Protocolo de assistência ventilatória mecânica em pacientes com neoplasias oncohematológicas e insuficiência respiratória aguda

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lidia Miranda Barreto Mourao
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B94ES2
Resumo: Introdução: A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é uma das principais causas de transferência de pacientes oncohematológicos para unidades de terapia intensiva (UTI). Como em outros grupos de pacientes, a ventilação mecânica não invasiva (VMNI) vem mudando os desfechos relacionados à evolução da disfunção respiratória e a condução do tratamento clínico nessa população. Contudo, os preditores de sucesso ou falha da VMNI nesses pacientes não estão bem definidos. Além disso, há dúvidas se a associação do insucesso na VMNI com piores desfechos ocorre independentemente da maior gravidade observada nos pacientes que falham nessa modalidade de assistência ventilatória. Objetivo: Propor e avaliar a performance de um protocolo de assistência ventilatória em pacientes oncohematológicos admitidos na UTI com disfunção respiratória aguda. Métodos: Estudo de intervenção para testar protocolo baseado no índice de oxigenação (IO) como principal ferramenta de decisão para a modalidade de assistência ventilatória em pacientes portadores de neoplasias hematológicas admitidos em UTI. À admissão, de acordo com o IO, o paciente poderia receber oxigenoterapia suplementar (fluxo definido conforme a demanda do paciente), VMNI ou ventilação mecânica invasiva (VMI). O recrutamento de pacientes foi realizado em uma UTI de um hospital universitário entre janeiro/2015 a janeiro/2018. Dados clínicos, demográficos, laboratoriais e escores de gravidade foram coletados à admissão e acompanhados durante a internação. Foram avaliadas as características associadas à falha na VMNI, além da associação da falha a essa modalidade de suporte ventilatório com desfechos clínicos relevantes, quais seja, tempo de internação e mortalidade. Resultados: Ao todo, foram incluídos 82 pacientes, com idade média de 52,1±16 anos, e 44(53,6%) eram do sexo masculino. À inclusão no estudo, seis pacientes (7,3%) receberam VMI, 59 (89,7%) receberam VMNI e 17 (20,7%) receberam oxigenoterapia. A mortalidade na UTI foi mais elevada no grupo inicialmente submetido à intubação e VMI (83,3%) do que nos grupos VMNI inicial (49,2%) e oxigenoterapia (5,9%) (p<0,001). Não houve diferença significativa entre os grupos quando consideradas a mortalidade hospitalar (p=0,326) e ambulatorial (p=0,284). Não houve diferença estatisticamente significativa dos níveis séricos deNT-proBNP entre os três grupos estudados (p=0,711).Quando considerado somente o subgrupo submetido à VMNI (n=59), não houve diferença dos níveis séricos deNTproBNP entre os pacientes que falharam ou obtiveram sucesso nesse modo de assistência ventilatória (p=0,516). Dos 59 pacientes que receberam VMNI inicialmente, 30 (50,8%) falharam a este suporte ventilatório e foram intubados: 23 pacientes (76,6%) falharam nas primeiras 12 horas, cinco pacientes (16,7%) entre 12 e 24 horas e dois pacientes (6,7%) após as 24 horas de admissão. Os pacientes que falharam na VMNI utilizaram vasopressores com maior frequência (90% vs 27,5%, p<0,001) e o uso de vasopressores manteve-se independentemente associado à falha na VMNI em análise multivariada (p<0,001; OR:1,95, IC95%:1,61-2,36) ajustado para variáveis sepse a admissão, SOFA, proteína C reativa (PCR) e frequência respiratória (FR) à admissão.Falha na VMNI associou-se com mortalidade na UTI (p<0,001, OR: 1,62, IC95%:0,49-0,77),após ajustada para uso de vasopressores, sepse a admissão, lactato à admissão, índice de oxigenação (IO), e FRà admissão. Da mesma forma, a mortalidade no hospital mostrou-se mais elevada entre pacientes que falharam (p=0,049, OR:1,29,IC95%:0,610,99), ajustada para lactato, IO e FR. A sobrevida em 12 meses foi mais elevada entre os pacientes que tiveram sucesso quando comparados aos que falharam na VMNI (p<0,001, OR: 1,32, IC95%: 0,74-0,98) após ajustada para IO e FR. Conclusão: A performance do protocolo proposto foi satisfatória, com redução absoluta da frequência de falha em 18% (50,8%) em relação aos controles históricos da unidade (68,4%).Falha na VMNI foi independentemente associada a pior prognóstico, inclusive no longo prazo. Algumas variáveis presentes na admissão e observadas durante internação o uso de vasopressores, podem ser úteis para prever falhas a este suporte durante a condução clínica do paciente. A identificação dosbons candidatos para a VMNI entre pacientes onco-hematológicos com disfunção respiratória aguda é de extrema importância para evitar atrasos inadequados na intubação.
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Objetivo: Propor e avaliar a performance de um protocolo de assistência ventilatória em pacientes oncohematológicos admitidos na UTI com disfunção respiratória aguda. Métodos: Estudo de intervenção para testar protocolo baseado no índice de oxigenação (IO) como principal ferramenta de decisão para a modalidade de assistência ventilatória em pacientes portadores de neoplasias hematológicas admitidos em UTI. À admissão, de acordo com o IO, o paciente poderia receber oxigenoterapia suplementar (fluxo definido conforme a demanda do paciente), VMNI ou ventilação mecânica invasiva (VMI). O recrutamento de pacientes foi realizado em uma UTI de um hospital universitário entre janeiro/2015 a janeiro/2018. Dados clínicos, demográficos, laboratoriais e escores de gravidade foram coletados à admissão e acompanhados durante a internação. Foram avaliadas as características associadas à falha na VMNI, além da associação da falha a essa modalidade de suporte ventilatório com desfechos clínicos relevantes, quais seja, tempo de internação e mortalidade. Resultados: Ao todo, foram incluídos 82 pacientes, com idade média de 52,1±16 anos, e 44(53,6%) eram do sexo masculino. À inclusão no estudo, seis pacientes (7,3%) receberam VMI, 59 (89,7%) receberam VMNI e 17 (20,7%) receberam oxigenoterapia. A mortalidade na UTI foi mais elevada no grupo inicialmente submetido à intubação e VMI (83,3%) do que nos grupos VMNI inicial (49,2%) e oxigenoterapia (5,9%) (p<0,001). Não houve diferença significativa entre os grupos quando consideradas a mortalidade hospitalar (p=0,326) e ambulatorial (p=0,284). Não houve diferença estatisticamente significativa dos níveis séricos deNT-proBNP entre os três grupos estudados (p=0,711).Quando considerado somente o subgrupo submetido à VMNI (n=59), não houve diferença dos níveis séricos deNTproBNP entre os pacientes que falharam ou obtiveram sucesso nesse modo de assistência ventilatória (p=0,516). Dos 59 pacientes que receberam VMNI inicialmente, 30 (50,8%) falharam a este suporte ventilatório e foram intubados: 23 pacientes (76,6%) falharam nas primeiras 12 horas, cinco pacientes (16,7%) entre 12 e 24 horas e dois pacientes (6,7%) após as 24 horas de admissão. Os pacientes que falharam na VMNI utilizaram vasopressores com maior frequência (90% vs 27,5%, p<0,001) e o uso de vasopressores manteve-se independentemente associado à falha na VMNI em análise multivariada (p<0,001; OR:1,95, IC95%:1,61-2,36) ajustado para variáveis sepse a admissão, SOFA, proteína C reativa (PCR) e frequência respiratória (FR) à admissão.Falha na VMNI associou-se com mortalidade na UTI (p<0,001, OR: 1,62, IC95%:0,49-0,77),após ajustada para uso de vasopressores, sepse a admissão, lactato à admissão, índice de oxigenação (IO), e FRà admissão. Da mesma forma, a mortalidade no hospital mostrou-se mais elevada entre pacientes que falharam (p=0,049, OR:1,29,IC95%:0,610,99), ajustada para lactato, IO e FR. A sobrevida em 12 meses foi mais elevada entre os pacientes que tiveram sucesso quando comparados aos que falharam na VMNI (p<0,001, OR: 1,32, IC95%: 0,74-0,98) após ajustada para IO e FR. Conclusão: A performance do protocolo proposto foi satisfatória, com redução absoluta da frequência de falha em 18% (50,8%) em relação aos controles históricos da unidade (68,4%).Falha na VMNI foi independentemente associada a pior prognóstico, inclusive no longo prazo. Algumas variáveis presentes na admissão e observadas durante internação o uso de vasopressores, podem ser úteis para prever falhas a este suporte durante a condução clínica do paciente. A identificação dosbons candidatos para a VMNI entre pacientes onco-hematológicos com disfunção respiratória aguda é de extrema importância para evitar atrasos inadequados na intubação.Introduction: Acute respiratory failure (ARF) is one of the main causes of transference of oncohaematological patients to intensive care units (ICUs). As in other patient groups, noninvasive mechanical ventilation (NIMV) has been changing the outcomes related to the evolution of respiratory dysfunction and conduction of clinical treatment in this population. However, the predictors of NIMV success or failure in these patients are not well defined. In addition, there is doubt whether the association of failure with NIMV with worse outcomes occurs independently of the greater severity observed in patients who fail in this mode of ventilatory assistance. Objective: To propose and evaluate the performance of a ventilatory assistance protocol in oncohematologic patients admitted to the ICU with acute respiratory dysfunction. Methods: intervention study to test the oxygenation index based protocol (OI) as the main decision-making tool for the mode of mechanical ventilation in patients with hematologic malignancies admitted in ICU. On admission, according to the OI, the patient may receive supplemental oxygen (flow set according to the demand of the patient), or NIMV invasive mechanical ventilation (IMV). Patient recruitment was performed in an ICU of a university hospital from January / 2015 to January / 2018. Clinical, demographic, laboratory and severity scores were collected on admission and monitored during hospitalization. The characteristics associated with NIMV failure were evaluated, as well as the association of failure to this mode of ventilatory support with relevant clinical outcomes, such as length of hospital stay and mortality. Results: A total of 82 patients were included, mean age 52.1 ± 16 years, and 44 (53.6%) were male. At inclusion in the study, six patients (7.3%) received IMV, 59 (89.7%) received NIMV and 17 (20.7%) received oxygen therapy. The ICU mortality was higher in the group initially undergoing intubation and IMV (83.3%) than the initial NIMV group (49.2%) and oxygen (5.9%) (p <0.001). There was no significant difference between groups when hospital mortality (p = 0.326) and outpatient mortality (p = 0.284) were considered. There was no statistically significant difference in NT-pro BNP serum levels among the three groups studied (p = 0.711). When considering only the subgroup under NIMV (n = 59), there was no difference in NT-pro BNP serum levels among patients who failed or were successful in this mode of ventilatory care (p = 0.516). Of the 59 patients initially receiving NIMV, 30 (50.8%) failed this ventilatory support and were intubated: 23 patients (76.6%) failed in the first 12 hours, five patients (16.7%) between 12 and 24 hours and two patients (6.7%) after 24 hours of admission. Patients who failed on NIMV used vasopressors more frequently (90% vs 27.5%, p <0.001); the use of vasopressors was independently associated with failure of NIMV in multivariate analysis (p <0.001; OR: 1.95, 95% CI: 1.61-2.36) adjusted for variables sepsis on admission, SOFA, C-reactive protein (P <0.001, OR: 1.62, 95% CI: 0.49-0.77), after adjusting for use in the intensive care unit (ICU). vasopressors, sepsis on admission, lactate on admission, oxygenation index (OI), and respiratory rate (RR) on admission. In the same way, hospital mortality was higher among patients who failed (p = 0.049, OR: 1.29, 95% CI: 0.61-0.99), adjusted for lactate, OI and RR. Survival at 12 months was higher among patients who were successful than those who failed at NIMV (p <0.001, OR: 1.32, 95% CI: 0.74-0.98) after adjusting for OI and RR. Conclusion: The performance of the proposed protocol was satisfactory, with an absolute reduction of the frequency of failure by 18% (50.8%) in relation to the historical controls of the unit (68.4%) to long term. Some variables present at admission and observed during hospitalization the use of vasopressors may be useful to predict failures to this support during the clinical conduction of the patient. The identification of the good candidates for NIMV among onco-hematologic patients with acute respiratory dysfunction is of extreme importance to avoid inadequate delays in intubation.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGInsuficiência RespiratóriaMedicinaVentilação não InvasivaDoenças HematológicasRespiração ArtificialVentilação MecânicaUnidade de Terapia IntensivaInsuficiência RespiratóriaVentilação não InvasivaDoenças HematológicasProtocolo de assistência ventilatória mecânica em pacientes com neoplasias oncohematológicas e insuficiência respiratória agudainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL3___tese_lidia_mourao.pdfapplication/pdf7421630https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B94ES2/1/3___tese_lidia_mourao.pdf2911aa434736880e87f2da3714efb52cMD51TEXT3___tese_lidia_mourao.pdf.txt3___tese_lidia_mourao.pdf.txtExtracted texttext/plain227737https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B94ES2/2/3___tese_lidia_mourao.pdf.txt484dbbc215ce835a244ccdd8e1c0ed46MD521843/BUOS-B94ES22019-11-14 18:24:44.761oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B94ES2Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T21:24:44Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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