Avaliação da atitude do estudante de medicina da UniversidadeFederal de Minas Gerais, a respeito da relação médico-paciente, nodecorrer do curso médico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maria Monica Freitas Ribeiro
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ECJS-74TGLV
Resumo: O modelo flexneriano de ensino médico, com base no modelo biomédico e no método clínico, tem sido responsabilizado pela perda de idealismo do estudante de medicina e por seu menor envolvimento com o paciente no decorrer do curso médico. A Faculdade de Medicinada UFMG é uma escola médica tradicional no Brasil que, desde 1975, tem um currículo que, pelo menos, tensiona o modelo biomédico tradicional. No entanto, a impressão do dia a dia sugeria que o estudante ao final do curso estava mais preocupado com os casosinteressantes do que com a pessoa doente. Este é um estudo transversal que teve como objetivo avaliar a atitude do estudante de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais a respeito da relação médico-paciente, se centrada no médico e na doença ou no paciente, e sua evolução no decorrer do curso médico. Objetivou ainda verificar alguns fatores sóciodemográficos, que de acordo com a literatura, poderiam estar envolvidos com essa atitude. Para isso foram utilizados a escala PPOS ou escala de orientação médico-paciente, traduzida do inglês, e um questionário com variáveis sócio-demográficas. Foram escolhidos para participar do estudo os estudantes matriculados no primeiro, quinto, sétimo, nono, décimo edécimo segundo períodos do curso em agosto de 2004 e presentes à aula no dia da aplicação do questionário. Do total de 958 estudantes matriculados nesses períodos, aproximadamente 800 estavam presentes no momento da avaliação, e 738 responderam ao questionário e à escala. Os resultados mostraram atitudes mais centradas no paciente para as estudantes do sexo feminino do que para os estudantes do sexo masculino no início do curso médico(p= 0,000); mas, ao final do curso, esta diferença deixou de existir (p=0,14). Embora as atitudes ao final do curso, quando comparadas com aquelas do início, tenham sido mais centradas no paciente para a amostra total (p= 0,000), quando se analisaram separadamenteestudantes homens e mulheres, esta diferença ocorreu apenas para os homens ( p=0,001) e não para as mulheres (p=0,104). A análise das sub-escalas de compartilhamento do poder e de cuidado mostrou mudança de atitude no decorrer do curso, para atitude mais centrada nopaciente ao final, apenas para a sub-escala de poder (p= 0,000). Renda familiar mostrou associação inversa com atitude centrada no paciente (p=0,018), enquanto a opção por especialidades de cuidado básico após a formatura se relacionou com atitudes mais centradasno paciente (p=0,013). Para estudos futuros serão interessantes principalmente a avaliação de comportamento e não apenas de atitude a respeito da relação médico-paciente, a busca de explicações para a evolução relacionada ao gênero, assim como para a interferência da renda familiar. O estudo do tema em outras escolas médicas do Brasil poderá ainda trazer informações sobre a influência de aspectos culturais e aspectos relacionados ao currículo sobre a atitude do estudante a respeito da relação médico-paciente.
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Este é um estudo transversal que teve como objetivo avaliar a atitude do estudante de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais a respeito da relação médico-paciente, se centrada no médico e na doença ou no paciente, e sua evolução no decorrer do curso médico. Objetivou ainda verificar alguns fatores sóciodemográficos, que de acordo com a literatura, poderiam estar envolvidos com essa atitude. Para isso foram utilizados a escala PPOS ou escala de orientação médico-paciente, traduzida do inglês, e um questionário com variáveis sócio-demográficas. Foram escolhidos para participar do estudo os estudantes matriculados no primeiro, quinto, sétimo, nono, décimo edécimo segundo períodos do curso em agosto de 2004 e presentes à aula no dia da aplicação do questionário. Do total de 958 estudantes matriculados nesses períodos, aproximadamente 800 estavam presentes no momento da avaliação, e 738 responderam ao questionário e à escala. Os resultados mostraram atitudes mais centradas no paciente para as estudantes do sexo feminino do que para os estudantes do sexo masculino no início do curso médico(p= 0,000); mas, ao final do curso, esta diferença deixou de existir (p=0,14). Embora as atitudes ao final do curso, quando comparadas com aquelas do início, tenham sido mais centradas no paciente para a amostra total (p= 0,000), quando se analisaram separadamenteestudantes homens e mulheres, esta diferença ocorreu apenas para os homens ( p=0,001) e não para as mulheres (p=0,104). A análise das sub-escalas de compartilhamento do poder e de cuidado mostrou mudança de atitude no decorrer do curso, para atitude mais centrada nopaciente ao final, apenas para a sub-escala de poder (p= 0,000). Renda familiar mostrou associação inversa com atitude centrada no paciente (p=0,018), enquanto a opção por especialidades de cuidado básico após a formatura se relacionou com atitudes mais centradasno paciente (p=0,013). Para estudos futuros serão interessantes principalmente a avaliação de comportamento e não apenas de atitude a respeito da relação médico-paciente, a busca de explicações para a evolução relacionada ao gênero, assim como para a interferência da renda familiar. O estudo do tema em outras escolas médicas do Brasil poderá ainda trazer informações sobre a influência de aspectos culturais e aspectos relacionados ao currículo sobre a atitude do estudante a respeito da relação médico-paciente.The doctor-patient relationship is fundamental to medical care and affects patients psychological, social and biological outcomes. Patient-centered care is an important aspect of the doctor-patient relationship and it takes into account patients preferences, concerns andemotions. Its importance has been recognized by many educators, who emphasize the need for teaching communication skills, humanistic attitudes and behaviors, and ethical and professional values to medical students. The objectives of this study were to examine theattitudes of medical students towards the doctor-patient relationship at medical school of Universidade Federal de Minas Gerais, to describe and quantify the change in these attitudes among students in different years of medical school and to identify factors associated withpatient or doctor-centered attitudes. The Patient-Practitioner Orientation Scale (PPOS), a previously validated instrument used to measure individuals attitudes toward doctor-patient relationship was translated into Portuguese and a socio-demographic questionnaire wascreated. These two instruments were used to survey approximately 800 students in the first, fifth, seventh, ninth, tenth and twelfth semesters of medical school. A total of 738 students (>90%) completed data collection. For the entire cohort, female gender (p=0.000), later semester in medical school (p=0.000), primary-care specialty choice (p=0.013) and lowerfamilial income (p=0.018) were significantly associated with more patient-centered attitudes. Among first semester students only female gender was associated with more patient-centered attitudes. Sharing sub-scores (focusing on power and control) were significantly more patientcentered for twelfth semester male students than for first semester males (p=0.000), but not for female students (p=0.157). Caring sub-scores (focusing on the value of warmth and support) did not change with the years of school. The small increase in patient-centered attitudes among male students and lack of change among female students needs the attention of medical educators and administrators. These results can stimulate the assessment of students attitudes toward the doctor-patient relationship at other Brazilian medical schools, and it would be possible to identify the association between patient-centeredness and thefocus of different curricula. Communication skills need to be taught and the provision of patient care needs to be critically examined by teachers and students aiming to change attitudes toward the doctor-patient relationship to be more patient-centered attitudes.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEstudantes de medicinaEnsinoEducação médicaMedicina clínicaRelações médico-pacientePrática profissionalEstudos transversaisCurrículoAtitudeAtitude do pessoal de saúdeClinica médicaAvaliação da atitude do estudante de medicina da UniversidadeFederal de Minas Gerais, a respeito da relação médico-paciente, nodecorrer do curso médicoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALmaria_m_nica_freitas_ribeiro.pdfapplication/pdf476962https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-74TGLV/1/maria_m_nica_freitas_ribeiro.pdf937119e239637a40e4fce3285222496dMD51TEXTmaria_m_nica_freitas_ribeiro.pdf.txtmaria_m_nica_freitas_ribeiro.pdf.txtExtracted texttext/plain229874https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-74TGLV/2/maria_m_nica_freitas_ribeiro.pdf.txt80a872416da58540c823a4a427581cacMD521843/ECJS-74TGLV2019-11-14 14:51:16.116oai:repositorio.ufmg.br:1843/ECJS-74TGLVRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T17:51:16Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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