O suplício de Tântalo no éden mineiro: geografias da espera e o sonho do progresso em Minas Gerais (1888-1897)
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/24807 |
Resumo: | Em fins dos oitocentos, ao longo da segunda porção dos oitocentos, são insistentes as lamúrias de políticos mineiros a pintar assombrosa situação letárgica nas Gerais. Enxergando o território mineiro mormente a partir de seu acento fisiográfico, esculpia-se a imagem de um paraíso identificado como locus inequívoco da decadência; quadro que contribuía para metamorfosear Minas Gerais em “território da espera” (VIDAL, 2005, 2007, 2012) – denominação reveladora de espécie de “dormência territorial”, mas também alardeadora da “esperança pelo progresso”. Acreditava-se que o território, descrito quase como uma entidade, apresentaria forte desejo por “próteses técnicas” capazes de fazer todo seu potencial desabrochar. Diante desse cenário em tela, nosso trabalho se devotou a discutir como imaginações geográficas forjavam a ideia de Minas Gerais como um “território da espera” e contribuíam para legitimar projetos desenvolvimentistas com vistas à superação do propalado atraso. Para consecução de tal propósito, manejamos diferentes fontes primárias e produzimos materiais cartográficos dedicados a captar as diferentes nuances da espera mineira e destacamos, em especial, as tensões que envolveram o “torneio da transferência da capital” de Ouro Preto para Belo Horizonte. Ao fim e ao cabo, verificamos que as variadas retóricas da espera – pronunciamentos oficiais, artigos jornalísticos, poesias, crônicas, peças teatrais – encontravam na paisagem importante lastro para a construção de argumentações que rechaçavam um tempo e espaço dormentes e incitavam medidas de cunho desenvolvimentista de vultuosas repercussões territoriais. Imersas em diferentes gradientes de mineiridade e regionalismo, essas insistentes referencias espaço-temporais escancaravam táticas geográficas e noções de ritmo e demonstram que a ideia de “espera” é preciosa chave de leitura no entendimento das Geografias das Gerais. Mais que isso: o matrimônio entre espera e território, entre tempo e espaço, indica, que enlaçada à “história social da espera” (VIDAL, 2005, 2010), poderíamos pensar também em uma “geografia da espera” – ou, na flexão mais apropriada: em geografias das esperas |
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O suplício de Tântalo no éden mineiro: geografias da espera e o sonho do progresso em Minas Gerais (1888-1897)Minas GeraisTerritórios da esperaProgressoDecadência mineiraMudança da capitalGeografiaMinas Gerais decayMinas GeraisWaiting territoryProgressCapital changeEm fins dos oitocentos, ao longo da segunda porção dos oitocentos, são insistentes as lamúrias de políticos mineiros a pintar assombrosa situação letárgica nas Gerais. Enxergando o território mineiro mormente a partir de seu acento fisiográfico, esculpia-se a imagem de um paraíso identificado como locus inequívoco da decadência; quadro que contribuía para metamorfosear Minas Gerais em “território da espera” (VIDAL, 2005, 2007, 2012) – denominação reveladora de espécie de “dormência territorial”, mas também alardeadora da “esperança pelo progresso”. Acreditava-se que o território, descrito quase como uma entidade, apresentaria forte desejo por “próteses técnicas” capazes de fazer todo seu potencial desabrochar. Diante desse cenário em tela, nosso trabalho se devotou a discutir como imaginações geográficas forjavam a ideia de Minas Gerais como um “território da espera” e contribuíam para legitimar projetos desenvolvimentistas com vistas à superação do propalado atraso. Para consecução de tal propósito, manejamos diferentes fontes primárias e produzimos materiais cartográficos dedicados a captar as diferentes nuances da espera mineira e destacamos, em especial, as tensões que envolveram o “torneio da transferência da capital” de Ouro Preto para Belo Horizonte. Ao fim e ao cabo, verificamos que as variadas retóricas da espera – pronunciamentos oficiais, artigos jornalísticos, poesias, crônicas, peças teatrais – encontravam na paisagem importante lastro para a construção de argumentações que rechaçavam um tempo e espaço dormentes e incitavam medidas de cunho desenvolvimentista de vultuosas repercussões territoriais. Imersas em diferentes gradientes de mineiridade e regionalismo, essas insistentes referencias espaço-temporais escancaravam táticas geográficas e noções de ritmo e demonstram que a ideia de “espera” é preciosa chave de leitura no entendimento das Geografias das Gerais. Mais que isso: o matrimônio entre espera e território, entre tempo e espaço, indica, que enlaçada à “história social da espera” (VIDAL, 2005, 2010), poderíamos pensar também em uma “geografia da espera” – ou, na flexão mais apropriada: em geografias das esperasCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThroughout the second portion of the eight hundred, the complaints of Minas Gerais politicians to paint an amazing lethargic situation in Minas Gerais are insistent. Seeing the territory of Minas Gerais mainly from its physiographic accent, the image of a paradise identified as an unequivocal locus of decay was sculpted; picture that contributed to metamorphose Minas Gerais into “territory of waiting” (VIDAL, 2005, 2007, 2012) – a revealing denomination of species of “territorial numbness”, but also boasting of “hope for progress”. It was believed that the territory, described almost as an entity, would have a strong desire for "technical prostheses" capable of making its full potential blossom. Faced with this scenario, the work was devoted to discussing how geographic imaginations forged the idea of Minas Gerais as a “waiting territory” and contributed to legitimize developmental projects with a view to overcoming the propagated delay. To achieve this purpose, different primary sources were managed and it was produced cartographic materials dedicated to capturing the different nuances of the state waiting and highlight, in particular, the tensions involved in the “capital transfer tournament” from Ouro Preto to Belo Horizonte. At the end of the day, it was found that the varied rhetoric of waiting – official pronouncements, journalistic articles, poetry, chronicles, plays – found in the landscape an important ballast for the construction of arguments that rejected dormant time and space and incited developmental measures of huge territorial repercussions. Immersed in different gradients of “mineiridade” and regionalism, these insistent spatial-temporal references opened up geographic tactics and notions of rhythm and demonstrate that the idea of “waiting” is a precious reading key to be understood the Geographies of Minas Gerias. More than that: the marriage between waiting and territory, between time and space, indicates that, linked to the “social history of waiting” (VIDAL, 2005, 2010), we could also think of a “geography of waiting” - or, in flexion most appropriate: in geographies of waiting350 f.NiteróiMary, Cristina PessanhaBinsztok, JacobRodrigues, Antonio Edmilson MartinsVidal, Laurent OlivierCardoso, Luciene Pereira Carrishttp://lattes.cnpq.br/8562059671146877Binsztok, Jacobhttp://lattes.cnpq.br/6783064368837751Rodrigues, Antonio Edmilson Martinshttp://lattes.cnpq.br/2656428185505030Vidal, Laurent Olivierhttp://lattes.cnpq.br/9323071048329010Cardoso, Luciene Pereira Carrishttp://lattes.cnpq.br/3019562181331858Santos, Higor Mozart Geraldo2022-03-25T22:11:34Z2022-03-25T22:11:34Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSANTOS, Higor Mozart Geraldo. O suplício de Tântalo no éden mineiro: geografias da espera e o sonho do progresso em Minas Gerais (1888-1897). 350 f. Dissertação (Mestrado em Geografia)-Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2021. Orientadora: Cristina Pessanha Mary.http://app.uff.br/riuff/handle/1/24807Aluno de DoutoradoCC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-06-07T18:34:11Zoai:app.uff.br:1/24807Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-06-07T18:34:11Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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