Resistências e disputa hegemônica de grupos subalternos frente ao agronegócio na região do Araguaia (MT)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rebollar, Maria Dolores Campos
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16241
Resumo: A temática dessa pesquisa se centra no estudo de grupos subalternos no meio rural brasileiro, suas potencialidades e desafios para disputar hegemonia frente ao avanço do agronegócio. Ao mesmo tempo que existe uma expansão do agronegócio e projetos desenvolvimentistas associados à lógica exploratória do capitalismo, existe um aumento e fortalecimento de práticas agroecológicas que dialogam com a multiculturalidade existente. As crises ambientais e climáticas, junto à preocupação global pela segurança alimentar e a crescente demanda social por uma alimentação saudável, criam condições novas para a valorização e empoderamento de grupos subalternos atrelados historicamente ao “atraso”. Para a abordagem dos grupos pesquisados, o estudo usa como pano de fundo a contraposição de dois modelos: agronegócio e a agroecologia e suas “concepções de mundo”. A pesquisa se vale, como marco referencial, do Materialismo Histórico Dialético, Filosofia da Práxis, e categorias gramscianas. Gramsci afirma que, para superar a subalternidade e adquirir condições de disputar hegemonia, é essencial a organização política, a elaboração de um projeto nacional-popular e a “fundação de um novo Estado” e, para isso, a conquista de uma autonomia que se renove e seja duradoura. A pesquisa trabalha com três tipos de atores sociais, que se articulam na região do Araguaia no Mato Grosso: camponeses assentados do Pa Dom Pedro; indígenas Xavante da terra indígena (TI) de Marãiwatsédé e organizações não governamentais que compõem a Articulação Xingu Araguaia (AXA). Realizamos dezessete entrevistas semiestruturadas, observações de campo, participamos de encontros no assentamento, na TI e sede das entidades, junto com o estudo de diversos documentos (impressos, digitais e audiovisuais). Entre os resultados obtidos destacamos como potencialidade a existência de um “espírito de cisão”, que, ainda que diferenciado entre os grupos (“liberdade” camponesa e “autonomia” indígena), converge na necessidade de controlar os próprios meios de produção e os próprios tempos facilitando sua adesão ao modelo agroecológico, que se apresenta como alternativa real. Também, o papel das organizações da AXA é relevante no campo da organização, conexão e formação político-pedagógica dos grupos. Entretanto, existem importantes desafios na superação de corporativismos, na participação política e na articulação orgânica dos grupos com o movimento agroecológico nacional
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Para a abordagem dos grupos pesquisados, o estudo usa como pano de fundo a contraposição de dois modelos: agronegócio e a agroecologia e suas “concepções de mundo”. A pesquisa se vale, como marco referencial, do Materialismo Histórico Dialético, Filosofia da Práxis, e categorias gramscianas. Gramsci afirma que, para superar a subalternidade e adquirir condições de disputar hegemonia, é essencial a organização política, a elaboração de um projeto nacional-popular e a “fundação de um novo Estado” e, para isso, a conquista de uma autonomia que se renove e seja duradoura. A pesquisa trabalha com três tipos de atores sociais, que se articulam na região do Araguaia no Mato Grosso: camponeses assentados do Pa Dom Pedro; indígenas Xavante da terra indígena (TI) de Marãiwatsédé e organizações não governamentais que compõem a Articulação Xingu Araguaia (AXA). Realizamos dezessete entrevistas semiestruturadas, observações de campo, participamos de encontros no assentamento, na TI e sede das entidades, junto com o estudo de diversos documentos (impressos, digitais e audiovisuais). Entre os resultados obtidos destacamos como potencialidade a existência de um “espírito de cisão”, que, ainda que diferenciado entre os grupos (“liberdade” camponesa e “autonomia” indígena), converge na necessidade de controlar os próprios meios de produção e os próprios tempos facilitando sua adesão ao modelo agroecológico, que se apresenta como alternativa real. Também, o papel das organizações da AXA é relevante no campo da organização, conexão e formação político-pedagógica dos grupos. Entretanto, existem importantes desafios na superação de corporativismos, na participação política e na articulação orgânica dos grupos com o movimento agroecológico nacionalCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe theme of this research focuses on the study of subordinate groups in the Brazilian rural environment, their potential and challenges to dispute hegemony in the face of the advance of agribusiness. At the same time that there is an expansion of agribusiness and developmental projects associated with the exploratory logic of capitalism, there is an increase and strengthening of agroecological practices that dialogue with the existing multiculturalism. The environmental and climate crisis together with the global concern for food security and the growing social demand for healthy food create new conditions for the valorization and empowerment of subordinate groups historically linked to “backwardness”. The study uses the counterpoint of two models as a backdrop for the study of groups: agribusiness and agroecology and their “worldviews”. The research uses, as a reference point, the Dialectical Historical Materialism, Philosophy of Praxis, and Gramscian categories. Gramsci affirms that, in order to overcome subordination and acquire conditions to dispute hegemony, the conquest of the State is essential and, for that, the conquest of a renewed and lasting autonomy. The research works with three types of social actors that articulate in the region of Araguaia in Mato Grosso; settlers from Pa Dom Pedro, Xavante Indians from the Marãiwatsédé indigenous land (TI) and non-governmental organizations that make up the Xingu Araguaia Articulation (AXA). We conducted sixteen semi-structured interviews, field observations, participated in meetings at the settlement, at the TI and the headquarters of the entities, together with the study of several documents (printed and digital). Among the results obtained, we highlight the potentiality of the existence of a “split spirit”, which, although differentiated between groups (peasant “freedom” and indigenous “autonomy”), converges on the need to control the means of production themselves and their time facilitating their adherence to the agroecological model, which presents itself as a real alternative. Also, the role of AXA organizations is relevant in the field of organization, connection and political- pedagogical training of groups. However, there are important challenges in overcoming corporatism, in political participation and in the organic articulation of groups with the national agroecological movement240 f.Semeraro, GiovanniSilva, Percival Tavares daSantos, Ramofly Bicalho dosArruda, Elismar BezerraLima, RodrigoMilitão, Maria Socorro RamosRebollar, Maria Dolores Campos2020-12-09T13:08:01Z2020-12-09T13:08:01Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfREBOLLAR, Maria Dolores Campos. Resistências e disputa hegemônica de grupos subalternos frente ao agronegócio na região do Araguaia (MT). 2020. 240 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.https://app.uff.br/riuff/handle/1/16241http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-12-01T20:24:58Zoai:app.uff.br:1/16241Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202021-12-01T20:24:58Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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