Características corporais, adiposidade, morfometria radiológica do casco e avaliação radiográfica e ultrassonográfica do boleto de equinos Mangalarga Marchador de alto desempenho

• Autor(a) principal: Jéssica Fontana de Magalhães
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/57201; https://orcid.org/0000-0002-7081-2843
• topic: Mangalarga Marchador; Equino; Ciência animal

O objetivo foi avaliar a prevalência de alterações no posicionamento da falange distal e de lesões da articulação e do ligamento suspensor do boleto (LSB) e suas correlações e associações com características corporais, graus de adiposidade e variáveis morfométricas do casco de equinos Mangalarga Marchador (MM) de alto desempenho. Para tanto, foram colhidas informações sobre as características corporais, adiposidade, morfometria radiológica do casco e avaliação radiográfica da articulação metacarpofalangeana e ultrasonográfica do LSB de equinos apresentados nas exposições nacionais do MM nos anos de 2011, 2017 e 2018. A grande maioria dos animais apresentou sinais de adiposidade excessiva (82%) e deposição excessiva de tecido adiposo na região da crista do pescoço (89,74%), características historicamente relacionadas a doenças de desenvolvimento, desregulação insulínica e laminite. A maioria também apresentou cascos torácicos com pinça longa, suporte de carga excessivamente dorsal, eixo podofalangeano quebrado para trás e talões escorridos. Foram detectadas várias lesões na articulação e no LSB, com marcada prevalência de dilatação de canalículos (78%) e irregularidades nas bordas dos sesamoides proximais (72,2%), lesões nos ramos (82,8%) e na origem (44,9%) do ligamento suspensor do boleto e osteófitos dorsais na falange proximal (47,7%), condizentes com sesamoidite, desmites proximal e nos ramos e osteoartrite, respectivamente. Comparando-se as variáveis, observou-se correlação e associação do aumento da adiposidade com maior afastamento entre estojo córneo e falange distal e maior intensidade da presença de osteófitos na articulação do boleto. Equinos MM com adiposidade cervical evidente apresentaram 1,4 vezes mais prevalência (P=0,008) de afundamento da falange distal e 1,6 vezes mais (P=0,002) de osteófitos no boleto. Relações semelhantes foram verificadas entre distorções de casco condizentes com a prática de deixar a pinça longa e lesões no LSB. Equinos MM com talões escorridos tiveram 1,6 vezes mais prevalência de desmite proximal (P=0,001) e aqueles com eixo podofalângico quebrado para trás tiveram 1,9 vezes mais prevalência de desmite grave do ramo medial do suspensor do boleto (P=0,005). Entre os anos de 2011 e 2017/2018, apesar de não ter se observado redução nos níveis de adiposidade, houve uma redução nas medidas de variáveis indicadoras de laminite e uma melhora em alguns parâmetros de conformação de casco, indicando melhora nas condições de casqueamento e ferrageamento. Esses achados corroboram com a hipótese de que a obesidade e as práticas inadequadas de casqueamento e ferrageamento promovem alterações condizentes com desenvolvimento de laminite do tipo endocrinopática, distorções do estojo córneo do casco e trauma na articulação e no ligamento suspensor do boleto, sendo esse conjunto lesões de alto potencial para impedir qualquer tipo de atividade atlética e comprometer sensivelmente a sanidade e o bem-estar em equinos MM de alto desempenho.