O cinema testemunhal de Lúcia Murat

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Campos, Raquel Valadares de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11399
Resumo: Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (NICHOLS, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (BENJAMIN, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.
id UFJF_a03efc7edd5fdad0446dcd3d2ddaa485
oai_identifier_str oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/11399
network_acronym_str UFJF
network_name_str Repositório Institucional da UFJF
repository_id_str
spelling Muanis, Felipe de Castrohttp://lattes.cnpq.br/3754220449291813Melo, Luís Alberto Rochahttp://lattes.cnpq.br/8204578732983408Figueiredo, Vera Lúcia Follain dehttp://lattes.cnpq.br/4888469107863020http://lattes.cnpq.br/2102341781800641Campos, Raquel Valadares de2019-12-16T21:40:37Z2019-12-162019-12-16T21:40:37Z2019-08-30https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11399Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (NICHOLS, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (BENJAMIN, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.There is evidence that both for the philosophy of narration, within the field of literary theory, and for the studies of cinema, especially for the documentary aspect, the selfenactment, fostered by the author's personal account, presents a persuasive rhetoric endowed with dialogical structure and fiduciary dimension, which allows us to reflect on the power and performativity of the testimony, especially the testimony of survivors. This research aims, from a phenomenological approach, to analyze textual elements of three films by filmmaker Lúcia Murat as well as the secondary and tertiary discourses of these filmic works in comparison to the director's biography, in order to understand the specific tessitura and rhetorics of a self-referential narrative, which deals with the life experience of the director – former guerrilla member, political prisoner and victim of torture in the Brazilian 1964-1985 Civil-Military Dictatorship. Furthermore, the intention is to debate how the performative mode (NICHOLS, 2005) – which is applicable, in principle, only to documentary narratives – could be used in the director's evocative fiction films, that is, in the films in which the filmmaker's self-representation is perceivable. The central hypothesis of this research is that Lúcia Murat, by providing an account of herself through self-enacting in the first person autobiographical documentary A Long Journey (2012), and also by constructing an alter ego character played by Irene Ravache in both the documentary Que Bom Te Ver Viva (1989) ), as well as in the feature-film The Memory That Tells Me (2013), allows the viewer to identify in the films, through a documentarizing reading, the real and factual referent of the director's life story and the director's identity, besides, and most importantly, allowing viewers to perceive the films as a testimony of the filmmaker. That, in turn, in the field of reception, makes it possible to transfer to the viewer the belief of the story conveyed through the filmmaker's testimony – not any story but a "story of the vanquished" (BENJAMIN, 1987), written from the unique perspective of a victim and survivor of a traumatic life experience and of catastrophic events. Thus, this work aims to formulate the basis of a testimonial cinema, which Lúcia Murat accomplishes with films that bear the sometimes invisible marks of violence, as well as elaborate on the unspeakable, nontransferable and unrepresentable trauma.porUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em ArtesUFJFBrasilIAD – Instituto de Artes e DesignAttribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::ARTESLúcia MuratCinema brasileiroTestemunhoTraumaPerformatividadeLucia MuratBrazilian cinemaTestimonyTraumaPerformativityO cinema testemunhal de Lúcia Muratinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFORIGINALraquelvaladaresdecampos.pdfraquelvaladaresdecampos.pdfapplication/pdf48079839https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/1/raquelvaladaresdecampos.pdfb4162da6d0a0eb41339f74c485fdd95eMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-81037https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/2/license_rdf996f8b5afe3136b76594f43bfda24c5eMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/3/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD53TEXTraquelvaladaresdecampos.pdf.txtraquelvaladaresdecampos.pdf.txtExtracted texttext/plain439456https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/4/raquelvaladaresdecampos.pdf.txt3f405533c2937246f33a7ed2e8324802MD54THUMBNAILraquelvaladaresdecampos.pdf.jpgraquelvaladaresdecampos.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1167https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/5/raquelvaladaresdecampos.pdf.jpg77146a12daef21c167f5b23a310dff02MD55ufjf/113992019-12-17 04:07:51.797oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/11399Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-12-17T06:07:51Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv O cinema testemunhal de Lúcia Murat
title O cinema testemunhal de Lúcia Murat
spellingShingle O cinema testemunhal de Lúcia Murat
Campos, Raquel Valadares de
CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::ARTES
Lúcia Murat
Cinema brasileiro
Testemunho
Trauma
Performatividade
Lucia Murat
Brazilian cinema
Testimony
Trauma
Performativity
title_short O cinema testemunhal de Lúcia Murat
title_full O cinema testemunhal de Lúcia Murat
title_fullStr O cinema testemunhal de Lúcia Murat
title_full_unstemmed O cinema testemunhal de Lúcia Murat
title_sort O cinema testemunhal de Lúcia Murat
author Campos, Raquel Valadares de
author_facet Campos, Raquel Valadares de
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Muanis, Felipe de Castro
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3754220449291813
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Melo, Luís Alberto Rocha
dc.contributor.referee1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/8204578732983408
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Figueiredo, Vera Lúcia Follain de
dc.contributor.referee2Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4888469107863020
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/2102341781800641
dc.contributor.author.fl_str_mv Campos, Raquel Valadares de
contributor_str_mv Muanis, Felipe de Castro
Melo, Luís Alberto Rocha
Figueiredo, Vera Lúcia Follain de
dc.subject.cnpq.fl_str_mv CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::ARTES
topic CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::ARTES
Lúcia Murat
Cinema brasileiro
Testemunho
Trauma
Performatividade
Lucia Murat
Brazilian cinema
Testimony
Trauma
Performativity
dc.subject.por.fl_str_mv Lúcia Murat
Cinema brasileiro
Testemunho
Trauma
Performatividade
Lucia Murat
Brazilian cinema
Testimony
Trauma
Performativity
description Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (NICHOLS, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (BENJAMIN, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.
publishDate 2019
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-12-16T21:40:37Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-12-16
2019-12-16T21:40:37Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-08-30
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11399
url https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11399
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-graduação em Artes
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFJF
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv IAD – Instituto de Artes e Design
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFJF
instname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
instacron:UFJF
instname_str Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
instacron_str UFJF
institution UFJF
reponame_str Repositório Institucional da UFJF
collection Repositório Institucional da UFJF
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/1/raquelvaladaresdecampos.pdf
https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/2/license_rdf
https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/3/license.txt
https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/4/raquelvaladaresdecampos.pdf.txt
https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11399/5/raquelvaladaresdecampos.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv b4162da6d0a0eb41339f74c485fdd95e
996f8b5afe3136b76594f43bfda24c5e
8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
3f405533c2937246f33a7ed2e8324802
77146a12daef21c167f5b23a310dff02
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1798038748813852672