed to the housing complex have been returning to the Lagoa do Vigário landfill area. In this case, the feeling of fear that permeates the whole experience stands out - the floods, the pressure exerted by the government, the insecurity about staying or leaving, or even the fear of living in a strange place. Thus, it can be seen that the population in areas subjected to evictions experience a very controversial process, with ambiguous feelings and a re-signification of their relationship with the place and with people.137 fRocha, Érica Tavares da Silvahttps://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4777020A1&tokenCaptchar=03AFcWeA5ccNK_SYzAaYmV43v3QoYLeWATulW6N5qAvB8XhLVPAvJym-crTzG7vvE-dLkvQAnVqceKP-UcRIPgqC46KO6vSboZ1UQbA7y5GUYgVYEXbRCGdWkOYjvXIpzZI4N6YPRlSxCdH5W6cABeyaCKsUycwcJp4FEY9iZCq492X5nYpCL3P-VL2_Qay4H68l2OHlDOIIcKtGjOJidjpnivoeOz3tmDW2QYmszBrwUdulwWjkDr_HsWc-SVH5oHjMLmMT6lB49ww77wAqsEivshxTAyfjgoDgslbYwmbFO93dcjEdxnpML8nHqLpod3zDscP7HigFkG6zrI6ltkXllLJWQ4qxrXvTxTCF4V3MIOG6sUfqiwGLcvdFCV9fJMg_1Ma2FCrMIXHJ4wp2GI7xoag8k-7_0NodJ07-rnUCGVypBSy-yk9HRdJtqMFZn6a7axajtqrWmCTCFbXTEZgZZ-fdNyLEcGjPIO2T0f9pQstVerpo6pHSHzTxebQnCbQ8qchILpDzmuyJE7tXC8F754_06wE8AoGs9c8_zOm_E0gksbBfP-M3sSiqueira, Antenora Maria da Matahttps://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4704783Z6&tokenCaptchar=03AFcWeA4N_NLbmMPCsNseDcN_Gz4xwUO8S8uyxWVqsjg79ZKZwWBqs5mYXxNZheAro_PpSKT-kHZe_LhiTu6pAWSuPX2LeixjdqNpAXBI4f0mVcTflGyyHVPeRwTSxoy2TzCE3NO1S1La0xmyVkeFkaIS0wPGwtYpw8tjn6fmJzKiLR8wK286fVx4CuKDYoKKxcFL18WggbVMekkAlhO4uOYf3xzJrrjRbOMaRGQd-Fg22o48RlVlULXz57_VHIx3vRDWs6GDMUwVCU_lK9G0bnda_WJIymuJfIVrd7OY8gJm3ZofppQG4cstPJC8cmcKrqpEkTQL131ndcAbSsKq96W6XZBVqo9cXIOJZoQbZEdLp3MOTwkC-UC1BegLMeUES8IL3UYPFwnO_1xIzn3zd2anI3PitcgcoBuGTuNL646KZBHhVw582t4-1plN-K6nctIhCMtvNNJ1w1Q0BSUMmvepHYAmiK45RaOBNcGYHZ4R6-2exBrFTo2mNb9hG_gnRk0FI903hbtX85PXptP01sYMWFV7lnMA44A-iRlz68US7anVuKQnmeN2fPT08CrP9Uy4gOb2T2e5vKghhmoY2TJjTl8DiBXC3QArruda, Ana Paula Serpa Nogueira dehttps://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4154202E8&tokenCaptchar=03AFcWeA6qcTLIE6-ZIKCWWQ1uf76BYl4xoTRKHtucR5CQbfCfESTI2-HXMgcH4x1QtNnq6eIm7CZXKTUkixmKEvA01Ard4Ou1_7XsDtsX9l0O0dhQ-DCc8vx1jkUJeyUD1wUjRLOajGeJfl2YnksQoKT9NVgEN0CG5CIj1_M4Lf3YTjv3pz7Anys8wGo35e-rCfVOeKDCN0jSimWcvsnylKo9FRNhMw1qNa_ZKNKe3F4rHrtrqZDJekgI09hqbw60sQ_8o0yVmU9hvwTcyfBdqIqjAhML6akFcJ4Ro72Zcii-jZZFPqLdjCkw2umCZreS7CIXdTlH6hi6Dv-8jsb8mWsZYS2xRfzMZI4dBwImTnKOudc9wKRnitPLQaR6Yyi8dk5fj02OIrqDzBlCYKkVDBO74b_X10rMLOp97vsYLowDke-fQ-4jJHkwLCVJHsjzkKON9-OLgsWg_lKmjeXwRRblThS8j37PI3WLfp9QGpIh8HYDf78PxM8KnAjIpEqPgNDt5-9uEAviUlmGd1_Pnu4w7MIUIvqgq6BP-LRufgMSI-DcposO0KG_ezTSxU8HHkmUsbg3mquVzamxveFEm7O01U-0-3p5lgMesquita, Wania Amélia Belchiorhttps://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4790413J7&tokenCaptchar=03AFcWeA77KdefUHoLb6W9dCKluwqZw3_OSkrZCiQTPBhWZS6r4iWV9ro4P7L5cbQGl0L48SuK3jkuE_Q2O3W4kKNaE91x9tmyS5MzAsoH95ey7yisCkqCvhA9ko_6H1sMg_auE0_FtaD3mi6vQ1T0xQPH6iCRk-mQE2X7mhO5JJuBdf89e5SZEA8i9sBiXEwUH2hJCyPHM7fglX4BCkrHoh5IV-hgDwQ7MUXZWhOYIxqMf7zK_dH39IhV3jktfbleTSrTyCuMvbdCxvrpu4zvj6T9kn_tNTY6A9GX0arnL22sOFUT6mTgQ7DBqrRKYA1r8Mamcrcpsdub9vLTRU9rLSepKxoz4x2Fwz5MwKgkJUsPSDk5sgJi3sxuprLYKltr8zrECwQco6STq1HWl4bSb2LsdvKFZcpjfP7CXFCSC4xFPDDafXpiksOAuWI_OWefumkSW3m2nTc4BcZgAvJgNxO4-pz61AaoLUFwOYwPGz7BVtHgTDRuCapBdT_nDn3dEfENp3ZPveOGuRQAd8fW-ASLVCfTU1Y_e0_ZOucQ6x_wIIhCNokOJD_oWLVPP3QdQoK5W8zb1z_Chttps://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8674131U6&tokenCaptchar=03AFcWeA69DOi46_NgOJ5QZQS06Axq7FXVKEmEZDPZUtpB9uHutXRN1jEEoFMhLK3i0DmsfyFtAmjGp-g07IJv77-npnNlfmLoS2CS1Q7FSC1Q6eY_6dxcwntsonVdtOVFu4VORp75ndYcL3pPn0ZT5_SWw8UOjfa_ww3JA7Wl34Xp59C2hpxegTdkeHR-sBNWh9UepWwjO4gDHYnNd1tzbxmmYzVBR7WcASBsD9i4rUIXn0NTGFsWqBF2iHFBERQVwrskiAcE3NskAjPNKnkgUNBexhkRS_hfS0-dESAaKGdhpPM1YrYHc-0PLcQ0Def1emG0Z6ez0Q5GzhGHmm4RgQqwIQbbLd8WTULNrp5kH8hCr8c9bo8H3FfEQyuTLcgXWS223ru2EiwEySmGAOBK9_Av4-50pNsgAROPxswpcep4wVvDunRp8dRUAftl3ZzsGCASsRPMNqvkHZu7fQjiXC_5fWpzx3S8McQOByrKFQOCY-DSAJ87aMzzkD0eI05Z0DAwycqK3fUMN-pkgAdJVWuOGyozWUjmqAIwHnFFKmEc9XocuNuSoFcTB_oLAPmkS9ltRuxR4nP5SILVA, Filliph Machado Santos da2023-12-12T01:31:49Z2023-12-12T01:31:49Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfSILVA, Filliph Machado Santos da. Remoções e resistências: a transferência da população do aterro em Guarus para o conjunto habitacional do Parque Santa Clara, Campos dos Goytacazes (RJ). 2023. 137 f. . Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas.) - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas , Universidade Federal Fluminense. Campos dos Goytacazes, 2023.http://app.uff.br/riuff/handle/1/31428CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2023-12-12T01:31:53Zoai:app.uff.br:1/31428Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:59:37.963155Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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Mesquita, Wania Amélia Belchior
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description Os processos de remoções geralmente estão associados a uma intervenção do Estado por meio de políticas habitacionais que trazem consideráveis impactos tanto para as populações removidas quanto para os lugares. Como fundamentação conceitual, trabalhamos com a concepção de espaço e sua apropriação social, abordagens sobre o lugar e a problemática das políticas habitacionais e das remoções. O objetivo geral é analisar as relações estabelecidas com o lugar de origem e destino pela população removida de uma área conhecida como “Aterro” no subdistrito de Guarus, em Campos dos Goytacazes/RJ, para um conjunto habitacional, no âmbito de um programa implementado pela prefeitura do município. A problemática que envolve nosso objeto de estudo teve início no ano de 2011, quando a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes (PMCG) intimou, por meio de ordem judicial, os moradores do “aterro” localizado numa das margens da Lagoa do Vigário, a saírem do local, o que gerou um embate entre a prefeitura e os moradores. Cabe salientar que viviam nessa margem da lagoa cerca de 150 famílias. A presente pesquisa é de natureza qualitativa possuindo como técnica o uso de entrevistas semiestruturadas com os moradores do aterro da Lagoa do Vigário e do Conjunto Habitacional do Parque Santa Clara. Ademais, a metodologia também consistiu em levantamento bibliográfico; pesquisa documental em notícias jornalísticas, blogs e sites e mapeamento da área de estudo. Como resultados, identificamos que o processo foi marcado por uma pressão do poder público para a aceitação da remoção por parte da população, que manifestou resistência, apesar do medo e da insegurança. Apesar da aquisição da moradia e da regularidade da propriedade, a remoção trouxe quebra de vínculos com o lugar e a vizinhança anterior, dificuldades com relação a mobilidade e acessibilidade e o desejo de mudar. Ademais, os equipamentos urbanos encontrados próximos ao conjunto habitacional são pouco utilizados por esse grupo social. Com relação à população que ainda permanece na área do aterro, identificamos que a resistência foi muito particular e não se configurou em um movimento coletivo ou mobilização popular. Dentre os motivos para ficar, destacamos a proximidade com o centro e a rede de infraestrutura nas proximidades. Identificamos ainda que, recentemente, alguns moradores que foram removidos para o conjunto habitacional estão retornando para área do aterro da Lagoa do Vigário. No caso em questão, destaca-se o sentimento de medo que perpassa toda a experiência – das inundações, da pressão exercida pelo poder público, a insegurança em ficar ou em sair, ou mesmo o medo em residir em um lugar estranho. Assim, nota-se que a população em áreas submetidas a remoções vivencia um processo bastante controverso, com sentimentos ambíguos, ressignificação da relação com o lugar e com as pessoas.
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