"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/25480 http://dx.doi.org/10.22409/PPGA.2020.d.31513055801 |
Resumo: | Na presente tese, contemplo o Ilê Asé Azun Dan, um terreiro de candomblé localizado, hoje, na cidade de Ribeirão Pires, região sudeste da metrópole paulistana, e onde fui iniciado no culto das deidades "afro-brasileiras". Inspirado em certa experiência pessoal, vivida durante uma consulta oracular, na qual o espírito do fundador dali -- falecido em 1994 -- me convocou para estudar e escrever sobre a história da comunidade, meu intuito, aqui, remeteu à confecção de um texto etnográfico sob proposição dita "simetrizante". Encarei o termo como a necessária cautela tomada pelos antropólogos na suspensão dos pressupostos e explicações científicas -- criados na realidade acadêmica --, para se limitarem às descrições do mundo que pretendem honrar, e segundo os seus próprios fundamentos. Da adoção dessa postura espera-se despontar criações conceituais legítimas não apenas nos seus coletivos de origem, mas igualmente passíveis de confronto e desestabilização do arcabouço antropológico, prioritário no desequilíbrio dos poderes implicados na produção das ciências. No âmbito local, incidi a manobra sobre os seres incorpóreos, deslocados, pois, das “crenças” – derivadas, sempre, de alguma outra base mais “real” –, assumidos, então, na sua autonomia e no protagonismo cabidos; ao fazê-lo, as relações, deles, com as pessoas-humanas – na história, nos atuais processos religiosos e no incerto futuro decorrido de trâmites sucessórios – incorrem nas concepções formadas de lógicas permeadas das “multiplicidades”. Essas, fundamentais sobre como querem ser entendidos, e potentes no rever dos divisores clássicos, rígidos, do pensamento antropológico – tais quais “natureza” e “cultura”; “verdade” e “representação”; “indivíduo” e “sociedade” etc. –, insinuados, no texto, em virtualidade. |
id |
UFF-2_dcca1b35e027e4f60e2615e8c1d859e8 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:app.uff.br:1/25480 |
network_acronym_str |
UFF-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
repository_id_str |
2120 |
spelling |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun DanCandombléEtnografiaSimetrizaçãoNão-humanosMultiplicidadesCandombléCultura afro-brasileiraEtnografiaCandombléEthnographySymmetrizationNon-HumanMultiplicitiesNa presente tese, contemplo o Ilê Asé Azun Dan, um terreiro de candomblé localizado, hoje, na cidade de Ribeirão Pires, região sudeste da metrópole paulistana, e onde fui iniciado no culto das deidades "afro-brasileiras". Inspirado em certa experiência pessoal, vivida durante uma consulta oracular, na qual o espírito do fundador dali -- falecido em 1994 -- me convocou para estudar e escrever sobre a história da comunidade, meu intuito, aqui, remeteu à confecção de um texto etnográfico sob proposição dita "simetrizante". Encarei o termo como a necessária cautela tomada pelos antropólogos na suspensão dos pressupostos e explicações científicas -- criados na realidade acadêmica --, para se limitarem às descrições do mundo que pretendem honrar, e segundo os seus próprios fundamentos. Da adoção dessa postura espera-se despontar criações conceituais legítimas não apenas nos seus coletivos de origem, mas igualmente passíveis de confronto e desestabilização do arcabouço antropológico, prioritário no desequilíbrio dos poderes implicados na produção das ciências. No âmbito local, incidi a manobra sobre os seres incorpóreos, deslocados, pois, das “crenças” – derivadas, sempre, de alguma outra base mais “real” –, assumidos, então, na sua autonomia e no protagonismo cabidos; ao fazê-lo, as relações, deles, com as pessoas-humanas – na história, nos atuais processos religiosos e no incerto futuro decorrido de trâmites sucessórios – incorrem nas concepções formadas de lógicas permeadas das “multiplicidades”. Essas, fundamentais sobre como querem ser entendidos, e potentes no rever dos divisores clássicos, rígidos, do pensamento antropológico – tais quais “natureza” e “cultura”; “verdade” e “representação”; “indivíduo” e “sociedade” etc. –, insinuados, no texto, em virtualidade.This thesis regards Ilê Asé Azun Dan, a candomblé temple located today in the city of Ribeirão Pires, in the southeast region of São Paulo metropolis, Brazil, and where I was initiated in the cult of “Afro-Brazilian” deities. Inspired by a personal experience, lived during an oracular consultation in which the spirit of the founder there – who died in 1944 – summoned me to study and write about the history of the community, my intention, here, is to produce an ethnographic report under “symmetrizing” proposal. This term refers to the caution taken by anthropologists in suspending assumptions and explanations – created in scientific realtity – to limit themselves to the descriptions of the world that they intend to honor according to their own foundations. By the adoption of this posture expected to emerge legitimate conceptual creations not only in their collectives of origin but also capable to confront and destabilize the anthropological framework as a priority in the balance of the powers involved in the production of sciences. At the local level, the maneuver focuded on the incorporeal beings therefore displaced from “beliefs” – always derived from some other more “real” basis – and then assumed in their autonomy and the protagonism they had; thus their their relations with human – in the history, in the current religious processes and in the uncertain future resulting from the inheritance procedures – incur in the conceptions formed of logics permeated by “multiplicities”. These “multipicities” conceptions are fundamental about how those people want to be understood, as well can be revising the rigid and classic divisons oh the Anthropology – such as “nature” and “culture”; “real” and “representation”; “individual” and “society” etc. – hinted only in virtuality in the thesis.342 p.Barbosa, Antonio Carlos RafaelSilva, Ana Cláudia Cruz daPedreira, Carolina SouzaFlaskman, Clara MarianiEugênio, Rodney WilliamMeira, Thomás Antônio Burneiko2022-06-30T15:41:35Z2022-06-30T15:41:35Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfMEIRA, Thomás Antônio Burneiko. "O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan. 2020. 342 f. Tese (Doutorado em Antropologia) - Programa de Pós-graduação em Antropologia, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.http://app.uff.br/riuff/handle/1/25480http://dx.doi.org/10.22409/PPGA.2020.d.31513055801CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-07-01T14:16:15Zoai:app.uff.br:1/25480Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-07-01T14:16:15Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan |
title |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan |
spellingShingle |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan Meira, Thomás Antônio Burneiko Candomblé Etnografia Simetrização Não-humanos Multiplicidades Candomblé Cultura afro-brasileira Etnografia Candomblé Ethnography Symmetrization Non-Human Multiplicities |
title_short |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan |
title_full |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan |
title_fullStr |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan |
title_full_unstemmed |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan |
title_sort |
"O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan |
author |
Meira, Thomás Antônio Burneiko |
author_facet |
Meira, Thomás Antônio Burneiko |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Barbosa, Antonio Carlos Rafael Silva, Ana Cláudia Cruz da Pedreira, Carolina Souza Flaskman, Clara Mariani Eugênio, Rodney William |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Meira, Thomás Antônio Burneiko |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Candomblé Etnografia Simetrização Não-humanos Multiplicidades Candomblé Cultura afro-brasileira Etnografia Candomblé Ethnography Symmetrization Non-Human Multiplicities |
topic |
Candomblé Etnografia Simetrização Não-humanos Multiplicidades Candomblé Cultura afro-brasileira Etnografia Candomblé Ethnography Symmetrization Non-Human Multiplicities |
description |
Na presente tese, contemplo o Ilê Asé Azun Dan, um terreiro de candomblé localizado, hoje, na cidade de Ribeirão Pires, região sudeste da metrópole paulistana, e onde fui iniciado no culto das deidades "afro-brasileiras". Inspirado em certa experiência pessoal, vivida durante uma consulta oracular, na qual o espírito do fundador dali -- falecido em 1994 -- me convocou para estudar e escrever sobre a história da comunidade, meu intuito, aqui, remeteu à confecção de um texto etnográfico sob proposição dita "simetrizante". Encarei o termo como a necessária cautela tomada pelos antropólogos na suspensão dos pressupostos e explicações científicas -- criados na realidade acadêmica --, para se limitarem às descrições do mundo que pretendem honrar, e segundo os seus próprios fundamentos. Da adoção dessa postura espera-se despontar criações conceituais legítimas não apenas nos seus coletivos de origem, mas igualmente passíveis de confronto e desestabilização do arcabouço antropológico, prioritário no desequilíbrio dos poderes implicados na produção das ciências. No âmbito local, incidi a manobra sobre os seres incorpóreos, deslocados, pois, das “crenças” – derivadas, sempre, de alguma outra base mais “real” –, assumidos, então, na sua autonomia e no protagonismo cabidos; ao fazê-lo, as relações, deles, com as pessoas-humanas – na história, nos atuais processos religiosos e no incerto futuro decorrido de trâmites sucessórios – incorrem nas concepções formadas de lógicas permeadas das “multiplicidades”. Essas, fundamentais sobre como querem ser entendidos, e potentes no rever dos divisores clássicos, rígidos, do pensamento antropológico – tais quais “natureza” e “cultura”; “verdade” e “representação”; “indivíduo” e “sociedade” etc. –, insinuados, no texto, em virtualidade. |
publishDate |
2020 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2020 2022-06-30T15:41:35Z 2022-06-30T15:41:35Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
MEIRA, Thomás Antônio Burneiko. "O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan. 2020. 342 f. Tese (Doutorado em Antropologia) - Programa de Pós-graduação em Antropologia, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020. http://app.uff.br/riuff/handle/1/25480 http://dx.doi.org/10.22409/PPGA.2020.d.31513055801 |
identifier_str_mv |
MEIRA, Thomás Antônio Burneiko. "O coração sente o que os olhos não veem": simetrização, agências cósmicas e multiplicidades no candomblé do Ilê Asé Azun Dan. 2020. 342 f. Tese (Doutorado em Antropologia) - Programa de Pós-graduação em Antropologia, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020. |
url |
http://app.uff.br/riuff/handle/1/25480 http://dx.doi.org/10.22409/PPGA.2020.d.31513055801 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
CC-BY-SA info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
CC-BY-SA |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) instname:Universidade Federal Fluminense (UFF) instacron:UFF |
instname_str |
Universidade Federal Fluminense (UFF) |
instacron_str |
UFF |
institution |
UFF |
reponame_str |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
collection |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF) |
repository.mail.fl_str_mv |
riuff@id.uff.br |
_version_ |
1797044758488547328 |