Geoquímica do enxofre, ferro, manganês e de elementos-traço em sedimentos marinhos da plataforma continental na margem leste do Brasil

• Autor(a) principal: Salazar Rodríguez, Javier Marcelino
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28958
• topic: Condições redox; Piritização; Metal-traço; Samarco; Geoquímica ambiental; Metais traço; Enxofre; Rio Doce; Redox conditions; Pyritization; Trace metal

Os sedimentos presentes nos ambientes marinho costeiro são afetados geralmente pelo aporte de contaminantes ao meio a partir das atividades antropogênicas geralmente, destacando poluentes como os metais-traço. Contudo, nestes ambientes, o incremento na taxa de sedimentação ou na produtividade primaria pode mudar as condições redox do meio e afetar a dinâmica do enxofre, assim como o fracionamento e disponibilidade do ferro, manganês e metais-traço. Neste sentido, o presente estudo visou estudar a influência do rejeito de mineração da empresa SAMARCO na dinâmica dos sedimentos marinhos da plataforma continental adjacente à zona de descarga do rio Doce, em amostras coletadas no verão de 2016; avaliando a geoquímica do enxofre, ferro, manganês e metais-traço, comparando com a dinâmica de sedimentos marinhos não afetados pelo rejeito nas zonas de descarga dos rios Contas, Jequitinhonha e São Francisco. Neste contexto, foram estudadas as variações nas condições redox dos sedimentos, mediante a quantificação do Acid Volatile Sulfide (AVS) e Chromium Reducible Sulfur (CRS), assim como o Grau de Piritização do ferro (DOP) e de metais-traço associados à pirita (Grau de Piritização de Metal Traço – DTMP). Nos resultados obtidos foi determinado que nos testemunhos estudados existem condições redox favoráveis para a redução de sulfato (SO4 2- ) e posterior geração de enxofre reduzido, sendo mais favorável esse processo no rio Doce, já que existem uma diminuição de quase 50% do de sulfato presente na água intersticial, variando desde aproximadamente 19 mM nas camadas superficiais e alcançando valores próximos aos 10 mM a maior profundidade, evidenciando assim a influência do rejeito do Fundão nas condições redox nesses sedimentos costeiros. Além disso, foi determinado que parte de esse sulfeto gerado reagiu com o ferro reativo para gerar AVS e pirita. Além disso, foram encontrados DOP e DTMP baixos para os testemunhos Doce (5,50 ± 5,80%), Jequitinhonha (16,75 ± 8,54%) e São Francisco (6,14 ± 4,17%), e altos no de Contas (87,70 ± 32,54%), indicando uma limitação de ferro reativo no caso do Contas. Já no testemunho Doce foi demonstrando que baixo DOP do rio Doce, provavelmente seja devido a que os sedimentos se encontraram em estágios iniciais de piritização ao momento da coleta. Por outro lado, foi determinado que no testemunho da zona de descarga do rio Doce as concentrações de Fe (0,54 ± 0,12 %) e Mn (294 ± 162 µg/g) são maiores que as reportadas para outros rios da margem Leste do Brasil, indicando que existe um aporte significativo desses metais por parte do rejeito, e sendo maiormente associados à fração reativa ao igual que os metais-traço (provavelmente oxi-hidróxidos), e pelo qual é possível inferir que esses metais tem uma elevada biodisponibilidade. Neste contexto, a lama de rejeito teve influências na geoquímica das condições redox, na concentração de Fe e Mn, assim como dinâmica do enxofre nos sedimentos da zona de descarga do rio Doce.