A imaginação de Kant e os dois objetos para nós: e ainda, a propósito da doutrina do esquematismo e das duas deduções das categorias

Bibliographic Details
Main Author: Olavo Calabria Pimenta
Publication Date: 2012
Format: Doctoral thesis
Language: por
Source: Repositório Institucional da UFMG
Download full: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99BFJZ
Summary: A tese consta de quatro partes. Na primeira, retomamos um problema descoberto durante nossa pesquisa do Mestrado em Filosofia (2003), quando identificamos que Kant utiliza sistematicamente dois termos para referir-se aos objetos para nós: Erscheinung (que traduzimos por aparecimento) e Phaenomenon (que traduzimos por fenômeno). Apesar de termos compreendido inicialmente que a diferença fundamental entre estes objetos diz respeito à relação que apenas os fenômenos têm com as representações conceituais, não conseguimos descobrir naquele momento qualquer explicação satisfatória sobre os motivos e as conseqüências desta diferenciação. Daí por que tratamos, na segunda parte, de outro problema intimamente relacionado ao primeiro: o esquematismo kantiano. Como Kant alega que é precisamente no contexto do esquematismo que ocorre a transformação dos aparecimentos em fenômenos, julgamos que seria possível encontrar a solução do problema inicial com a identificação da tarefa que o capítulo do Esquematismo dos conceitos puros do entendimento desempenha na Crítica da razão pura, assim como a caracterização da função que é exercida pelos três tipos de esquemas. Visto que as exposições feitas por Kant sobre o esquematismo ao longo de sua obra são bastante escassas, decidimos recorrer à parte significativa do debate elaborado sobre o tema por seus intérpretes. Depois de um extenso levantamento bibliográfico e a análise do conjunto das interpretações mais relevantes, vimos que a grande diversidade de interpretações em disputa, relacionada a uma surpreendente quantidade de diferentes aspectos, apenas nos tornou mais cientes da complexidade dos problemas com os quais estávamos envolvidos. Mesmo avaliando as posições em disputa mediante seu confronto com as exposições de Kant, não obtivemos êxito em resolver nenhum dos dois problemas levantados. Frente a isto, decidimos elaborar a terceira parte deste trabalho, prosseguindo em direção a um terceiro problema, por entendermos que ainda seria necessário elaborar uma satisfatória caracterização da concepção kantiana sobre a faculdade da imaginação, visto que é justamente a ela que cabe a responsabilidade de operar com o esquematismo e, assim, realizar a transformação dos objetos para nós. Novamente com o auxílio da literatura secundária e em especial de certos textos de Kant, como a Antropologia de um ponto de vista pragmático(1798), identificamos suas cincopropriedades características denominadas de status, caráter, aptidões, impulsos e condutas, conseguindo com isto elaborar uma interpretação original sobre a concepção kantiana da faculdade da imaginação. Este consistente e promissor resultado deu-nos condições para resolver na quarta parte da tese e de modo retrospectivo não apenas os dois problemas tratados anteriormente, mas também encontramos uma saída inesperada para uma quarta e bem conhecida questão, a saber, quais teriam sido as razões da ampla reformulação do capítulo da Dedução das categorias feita por Kant para a segunda edição da Crítica da razão pura(1787). À luz das descobertas que fizemos, o trabalho é concluído mediante a avaliação de que tais resultados somente foram alcançados devido ao tratamento conjunto que fizemos destes problemas que são intimamente imbricados.
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spelling Rodrigo Antonio de Paiva DuarteJoaosinho BeckenkampVirginia de Araujo FigueiredoZeljko LoparicHelio Lopes da SilvaOlavo Calabria Pimenta2019-08-13T20:26:13Z2019-08-13T20:26:13Z2012-02-29http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99BFJZA tese consta de quatro partes. Na primeira, retomamos um problema descoberto durante nossa pesquisa do Mestrado em Filosofia (2003), quando identificamos que Kant utiliza sistematicamente dois termos para referir-se aos objetos para nós: Erscheinung (que traduzimos por aparecimento) e Phaenomenon (que traduzimos por fenômeno). Apesar de termos compreendido inicialmente que a diferença fundamental entre estes objetos diz respeito à relação que apenas os fenômenos têm com as representações conceituais, não conseguimos descobrir naquele momento qualquer explicação satisfatória sobre os motivos e as conseqüências desta diferenciação. Daí por que tratamos, na segunda parte, de outro problema intimamente relacionado ao primeiro: o esquematismo kantiano. Como Kant alega que é precisamente no contexto do esquematismo que ocorre a transformação dos aparecimentos em fenômenos, julgamos que seria possível encontrar a solução do problema inicial com a identificação da tarefa que o capítulo do Esquematismo dos conceitos puros do entendimento desempenha na Crítica da razão pura, assim como a caracterização da função que é exercida pelos três tipos de esquemas. Visto que as exposições feitas por Kant sobre o esquematismo ao longo de sua obra são bastante escassas, decidimos recorrer à parte significativa do debate elaborado sobre o tema por seus intérpretes. Depois de um extenso levantamento bibliográfico e a análise do conjunto das interpretações mais relevantes, vimos que a grande diversidade de interpretações em disputa, relacionada a uma surpreendente quantidade de diferentes aspectos, apenas nos tornou mais cientes da complexidade dos problemas com os quais estávamos envolvidos. Mesmo avaliando as posições em disputa mediante seu confronto com as exposições de Kant, não obtivemos êxito em resolver nenhum dos dois problemas levantados. Frente a isto, decidimos elaborar a terceira parte deste trabalho, prosseguindo em direção a um terceiro problema, por entendermos que ainda seria necessário elaborar uma satisfatória caracterização da concepção kantiana sobre a faculdade da imaginação, visto que é justamente a ela que cabe a responsabilidade de operar com o esquematismo e, assim, realizar a transformação dos objetos para nós. Novamente com o auxílio da literatura secundária e em especial de certos textos de Kant, como a Antropologia de um ponto de vista pragmático(1798), identificamos suas cincopropriedades características denominadas de status, caráter, aptidões, impulsos e condutas, conseguindo com isto elaborar uma interpretação original sobre a concepção kantiana da faculdade da imaginação. Este consistente e promissor resultado deu-nos condições para resolver na quarta parte da tese e de modo retrospectivo não apenas os dois problemas tratados anteriormente, mas também encontramos uma saída inesperada para uma quarta e bem conhecida questão, a saber, quais teriam sido as razões da ampla reformulação do capítulo da Dedução das categorias feita por Kant para a segunda edição da Crítica da razão pura(1787). À luz das descobertas que fizemos, o trabalho é concluído mediante a avaliação de que tais resultados somente foram alcançados devido ao tratamento conjunto que fizemos destes problemas que são intimamente imbricados.The thesis consists of four parts. In the first part a problem which was discovered during our research for the Philosophy Masters course (2003) is brought back. We had determined that Kant systematically uses two terms when referring to objects: Erscheinung (which was translated as appearance) and Phaenomenon (which was translated to phenomenon). Despite having initially perceived that the fundamental difference between these objects is related to conceptual representations that only the phenomena have, it was not possible to reach any satisfactory explanation for the purposes and consequences of such differentiation at that particular moment; which is why in the second part we dealt with another problem that is closely linked to the first: Kants Schematism. As Kant pledges that it is precisely in the context of schematism that the transformation of appearances in the phenomena takes place, it was believed possible to find the solution for the initial problem by identifying the taskthat the chapter of the Schematism of the Pure Concepts of Understanding performs on Critique of Pure Reason, as well as the characterization of the function of the three schemes. Considering the scarce exposure about the Schematism throughout Kants work, we decided to turn to the significant part of the debate about the theme elaborated by its interpreters. After an extensive bibliographic survey and the analysis of the most relevant interpretations, it was observed that the great disputing variety of interpretations, together with a surprising amount of different aspects, had only made us more aware of the complexity of the problems we were involved with. Even though we analyzed the conflictive positions by comparing them with Kants exposures we were not able to solve any of the two problems we had raised. Thus we decided to elaborate the third part of the work, proceeding towards a third problem. We realized it would still be necessary to come up with a satisfying characterization of Kants concept on the faculty of imagination, as it holds the responsibility of operating schematism, and by doing so, transforming the objects for us. Once again aided by background texts, especially some texts from Kant like the Anthropology from a Pragmatic Point of View (1798), we identified its five characteristic properties named status, character, aptitudes, impulses and conducts; and with this we were able to develop an original interpretation of the Kantian conception of the imagination. This consistent and promising results gave us conditions to solve at the fourth part of the thesis,and retrospectively, not only the two previous problems, but also found an unexpected outlet for a fourth and well-known question, namely, what would have been the reasons of the broad reformulation made by Kant on the chapter of Deduction of the categories for the second edition of Critique of pure Reason(1787). In light of the discoveries we made, the work is concluded by evaluating that these results were only achieved due to the joint treatment of these inextricably interwoven problems.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGImaginaçãoFilosofiaKant, Immanuel, 1724-1804FilosofiaA imaginação de Kant e os dois objetos para nós: e ainda, a propósito da doutrina do esquematismo e das duas deduções das categoriasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_olavo_calabria_pimenta.pdfapplication/pdf2722285https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99BFJZ/1/tese_olavo_calabria_pimenta.pdf98c7bc5039ad4a595c80e5e451780387MD51TEXTtese_olavo_calabria_pimenta.pdf.txttese_olavo_calabria_pimenta.pdf.txtExtracted texttext/plain410094https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99BFJZ/2/tese_olavo_calabria_pimenta.pdf.txtc4acac2ceed88ced41b0eb6b7d5572d7MD521843/BUOS-99BFJZ2019-11-14 15:49:45.18oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-99BFJZRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T18:49:45Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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