A formação do leitor/produtor mediador-cartográfico

• Autor(a) principal: Daniel Cardoso Alves
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/54076; https://orcid.org/0000-0002-1597-5180
• topic: Leitor/produtor mediador; Linguagem cartográfica; Mapa temático; Formação; Novos estudos do letramento; Educação; Mapas temáticos; Cartografia - Estudo e ensino; Geografia - Estudo e ensino; Professores - Formação; Letramento; Leitores - Formação

Esta tese tem como objetivo geral compreender a formação do leitor/produtor mediador-cartográfico (LPMC) por meio da captaçãodas práticas de leitura e produção do mapa temático situadas nos contextos formativos dos acadêmicos de Geografia e Pedagogia da UFMG. O quadro teórico estabelece um diálogo entre a linguagem cartográfica (LC) e os Novos Estudos do Letramento (NEL), com enfoque nas discussões sobre multimodalidade e multiletramentos presentes nos estudos do Grupo de Nova Londres. Ante a ideia de que o estado ou a condição de leitor/produtor do mapa temático pressupõe o estado ou a condição de mediador-cartográfico desse gênero do discurso geográfico, busca-se encontrar respostas, sem desconsiderar outras e novas perguntas, para o seguinte questionamento central: como se constitui o leitor/produtor mediador-cartográfico? Assume-se que o mapa temático é, desde a sua definição, um gênero implicado com as discussões da multimodalidade e dos multiletramentos que são mobilizados no seu saber-fazer. Foi adotada uma abordagem qualitativa dialogada com a abordagem interativa-responsiva, típica em pesquisas com viés etnográfico, utilizando-se como procedimentos a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Esse terceiro procedimento viabilizou a realização de observações no ensino remoto, em contexto pandêmico, envolvendo 30 sujeitos, que também foram entrevistados. O corpus analítico constitui-se das disciplinas Cartografia (CRT) e Cartografia Digital (CD), pertencentes ao curso de Geografia, e Fundamentos de Metodologia do Ensino de Geografia (FMEG), integrante do curso de Pedagogia. As categorias de análise foram organizadas em três dimensões formativas (pandêmica, cartográfica e conceitual), que permitiram problematizar a formação dos profissionais implicados com a linguagem cartográficasegundo as discussões propiciadas pela expressão concebida no estudo, e conforme o entendimento de que a geograficidade social perpassa por profissionais que se constituam como leitor/produtor mediador-cartográfico. Os resultados revelam que os cenários formativos investigados têm se desviado, de algum modo, da formação desse tipo específico de leitor e que, com base nas práticas captadas nas disciplinas observadas, predominam dois modelos de letramentos. Um, em relação às disciplinas CRT e CD, restrito à reprodução de modos de produção do mapa temático com os usos de plataformas, sistemas padronizados e apartado da discussão geográfica crítica. Outro, em relação à FMEG que, apesar de sustentado em uma visão crítica dos fenômenos geográficos, despiu-se de uma abordagem reflexiva, e mesmo técnica, do gênero discursivo mapa temático. Ressalvado o contexto de ensino em tempos de pandemia, não foram observadas situações em que se propôs explicitamente a leitura do mapa temático, ao passo que foram constatadas abordagens para a sua produção. Poucas, também, foram as relações evidenciadas entre as abordagens da linguagem cartográfica e dos Novos Estudos do Letramento, em especial as discussões sobre multimodalidade e multiletramentos. Esses achados parecem caminhar em sentido contrário à problematização da autoria e à produção de novos sentidos e usos do mapa temático num momento em que a produção e a circulação de mapas na sociedade passam por novas regras e modos de fazer, próprios das necessidades contemporâneas e dos novos contextos de letramentos, sobretudo em um contexto de vida marcado pelo traço da cultura digital.